Condições favoráveis à ocorrência de fogo se intensificam em todo o planeta; eventos são mais violentos, frequentes e atingem áreas maiores, indica novo balanço anual.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 16-08-2024.
Publicado na Earth System Science Data na 4ª feira (14/8), o 1º relatório State of Wildfires faz um balanço dos incêndios florestais no mundo entre 2023 e 2024. O estudo mostra alterações de comportamento nas queimadas sob influência das mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas. A Amazônia é uma das regiões do planeta que mais sofreram impactos significativos nesse sentido.
De acordo com o documento, as mudanças climáticas aumentaram em até 20 vezes as chances de ocorrência de condições favoráveis para incêndios florestais sem precedentes na Amazônia Ocidental entre março de 2023 e fevereiro de 2024, destaca o UOL. Apenas no estado do Amazonas, o fogo vem se alastrando por áreas antes não atingidas, aumentando seu raio de atuação em 200% desde 2002, explica o Um só planeta.
A equipe de 44 pesquisadores aponta que o fogo ficou mais violento em todo o planeta. Apesar da área global queimada ter sido próxima à média de anos anteriores – cerca de 3,9 milhões de km2, quase 60% de todo o território amazônico –, as emissões por incêndios ficaram 16% acima da média. Foram 8,6 bilhões de toneladas de CO2 – quase quatro vezes as emissões anuais brasileiras, incluindo todos os setores, como transportes e indústria.
Na Amazônia, a probabilidade atual de eventos de fogo e seca como os de setembro a outubro de 2023 é de cerca de uma a cada seis anos (16%), mostra o relatório. Em um cenário em que as emissões de gases estufa permaneçam altas no planeta, essa chance aumenta para 21% até a década de 2090.
“É virtualmente certo que a força climática total aumentou a área queimada na Amazônia Ocidental em até 49,7%, e muito provavelmente que fatores socioeconômicos exacerbaram o aumento”, aponta o estudo. Ainda segundo a pesquisa, a temporada de incêndios na região foi impulsionada por secas prolongadas, mas ações antrópicas, como desmatamento, agricultura e fragmentação de paisagens naturais, também tiveram influência.
Se o período analisado pelo documento já foi muito ruim, tudo leva a crer que o próximo State of Wildfires – o relatório será publicado anualmente – será ainda pior, pelo menos em relação ao Brasil. Afinal, os indicadores de incêndios tanto na Amazônia como no Pantanal vêm batendo recordes neste ano.
Somente no Amazonas foram registrados 3.968 focos de calor nos primeiros 13 dias de agosto, com maior concentração no sul do estado, informam Agência Cenarium e Amazônia Real. A título de comparação, em agosto de 2023 foram registrados 1.220 focos.
Segundo o presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), Juliano Valente, 80% dos incêndios no estado são causados por ações criminosas, relacionadas à agricultura e à grilagem. Municípios como Autazes, Apuí e Novo Aripuanã estão entre os mais afetados. Até o momento, três pessoas já foram presas em flagrante por crimes ambientais.
O governador amazonense, Wilson Lima, anunciou um reajuste de 55% nas diárias dos servidores que estão combatendo queimadas no estado, a contratação imediata de mais 85 brigadistas e a convocação de 200 bombeiros em treinamento para combater incêndios florestais, relatam Amazonas Atual e BNC Amazonas. Os novos brigadistas e os bombeiros irão se juntar aos 365 servidores estaduais que já estão atuando no combate ao fogo.
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Mudanças climáticas aumentam chance de incêndio florestal em 20 vezes na Amazônia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU