24 Outubro 2025
"O diálogo é o único verdadeiro caminho para a paz. Porque uma paz feita apenas de vencedores e vencidos é uma paz que não se sustenta." O Arcebispo Paolo Pezzi, Metropolita da Arquidiocese Católica da Mãe de Deus em Moscou, acompanha de perto a nova rodada de negociações para pôr fim ao conflito na Ucrânia. Até mesmo de Roma, onde nos últimos dias liderou a peregrinação jubilar das quatro dioceses católicas da Rússia, as maiores do mundo.
A informação é de Giacomo Gambassi, publicada por Avvenire, de 22-10-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Cem fiéis vindos de toda a Federação que foram recebidos em audiência pelo Papa na sexta-feira e participaram da missa na Praça de São Pedro com o Pontífice no domingo, onde sete novos santos foram proclamados. Em volta do pescoço, os lenços com as cores de sua nação – branco, azul e vermelho – e a logo do Ano Santo. "Os constantes apelos de Leão XIV pela paz são um grande conforto para nós", explica Pezzi ao Avvenire. “Em tempos complexos como os atuais, corre-se o risco de pensar que a paz, afinal, não é possível, especialmente quando consideramos o comportamento dos poderosos do mundo, que certamente não é reconfortante. No entanto, o Papa sugere uma paz que já existe entre nós: é a paz de Cristo. Ficamos profundamente impressionados que em sua primeira saudação, logo após sua eleição, ele tenha repetido as palavras de Cristo ressuscitado: A paz esteja convosco”.
Uma paz que Leão XIV pede para ser construída por meio da negociação e do diálogo, como também reiterou no último domingo. "Juntamente com a oração e a oferta da própria vida, como Nossa Senhora nos lembrou há mais de cem anos em Fátima, é realmente o único caminho", afirmou Pezzi. A guerra também entrou no caminho ecumênico, particularmente devido às tensões internacionais que criou com a Igreja Ortodoxa Russa. "Na realidade", enfatiza o arcebispo, "nossa experiência direta na Rússia nos diz que o diálogo cresceu, que as relações se intensificaram: em primeiro lugar com o Patriarcado de Moscou, mas também com outras confissões cristãs e as outras religiões".
"O encontro com Leão XIV foi uma verdadeira bênção para nós, católicos russos", afirmam Ludvika e Palina, que participaram da viagem. Elas lideram um grupo de oração online no qual "rezamos pelo Papa todos os dias", explicam. "Entre nós, não há apenas fiéis da Rússia, mas também da Bielorrússia", esclarecem. E Pavlo, da cidade de Volgogrado, acrescenta: "Somos gratos ao Pontífice por seu serviço. O encontro com o Papa foi um grande encontro para a pequena Igreja Católica russa." "Ficamos impressionados", afirma o Arcebispo Pezzi, "com a acolhida que ele nos reservou. E abraçamos a tarefa que ele nos confiou: ser pedras vivas da Igreja e peregrinos da esperança também na Rússia."
Em seu discurso, Leão XIV recordou os fardos que pesam sobre os católicos russos. "Como escrevia São Paulo", afirma o Metropolita de Moscou, "somos chamados a carregar os fardos uns dos outros, prontos a compartilhar alegrias e tristezas. Esse é o testemunho mais forte que o cristianismo pode dar." E o Jubileu na Rússia também é marcado pela peregrinação da imagem mariana da Salus Populi Romani por todo o país. "Reprodução nos foi doada pelo Papa Francisco há um ano", conclui Dom Pezzi. "Está em peregrinação desde dezembro passado, quando se abriu o Ano Santo. No Natal, chegará à Catedral da Mãe de Deus em Moscou, onde permanecerá como sinal permanente de comunhão com o Papa e com Roma”.
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