26 Agosto 2024
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 25-08-2024.
Breve catequese a de hoje de Francisco no Angelus, onde, glosando as palavras de Pedro a Jesus - "Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna", serviram ao Papa para reconhecer que "também para nós não é fácil seguir o Senhor, mas quanto mais nos aderimos ao evangelho, mais experimentamos a beleza de tê-lo como amigo e de que só ele tem palavras de vida eterna".
Mas se a catequese foi curta, Francisco veio com muitas outras palavras sobre temas muito delicados e urgentes do panorama internacional. Quase sem fôlego, Jorge Mario Bergoglio foi revisando a realidade da República Democrática do Congo, da Nicarágua ou, sem citá-la explicitamente, da proibição por parte da Ucrânia da Igreja Ortodoxa que naquele país mantém sua obediência ao Patriarcado de Moscou.
"Minha solidariedade com as milhares de pessoas afetadas pela varíola dos macacos", começou afirmando o Papa, que teve uma lembrança especial para "a população do Congo, tão afetada por essa doença", da qual há um surto que obrigou a OMS a emitir um alerta internacional.
Nesse sentido, o Papa incentivou os governos internacionais e a indústria farmacêutica "a disponibilizar os tratamentos para que ninguém sofra" dessa doença que está especialmente afetando as crianças.
Após esse pedido, Francisco voltou seu olhar para a América Central. "Ao amado povo da Nicarágua, peço que renovem sua esperança em Jesus. O Espírito sempre guia a história para momentos mais elevados, especialmente no momento da prova. Que a Virgem acompanhe o amado povo da Nicarágua", afirmou o Papa, em um momento em que a repressão contra a Igreja Católica no país pelo governo sandinista de Daniel Ortega está sendo intensificada, com detenções e expulsões de sacerdotes, dos quais se diz que 25% já foram afetados.
"Sigo com dor os combates na Ucrânia e na direção da Rússia. Surgem temores sobre a liberdade de quem reza. Quem reza não comete nenhum mal, ninguém pode ter cometido um mal por ter rezado. Por favor, que não seja abolida, direta ou indiretamente, nenhuma Igreja cristã", destacou, no que foi interpretado como uma posição após a recente lei na Ucrânia que proíbe as atividades da Igreja Ortodoxa Russa em seu território, e pode ser uma resposta à demanda que o patriarca Kirill fez aos líderes religiosos mundiais para se manifestarem sobre esse assunto.
E, como é costume, o Papa terminou sua alocução pedindo que "continuemos rezando para que tantas guerras sejam encerradas". Finalmente, ele não tirou, como em outras ocasiões, um papelzinho dobrado do bolso para ler os nomes de aproximadamente uma dúzia de cardeais que planeja criar e que se espera que seja antes de iniciar sua viagem à Ásia e Oceania, que começa no próximo dia 2 de setembro. Será, então, no ângelus do próximo dia 1º de setembro?
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"Quem reza não comete nenhum mal": Francisco pede "que não seja abolida" nenhuma Igreja cristã, em alusão à lei aprovada na Ucrânia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU