26 Junho 2024
Governo do Amazonas espera que impactos da estiagem já sejam sentidos a partir do início de julho e prevê que 150 mil famílias serão afetadas.
A informação é publicada por ClimaInfo, 26-06-2024.
A baixa nos rios da Amazônia já dá o tom do que deverá ser a seca na região neste ano, chamando atenção por se adiantar em 30 dias – será sentida a partir de julho – e com possibilidade de ser pior do que a de 2023. Somente no Amazonas, a previsão da Defesa Civil do estado é que 150 mil famílias sejam afetadas este ano. Pelo menos 30 secretarias e órgãos estaduais amazonenses se reuniram na 5ª feira (20/6) para discutir ações de enfrentamento à estiagem e combate às queimadas, destaca o Um só planeta.
O aumento dos focos de incêndio é uma das consequências do menor volume de chuvas na região. Segundo o Painel de Queimadas do Governo do Amazonas, até 19 de junho foram registrados 539 focos – um aumento de 140% em relação a igual período de 2023.
Outra preocupação é a disponibilidade de água. A Defesa Civil amazonense instalou 42 estações de tratamento este ano. E a Companhia de Saneamento do Amazonas prevê a implantação de outras 20 até o final de setembro.
Em outra frente, o governo federal destinou R$ 505 milhões para recuperar a capacidade de navegação dos rios Amazonas e Solimões, aponta a CNN Brasil. O investimento deve garantir a navegabilidade para a população e o escoamento de produtos e insumos do pólo industrial de Manaus.
Em Porto Velho (RO), o rio Madeira secou quase 3 m em 15 dias e fez com que a Defesa Civil da cidade decretasse “cota de alerta”, informa o g1. O nível do curso d’água caiu de 8,23 metros (1º de junho) para 4,15 metros em 19 de junho – a menor cota de 2024.
Seca no Amazonas (Foto: Divulgação/Observatório do Clima)
No mesmo período em 2023 o Madeira estava 4 metros acima dessa marca. A média para o mês é de 7 a 8 metros. Especialistas calculam que o ápice da estiagem seja em agosto e setembro.
O g1 também repercutiu a situação da bacia do rio Acre, que está em alerta máximo para seca. Apenas uma cidade do estado, Assis Brasil, registrou aumento do nível do manancial na semana passada, enquanto em Rio Branco houve estabilidade. Nas demais cidades houve diminuição.
A quantidade de chuvas no Acre está muito abaixo do habitual. O acumulado de chuvas no mês até 5ª feira em Rio Branco foi de 0,80 mm, e o esperado é 60 mm. Por isso, a Defesa Civil adiantou o plano de abastecimento de água em comunidades rurais, que se inicia, normalmente, em julho.
A seca na Amazônia não afeta apenas a região Norte – é um risco para todo o país. A Amazônia é uma exportadora de umidade, mas com a estiagem, está ajudando a secar outras regiões, como o Pantanal.
O g1 destaca dados do CEMADEN: em junho de 2023, quando a seca amazônica ganhou força, havia uma cidade sob seca extrema em todo o território nacional, e agora são 82. Outros 44 municípios tinham sido classificados como em estado de seca severa. Hoje são 735.
Leia mais
- Rio em fluxo: o impacto das mudanças do clima na Amazônia
- Na Amazônia, mais de 100 botos morrem por causa da seca extrema
- Amazônia: As populações de boto e tucuxi estão caindo pela metade a cada década
- Aquecimento das águas do Pacífico e do Atlântico agravam seca na Amazônia
- Como a ciência explica a seca histórica na Amazônia
- Amazônia se consolida como o bioma com maior área de pastagem do Brasil
- Seca amazônica “desliga” linhão do Madeira e hidrelétricas e faz governo acionar termelétricas
- Seca na Amazônia faz quarta maior hidrelétrica do país suspender geração de energia
- Na Amazônia, mais de 100 botos morrem por causa da seca extrema
- Seca na Amazônia: a outra face dos eventos climáticos extremos
- Com seca extrema, rio Amazonas deve baixar históricos 8 metros em setembro
- Seca na Amazônia deve deixar meio milhão de pessoas sem água e comida
- Tragédia anunciada: destruição da Amazônia será 'catastrófica', alertam cientistas
- Seca no Amazonas deixa cidades isoladas e com escassez de alimento
- El Niño pode potencializar fogo na Amazônia, alertam cientistas
- El Niño pode ser devastador para a Amazônia, alertam pesquisadores
- ONU (OMM) adverte: ‘O mundo deve se preparar para a chegada de um El Niño com temperaturas recordes’
- “A humanidade abriu as portas do inferno”, alerta António Guterres, secretário-geral da ONU
- El Niño causou a morte de 2,5 bilhões de árvores em apenas 1% da Amazônia
- Aquecimento global: Super El Niño, a perigosa versão do fenômeno climático cada vez mais frequente no Pacífico
- Fim do jogo: Explorando cenários catastróficos do aquecimento global. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
- Aumento da temperatura também aumenta impacto de pesticidas nas abelhas
- Terra atingirá o ponto de inflexão da temperatura nos próximos 20 a 30 anos
- Reverter impactos e riscos do aquecimento global exige mudar trajetória de desenvolvimento
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Seca na Amazônia pode chegar antes do previsto e superar 2023 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU