08 Novembro 2024
"Definitivamente não veremos uma mudança substancial do presidente Donald Trump. Esse tipo de postura que ele traz em 2024, depois de ser eleito, tem a ver com uma posição favorável que ele vive neste momento", afirma o professor da Temple University.
A reportagem é de Daniella Franco, publicada por RFI, 07-11-2024.
O bilionário foi eleito com 50,8% dos votos populares contra 47,5% para sua rival, a democrata Kamala Harris, um número superior ao apontado pelas pesquisas. No total, Trump conquistou 295 delegados do total de 538 do Colégio Eleitoral americano. Além disso, o Partido Republicano retomou o controle do Senado e manteve também o domínio da Câmara de Representantes.
"É muito fácil falar em união quando você tem uma maioria que lhe favorece no Congresso e sobretudo na Suprema Corte americana", observa Martins. O cenário favorece a imposição da agenda do republicano, que promete colocar em prática políticas de extrema direita.
O professor destaca que Trump ainda terá a possibilidade de indicar dois novos juízes, "com certeza conservadores", endurecendo ainda mais este posicionamento no mais alto tribunal dos Estados Unidos.
Além da imigração, outra questão que dominou a campanha eleitoral foram os direitos reprodutivos. Harris havia prometido que se fosse eleita trabalharia para que o direito ao aborto se tornasse lei.
Em 2022, a Suprema Corte americana revogou o decreto Roe vs Wade, de 1973, que permitia que mulheres interrompessem gestações indesejadas nos Estados Unidos. A decisão só foi possível graças a três juízes conservadores nomeados para o mais alto tribunal do país na época do primeiro governo Trump.
Com o republicano voltando ao poder, a proibição será mantida e a decisão continuará nas mãos dos governos regionais. "Imagina-se que estados democratas, ligados a políticas mais progressistas, tomarão decisões muito mais abertas neste sentido, e que estados republicanos, principalmente os administrados por conservadores, seguirão essa política de Donald Trump", prevê Martins.
Junto com as eleições americanas do último 5 de novembro, eleitores de dez estados americanos também foram consultados sobre a manutenção da proibição ao aborto. Apenas três optaram por manter a restrição: Florida, Nebraska e Carolina do Sul.
Mas além dos direitos reprodutivos, o professor da Temple University também acredita que avanços de políticas públicas em benefício da comunidade LGBTQIA+ americana sejam pausadas durante a nova administração Trump.
No entanto, Martins pondera: "mas é importante destacar que esse cenário de maioria republicana no Congresso é algo que se verificará nos próximos dois anos, lembrando que sempre há eleições de meio mandato e pode ser que isso se altere em 2026".
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Com controle do Congresso e Suprema Corte, Trump não terá dificuldades para impor reformas conservadoras - Instituto Humanitas Unisinos - IHU