09 Novembro 2023
A Procuradoria-Geral e a autoridade nacional de segurança (SBU) da Ucrânia anunciaram este sábado a decisão de enviar ao Tribunal Penal Internacional uma denúncia contra o responsável máximo da Igreja Ortodoxa Russa (IOR), o patriarca Kirill, acusando-o de inspirador e instigador da guerra de agressão armada desencadeada pelo regime de Putin contra o país vizinho.
A reportagem é publicada por 7Margens, 05-11-2023.
As autoridades ucranianas afirmam ter recolhido provas contra Vladimir Gundyayev, nome civil de Kirill, nomeadamente o fato de ele ser “membro do círculo íntimo dos principais líderes militares e políticos russos” e ter sido “um dos primeiros a apoiar publicamente uma guerra em grande escala contra a Ucrânia”.
Além disso, ainda segundo o lado ucraniano, o patriarca, na sua propaganda, “utiliza amplamente as comunidades religiosas da Igreja Ortodoxa Russa sob o seu controle no território da Federação Russa, bem como os representantes da Igreja Ortodoxa Ucraniana (IOU/PM) na Ucrânia”.
Acresce que Gundyayev “difunde regularmente narrativas do Kremlin” sob a forma de sermões online ou de comentários em vídeo. “Em particular, está documentado que em março de 2022, um “artigo” sobre a liturgia foi publicado no site da Igreja Ortodoxa Russa, no qual o responsável religioso abençoou o comandante da Rosgvardia Zolotov para a guerra contra a Ucrânia, sendo ainda aduzidos outros documentos alegadamente comprovativos do apoio e instigação à invasão e aos combates contra a Ucrânia.
Recorde-se que os responsáveis da Igreja Ortodoxa da Ucrânia historicamente ligada ao Patriarcado de Moscou (IOU-PM) decidiram às pressas, após a invasão russa e perante o apoio de Kirill a essa invasão, cortar os laços com o patriarcado moscovita. No entanto, foram múltiplos os sinais de que esse corte ficou marcado por suspeitas e ambiguidades. Na denúncia agora formulada, o SBU afirma que, desde o início da invasão russa em grande escala, foram iniciados 70 processos penais contra representantes da IOU/PM, 16 dos quais são metropolitas (referente de uma província eclesiástica).
Entretanto, os serviços secretos do país denunciaram recentemente que os dirigentes da IOR “criaram as suas próprias empresas militares privadas na Rússia”, para a guerra contra a Ucrânia, segundo notícia publicada na imprensa ucraniana.
“Sob as instruções do Patriarcado de Moscou”, referem, essas empresas militares privadas, alegadamente financiadas de forma encoberta por dinheiros públicos, têm vindo a “recrutar e a treinar mercenários para a guerra contra a Ucrânia”. Uma delas funcionaria mesmo nos fundos da Catedral Naval de Kronstadt, em São Petersburgo.
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Ucrânia quer levar Kirill ao Tribunal Penal Internacional - Instituto Humanitas Unisinos - IHU