Em Osorno, diocese e capital da província homônima no Chile, onde Dom Juan Barros é bispo desde janeiro de 2015, parece que há grupos de leigos bastante interessados em promover o caos, as divisões e a guerra perene.
O comentário é de Luis Badilla, publicado em Il Sismografo, 07-06-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
No arquipélago dos grupos de leigos que, desde 2015, lutam contra a permanência de Dom Barros, acusado de ter acobertado abusos sexuais de Fernando Karadima – direito sacrossanto a ser reconhecido e respeitado – agora surgiram algumas posições surpreendentes.
Todos os dias, os porta-vozes dos movimentos leigos que querem expressar a própria opinião sobre tudo se multiplicam excessivamente, no limite do ridículo.
Desde que se soube que os dois enviados do Santo Padre, Dom Charles Scicluna e o Mons. Jordi Bertomeu, iriam para a cidade, nos diversos grupos – com siglas, nomes e lideranças diferentes – surgiram pedidos inadmissíveis, francamente insensatos, pois interferem grosseiramente na soberania e na autonomia do papa, além do fato de que não mudam de modo algum os termos das questões em discussão e, obviamente, não ajudam a resolver nenhum problema.
Por enquanto, tem-se a impressão de que, entre esses grupos, desencadeou-se uma corrida pela visibilidade, e que cada um tem algum interesse a defender na perspectiva de uma futura capitalização política.
Assim, não se vai a lugar nenhum, e isso não tem nada a ver com a comunidade eclesial e com a Igreja. São interesses legítimos que, no entanto, não podem se misturar com a vida da comunidade eclesial de Osorno, que, certamente, não se governa com critérios ideológicos ou políticos.
Agora, de acordo com a imprensa local, alguns desses leigos exigem que, nos encontros que os enviados do papa gostariam de organizar, nunca esteja presente o núncio apostólico, Dom Ivo Scapolo. Alguns chegaram até a dizer que, no caso das conversas, não se admitirá nenhuma visibilidade da nunciatura como representação pontifícia.
Por fim, nas últimas horas, também se disse que, para se sentar à mesa com os enviados de Francisco, deve-se respeitar uma condição: que o papa primeiro remova o bispo Barros, para depois se conversar.
O Pe. Peter Kliegel, missionário alemão que vive no Chile há quase 50 anos, vem tentando há dias encontrar uma espécie de mediação que permita se sentar à mesa para falar sem impor condições de qualquer tipo, aliás, desnecessárias. Por enquanto, seus esforços não deram frutos.
As próximas horas são decisivas, mas tudo depende dos grupos leigos de Osorno, certamente não da Santa Sé e dos enviados do Santo Padre.
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Às vésperas da chegada dos enviados papais, crescem as polêmicas, o caos e a divisão em Osorno - Instituto Humanitas Unisinos - IHU