"Macacos" e "Povo Melancia": conversas racistas de jovens republicanos no Telegram

Foto: Lana Codes/Unsplash

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17 Outubro 2025

Os autores eram lideranças americanas do Partido Republicano, adoradores de Charlie Kirk, o ativista supremacista branco que morreu em um ataque em setembro.

A reportagem é de Massimo Basile, publicada por La Repubblica, 15-10-2025.

Em seu bate-papo no Telegram, eles disseram estar preocupados com as consequências. "Se isso vazar, estamos perdidos." Enquanto isso, eles continuaram a escrever e chamar os negros de "gente melancia" e "macacos", fantasiar sobre estupros "épicos" e pedir a câmara de gás para judeus e adversários. "Eu amo Hitler", escreveram. Os autores eram jovens lideranças do Partido Republicano, adoradores de Charlie Kirk, o ativista supremacista branco morto num ataque em setembro. O bate-papo acabou exatamente onde eles temiam: tornou-se público e abriu um processo. O site Politico publicou as conversas. Quase três mil páginas de bate-papos, envolvendo uma dúzia de membros, incluindo millennials e Geração Z, de Nova York, Kansas, Arizona e Vermont.

Os arquivos datam do início de janeiro a meados de agosto.

A história provocou renúncias e pedidos públicos de desculpas, além do distanciamento dos líderes partidários, mas não de todos. O vice-presidente J.D. Vance acusou os democratas de cometerem "atos mais graves" do que uma simples conversa. William Hendrix, vice-presidente dos Jovens Republicanos do Kansas, chamou os afro-americanos de "negros" [termo depreciativo no país]. Ele foi demitido. Bobby Walker, vice-presidente dos Jovens Republicanos do Estado de Nova York, chamou o estupro de "épico". Ele foi demitido.

Peter Giunta, presidente da mesma organização, também afastado do cargo, afirmou em junho que qualquer um que votasse contra sua candidatura à presidência do órgão nacional — 15 mil membros, com idades entre 18 e 40 anos — "acabaria nas câmaras de gás". "Criarei", prometeu, "um dos maiores métodos de tortura psicológica já conhecidos pelo homem. Queremos apenas verdadeiros crentes". Todos tementes a Deus, a cruz exibida com destaque, como muitos membros do governo liderado por Donald Trump, considerado o evangelista da América supremacista cristã.

"Podemos consertar os chuveiros?", escreveram. "Câmaras de gás não se encaixam na estética de Hitler". "Estou pronto para ver pessoas queimarem agora", comentou outro. "Temos que fingir que as amamos", escreveu Joe Maligno, consultor jurídico, também afastado. "Ei, entre, tome um bom banho e relaxe. Bum, morto".

Dizem que foi "humor negro", mas os arquivos divulgados revelam oito meses de trocas de mensagens "revoltantes", como os democratas descreveram. Alguns trabalharam no governo Trump. Um deles é senador estadual em Vermont. Isso continua sendo um sinal de uma cultura racista, antissemita e misógina generalizada, alimentada por Trump, apresentadores de TV e influenciadores que o apoiam. Em outra troca de mensagens, o presidente dos Jovens Conservadores do Kansas, Alex Dwyer, anunciou que o grupo votaria na "pessoa mais à direita" para liderar a organização nacional.

"Ótimo, eu amo Hitler", comentou Giunta. Os outros responderam postando corações.

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