01 Novembro 2023
Especialista do Sínodo sobre a Sinodalidade que acontece em Roma de 4 a 29 de outubro de 2023, o teólogo jesuíta franco-alemão Christoph Theobald analisa o ponto de inflexão que a Igreja Católica está vivendo.
A entrevista é de Marie-Lucile Kubacki, publicada por La Vie, 23-10-2023. A tradução é do Cepat.
Enquanto publicava o livro Un nouveau concile qui ne dit pas son nom? (Um novo concílio que não diz o seu nome?, pela Editora Salvator), Christoph Theobald nos dá as boas-vindas a Roma, em pleno Sínodo sobre a sinodalidade, do qual participa como especialista. Uma oportunidade para discutir o momento presente e o futuro da Igreja.
A crise que a Igreja Católica enfrenta atualmente é uma crise entre outras ou tem algo de específico?
É claro que a Igreja já viveu outras crises: a separação dos dois pulmões entre o Oriente e o Ocidente no século XI, a Reforma no século XVI... O que é particular desta vez é a globalização. Juntamente com a colonização, a Igreja tornou-se uma Igreja global, pela primeira vez, no século XX. Este é um primeiro elemento muito importante, marcado pela emergência da pluralidade cultural e por uma particularização das unidades culturais. Assim, a questão da unidade surge em termos completamente novos.
A crise atual pode ser definida como a sobreposição de duas concepções de Igreja: uma visão muito uniforme em torno de uma doutrina única, de uma liturgia única, de uma teologia moral única, e outra marcada por esta diversificação emergente. O que mais caracteriza esta situação eclesial e esta crise generalizada é a incerteza em relação ao futuro. É por isso que o Papa Francisco não fala de uma época de mudança, mas de uma mudança de época.
Na sua obra, baseada na obra do teólogo Karl Rahner, você evoca a entrada da Igreja numa terceira época.
Com o Vaticano II, começamos a entrar numa terceira fase da história do cristianismo. A primeira foi a do cristianismo nascente, ao redor do Mediterrâneo, marcado pela experiência que os primeiros cristãos fizeram da ressurreição de Jesus e do Pentecostes. A segunda fase iniciou-se no final do século II, quando o cristianismo começou a habitar o mundo mediterrânico e o seu ambiente ainda relativamente próximo e a adotar uma forma ajustada a este conjunto de culturas, mantendo ao mesmo tempo uma certa diversidade interna.
Sem minimizar as subsequentes cesuras históricas, podemos dizer que, preparado pela colonização, o século XX viu a emergência gradual de um cristianismo global num mundo globalizado, marcado pela violência, pelas incertezas e, durante duas décadas, pela transição ecológica. Uma terceira fase começou. Michel de Certeau apelou a uma reinvenção de toda a tradição cristã, com uma nova coerência ecumênica a ser encontrada.
O sínodo é uma tentativa de responder à multipolarização do mundo globalizado?
Certamente, por vários motivos. O sínodo é um órgão representativo de toda a catolicidade, com uma presença que se poderia desejar que fosse maior, de delegados fraternos e representantes de outras confissões cristãs. O mais comovente das celebrações é que todas as Igrejas locais estão presentes, e quando falam bispos, leigos ou religiosos e sacerdotes, ouvimos cada Igreja falar. É um órgão representativo que, sem ter o estatuto jurídico de um concílio, tem um estatuto quase conciliar pela presença de todas as Igrejas e sobretudo pela extensão do questionamento que, como no Vaticano II, diz respeito à figura da Igreja.
Por trás da questão da sua sinodalidade, está de fato o problema da interpretação dos concílios Vaticano I e Vaticano II, mais particularmente da Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a atividade missionária da Igreja; documentos relidos na perspectiva da igualdade batismal de todos os cristãos. É justamente isto que dá a este sínodo uma dimensão conciliar. O fato de a fase de consulta nas paróquias, dioceses, nações, continentes já ter ocorrido sob uma modalidade sinodal mostra que em todos os níveis da Igreja procuramos uma nova forma de chegar a um acordo, de maneira fraterna.
Que consequências concretas esta perspectiva poderia ter na arquitetura da Igreja tal como a conhecemos hoje?
A consequência disto é que as responsabilidades de todos na Igreja devem ser restauradas dentro daquilo que nos é comum: a igualdade batismal. Para a Igreja latina trata-se de rearticular o ensinamento dos últimos concílios: o Vaticano I, que esclareceu as prerrogativas do ministério de Pedro, aquelas do papa, muitas vezes mal interpretadas, de forma exclusiva. O Vaticano II avançou a noção de colegialidade episcopal; a instituição do sínodo por Paulo VI em 1965 é o primeiro fruto desta colegialidade episcopal e da comunhão das Igrejas, definida pelo Vaticano II.
Agora, a novidade que emerge diz respeito ao quadro geral estabelecido pelo capítulo 2 da Constituição Lumen Gentium sobre o Povo de Deus. Se enfatizarmos a igualdade dos batizados, qual é então o lugar dos ministros, bispos e sacerdotes ordenados neste contexto? Não se trata apenas de uma questão de governo. As nossas sociedades baseiam-se em princípios diversos, como a ideia do contrato social, a separação dos poderes, a representação popular e o sistema de votação majoritária.
O princípio da Igreja é diferente: baseia-se numa “convocação”. Ora, esta convocação divina pelo Senhor Jesus no Espírito Santo é simbolizada pelo ministério ordenado. Neste sentido, se o sacerdote apenas dissesse: “O Senhor esteja convosco”, já teria exercido a sua função porque teria convocado a comunidade que não pode se autoconvocar. No entanto, cada sacerdote realiza esta convocação de maneira colegial, fazendo parte de um presbitério, estando o bispo à frente de uma Igreja local. Toda a Igreja está verdadeiramente presente em cada Igreja local. Mas cada Igreja está situada na comunhão de todas as Igrejas, reunidas em torno do sucessor de Pedro, bispo da Igreja de Roma.
Voltando à sua pergunta sobre a arquitetura da Igreja, o Papa Francisco introduz duas novas metáforas para superar o nosso imaginário piramidal, evocando uma pirâmide invertida, onde a cabeça está abaixo do corpo eclesial, porque o ministério está a serviço dos batizados e da missão de toda a Igreja. A outra metáfora que utiliza é a do caminho, no qual o bispo ocupa uma posição móvel, ora encontrando-se no meio do seu povo, ora à frente, ora atrás... Insistir sobre esta mobilidade é decisivo se a Igreja quiser sair de uma forma estática.
O que isso pode mudar na experiência do paroquiano médio?
Permanecemos prisioneiros de uma certa concepção das coisas segundo a qual alguns fazem o trabalho, enquanto outros testemunham o que é posto em prática pelos primeiros. Obviamente, esta imagem é um pouco caricaturada. Existem movimentos, fraternidades de todos os tipos, às vezes pequenas comunidades, e não faltam as iniciativas.
Concretamente, devemos, através de uma pedagogia progressista, ajudar os cristãos a compreender que todos contam na Igreja e que esta não pode viver sem esta ou aquele. Cada cristão tem uma forma pessoal de viver a sua fé, e esta percepção do carisma de cada pessoa, muito presente no Apóstolo Paulo e redescoberta pelo Vaticano II, ainda não foi implementada. Um carisma não é um violino de Ingres. Todo cristão é uma manifestação da graça de Deus com toda a sua existência.
Como podemos ajudar uns aos outros a descobrir isso? A liturgia permanece muito hierárquica e certos espaços poderiam ser abertos a intercâmbios. Algumas dioceses estão tentando criar assembleias paroquiais: estas devem ser necessariamente dirigidas pelo sacerdote? Deixamos realmente espaço para cada pessoa e seu carisma específico? Acreditamos realmente que cada cristão, mesmo cada ser humano, tem um carisma único para usar em benefício de todos, sendo os mais humildes os mais importantes?
De certa forma, trata-se também de nos afastarmos de uma lógica do salve-se quem puder diante da crise vocacional.
Este é o problema básico. Estamos obcecados com a crise. Se, nas Igrejas da Europa, já não encontrarmos pessoas dispostas a dar toda a sua existência pela animação das comunidades, estas Igrejas estarão condenadas a médio ou longo prazo. Então nós as submetemos a uma perfusão. O intercâmbio com outras Igrejas, o envio de sacerdotes estrangeiros em fidei donum é uma bela realidade, mas tem um limite.
O objetivo do ministério pastoral é ter padres para construir comunidades em torno dos poucos padres disponíveis, ou garantir que as comunidades existentes se tornem sujeitos, promovendo a riqueza que já têm à sua disposição? Como pode ocorrer a sinodalidade? O método praticado durante o atual sínodo sobre uma Igreja sinodal, a saber o diálogo no Espírito, é uma bela forma de descobrir as nossas verdadeiras riquezas e os nossos carismas.
Os críticos expressam o medo de que este diálogo no Espírito seja uma forma de se esquivar da tradição e da história da Igreja.
O diálogo no Espírito é antes de tudo uma experiência que consiste em ouvir até o fim cada pessoa sobre questões específicas. Tomemos a questão ecumênica. Na primeira rodada da mesa, todos testemunham a forma como vivem esta realidade, num casamento misto, num grupo de diálogo... Os outros escutam e estão atentos à forma como ressoa neles o que é dito. Na segunda rodada, todos expressam o que ouviram, não a sua opinião pessoal, mas o fruto da sua escuta. Em terceiro lugar, reunimos as ressonâncias e é aí que aparece o argumento, o lado mais intelectual: com os prós e os contras. Pesamos os argumentos.
A partir disso devemos chegar a um acordo sobre o que vamos escrever. Identificamos os pontos que requerem pesquisa mais aprofundada e aqueles em que é possível avançar. Contudo, o diálogo no Espírito não significa que nós ouvimos as mensagens do Espírito! Trata-se de uma escuta “estereofônica”: escutar a Palavra de Deus, a voz de Deus, é ouvir os outros e as ressonâncias que as suas palavras têm em nós, e comparar o que ouvimos com as Escrituras para que em algum momento, talvez, possamos dizer a nós mesmos coletivamente: é nesta direção que a voz de Deus nos chama.
No que diz respeito à Tradição, devemos primeiro definir o termo, tarefa que o Vaticano II cumpriu admiravelmente bem. Quando falamos de tradição, sempre o fazemos no quadro de uma relação e de uma passagem de testemunho: eu transmito o que recebi. O querigma (a proclamação do conteúdo da fé, nota do editor) não é uma abstração, mas uma forma de envolver a própria existência no Espírito e de entregá-la aos outros. Isto fica muito claro na Primeira Carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios: “Eu recebi do Senhor o que lhes transmiti”. Os conteúdos (a Última Ceia, a Ressurreição) situam-se neste jogo de relações entre a recepção e a entrega, ou a transmissão.
Esta visão da Tradição Apostólica foi retomada em diferentes momentos da nossa história por Santo Irineu, pelo Concílio de Trento e pelo Vaticano II... Este último concílio insistiu pela primeira vez nos destinatários da Tradição. Dito de outra forma, não se recebe a tradição da mesma forma no século III, no século XI e no século XX. Ela é recebida de forma diferente em Medellín, em Nova York, em Paris, em Creuse. Na Tradição, existe uma circularidade contínua entre o Evangelho do Senhor Jesus, uma Igreja particular e todas as Igrejas e os destinatários, marcados pela sua cultura. Esta circularidade dá forma à Tradição viva e a constitui.
O dogma oferece marcadores, muitas vezes formulados de forma negativa, porque os concílios foram convocados para responder às heresias. Por exemplo, o grande Concílio de Calcedônia (451), sobre a identidade de Cristo, indica marcadores: Cristo é verdadeiro homem e verdadeiro Deus, sem separação, sem confusão... Mas a Tradição não pode ser reduzida a marcadores. O desafio é caminhar juntos (em sínodo) dentro dos marcadores e, à medida que avançamos, compreender e reinterpretar a sua utilidade. Assim, a unidade da pessoa de Cristo, que é o tema central dos grandes concílios cristológicos e trinitários, é vivida e experimentada como um mistério radical: não podemos defini-lo, podemos vivê-lo, colocando-nos no seguimento de Jesus Cristo.
Como este método do diálogo no Espírito parece capaz de acompanhar a mudança de época?
Em toda a Europa e na América Latina, o Concílio Vaticano II foi possível graças à prática da Ação Católica: ver-julgar-agir. Ver o que está acontecendo na sociedade, interpretar os sinais dos tempos, em vista da ação. A arquipelização da Igreja travou este movimento que tinha sido iniciado. A intuição do Papa Francisco não é voltar a este ver, julgar, agir, mas, através do método do diálogo no Espírito, dos elementos de debate, da sua orientação para as decisões, introduzir uma nova forma de responder às questões que hoje se colocam, no acúmulo de problemas que caracteriza a situação atual da Igreja.
Se observarmos a fragmentação cultural, deveríamos concluir que devemos modular a doutrina em função dos receptores?
Uma questão bastante decisiva que emerge gradualmente na consciência eclesial... Já no Novo Testamento existem várias formas de expressar a identidade dinâmica da fé cristã, que constituem a estrutura fundamental da tradição cristã. Esta estrutura exprime-se através de fórmulas como esta, magnífica, da Epístola aos Romanos: “Se com a tua boca confessares que Jesus é Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou, então estarás salvo”. Ou como diz a fórmula joanina: “Estamos no mundo, sem ser do mundo”. E há muitas outras frases curtas nas Escrituras.
À medida que tomamos consciência da pluralidade das culturas, a nossa tarefa não é repetir as fórmulas que foram forjadas no Mediterrâneo e na Europa, mas ouvir a maneira como cada cultura nos permite expressar a misteriosa identidade daquilo a que chamamos Deus, Cristo, Espírito Santo, e especificar o estilo de vida que brota desta fé, cada um na sua linguagem. Isto se chama Pentecostes, que envolve o reconhecimento mútuo de todos. João XXIII sonhou isto com o Vaticano II, e a sinodalidade faz parte deste movimento. O filósofo judeu alemão Franz Rosenzweig disse: “A tradução é obra do messianismo de hoje”. É o que experimentamos no sínodo: quando uma pessoa de outra cultura formula coisas de uma forma que é nova para nós, nós ao mesmo tempo a reconhecemos como cristã.
Durante o discurso de abertura do sínodo, o Papa Francisco disse que a grande obra do Espírito Santo foi a harmonia, não a unidade. Como entender essas palavras?
Devemos compreender que se trata de uma metáfora musical, que convida, em primeiro lugar, a prestar atenção na escuta e nas vozes. Contudo, não há harmonia sem dissonância. Assim, o Papa é muito sensível à noção de tensão e polaridade. Um dos seus princípios fundamentais é que a unidade prevalece sobre o conflito. Dito de outra forma, a harmonia é mais importante do que uma série de dissonâncias isolantes. Foram as pessoas que vieram da Ásia e da Oceania que introduziram esta noção de harmonia. E no jogo de metáforas que é muito importante neste sínodo, a harmonia é uma forma mais concreta de falar da comunhão e da unidade.
Como podemos garantir que o Pentecostes não se transforme numa nova Babel?
Esta é a questão central. Torna-se muito difícil unir-nos, a fortiori numa sociedade em que certos sociólogos como Jérôme Fourquet falam de arquipelização. O individualismo pode ter um lado positivo no sentido de que cada itinerário conta, mas pode levar a uma imensa solidão. Como podemos criar espaços e locais de encontro onde experiências possam ser compartilhadas e curas vivenciadas? Isto só pode ser feito através de um encontro eficaz.
Numa sociedade onde a tecnologia digital desempenha um papel tão importante e onde tantas reuniões são agora realizadas online, sentimos mais uma vez a necessidade da encarnação e do presencial. No que diz respeito à arquitetura da Igreja, a sinodalidade vivida em todos os níveis é uma forma de evitar uma nova Babel. Mas isto nunca é um dado adquirido, e talvez seja a consciência desta fragilidade que seja nova. Algumas coisas são dadas de uma vez por todas, Cristo, a graça e a Igreja, dadas até o fim dos tempos, mas sempre a caminho do Pentecostes! E, entretanto, esta Babel ainda existe. Devemos, portanto, começar de novo com cada geração e entre as gerações. E é aqui que surge o papel do bispo para a Igreja.
Em que sentido?
O termo pontifex, “construtor de pontes”, expressa magnificamente bem em que consiste o ministério do bispo: tornar possível a transição entre Babel e Pentecostes, não impondo-a, mas deixando-a acontecer, canalizando-a, regulamentando-a... O ministério do bispo é o da harmonia. Precisamos abrir portas e fazer contato. Na minha comunidade paroquial, em Limousin, vi como, durante acontecimentos dolorosos, as pessoas começavam a conversar no pátio da Igreja, depois da celebração dominical. As carapaças devem cair e, com elas, as suspeitas mútuas. São processos longos e difíceis e necessita-se de tempo. Isto não pode ser feito de forma abstrata e com grandes declarações.
Então, o que devemos fazer em relação a todas as questões que dividem (ordenação de mulheres e de viri probati, acolhimento de pessoas LGBT+, etc.)? Estas questões fazem parte do processo atual ou são destinadas a serem tratadas a posteriori?
Embora respeitando o fato de estarmos num processo, eu diria que o sínodo tem como primeiro objetivo chegar a um acordo sobre a forma de proceder. Isto já está bastante avançado, assim como há um consenso sobre a necessidade de uma formação mais profunda para sacerdotes e leigos. Agora entramos numa segunda fase onde emergem algumas destas questões: que tipo de relação temos com os mais pobres? Como integramos as pessoas LGBT+? A própria doutrina deveria evoluir?
Surgem novas questões antropológicas extremamente difíceis; para tratar delas, outro concílio pode se fazer necessário! Surgem então todas as questões relativas à ordenação, particularmente das mulheres ao diaconato. Vamos encontrar um consenso sobre este ou aquele ponto? Ninguém sabe. Mas quanto mais encontrarmos uma nova forma de avançar e de intercambiar, não ao nível das nossas opiniões, ou mesmo das nossas ideologias, mas com base nos itinerários das pessoas e das comunidades em diversos contextos culturais, mais capazes seremos de enfrentar questões difíceis.
Este é um processo longo que nem a minha geração nem talvez a próxima verão ter êxito. Nós nos encontramos em um ponto de inflexão, as respostas a muitas perguntas estão diante de nós. Devemos aprender a conviver com questões para as quais ainda não encontramos uma solução.
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“Este Sínodo é um belo caminho para descobrir as nossas riquezas”. Entrevista com Christoph Theobald - Instituto Humanitas Unisinos - IHU