06 Agosto 2024
"Os americanos estão enviando porta-aviões a uma velocidade vertiginosa, tudo aponta para um conflito total e terrível", escreve Riccardo Cristiano, jornalista, em artigo publicado por Settimana News, 05-08-2024.
Momentos terríveis, especialmente em Israel e Beirute. Os próprios líderes do Irã e dos Pasdaran chegaram ao ponto de chamar de volta o líder do Hezbollah, Hasan Nasrallah, que propôs uma reação cuidadosamente estudada após o bombardeamento israelense do sul de Beirute. Criticaram-no publicamente, dizendo-lhe que devia atacar profundamente, isto é, nas cidades, na infraestrutura israelense. Vindo deles tem o sabor de uma ordem peremptória.
A tensão está nos seus níveis mais elevados, tanto que Israel fez saber que também poderia agir preventivamente. E entretanto comunica aos autarcas as possíveis interrupções de água, luz e serviços.
De qualquer forma, o primeiro alvo a atingir seria o Líbano, com operações em profundidade, ou seja, até Beirute. Essa fronteira é incontrolável e o governo libanês não existe, não se pode sequer dar ao luxo de fingir que quer desenvolver uma política de defesa nacional. O seu exército não tem a menor autoridade sobre o Hezbollah, uma potência militar regional. O Hezbollah não permitirá que ele vá e guarde a fronteira, o que é impensável.
Nesta situação, o que poderia ficar entre os beligerantes e arrefecer a fronteira que está destinada a tornar-se a mais quente do mundo dentro de algumas horas? Os americanos estão enviando porta-aviões a uma velocidade vertiginosa, tudo aponta para um conflito total e terrível. Mas ainda há quem tenha esperança. E por isso jornais importantes, como o libanês L'Orient Le Jour, noticiam rumores de uma missão americana que teria ido ao Irã (por duas horas), para convencê-los a tomar ações menos agressivas, algo nos moldes do que aconteceu em abril.
A voz da delegação não parece plausível (teria entrado da Turquia) mas é oficial que Washington fale do seu “novo compromisso” de defender Israel, como fez em abril e relança a urgência de aderir ao cessar-fogo em Gaza, o única maneira de evitar a escalada. Mas a busca por um mediador permanece. Pensamos na Europa, que, no entanto, não mostra sinais de ativismo.
Assim a libanesa Dania Koleilat Khatib faz a sua proposta às autoridades do seu país – que ela define como completamente ausentes e silenciosas – (a partir das colunas de um jornal saudita): poderia haver um caminho, a Turquia de Erdogan. Inimigos declarados de Israel, os turcos são, no entanto, um país da OTAN, não poderiam atacar Israel se fossem convidados a guardar o lado libanês da fronteira, como fizeram até 2022 dentro do contingente da UNIFIL. E não poderiam ser atacados por Israel, em cujo território não entrariam, se se limitassem à tarefa de uma força de interposição.
A ideia, honestamente, parece improvável precisamente porque os iranianos deixaram Beirute sem sequer um porteiro para apagar a luz quando o primeiro-ministro regressasse a casa; quem poderia dar esse passo? Só existe o Hezbollah no Líbano.
Mas deve notar-se uma coincidência: nestas horas os turcos bloquearam a partida para Gaza da Flotilha da Liberdade, os barcos que deveriam levar ajuda humanitária a Gaza sem a aprovação de Israel. Os organizadores dizem que agora estão resignados, falando da pressão dos países da OTAN. Não digo que seja uma confirmação da possibilidade de um cenário como o apresentado pelo investigador libanês, até porque ninguém desta Beirute ousaria levantar um dedo sem a aprovação de Teerã: talvez seja porque as coisas correm sempre mal para os últimos.
E os libaneses estão agora entre os últimos, mesmo sem a guerra que está prestes a explodir. Mas eles não desistem, isso é certo, nem agora. O Líbano arrisca tudo nesta crise porque é o único país onde a sociedade de convivência poderia recomeçar.
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A guerra está sobre nós. Artigo de Riccardo Cristiano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU