17 Outubro 2025
Quando Donald Trump diz que odeia seus adversários, é "simples e completamente anticristão", diz Michael Hochgeschwender. Segundo o historiador cultural, o presidente americano não está preocupado com religião — ele está preocupado apenas consigo mesmo.
A informação é publicada por katolisch.de, 16-10-2025.
Segundo o historiador cultural de Munique, Michael Hochgeschwender, o presidente Donald Trump não está se comportando como um cristão. Ele explicou à revista católica Die Tagespost, na quinta-feira, que o discurso de ódio de Trump demonstra isso: "Depois que a viúva Erika Kirk deu um testemunho aparentemente autêntico de amor cristão ao próximo e ao inimigo, ele sobe ao palco e diz: 'Eu odeio meus opositores'". Essa declaração e essa dicção são simples e completamente anticristãs.
Em geral, não se pode julgar de fora se algo é autenticamente cristão ou não — "Só Deus sabe disso". Mas, com o presidente americano Donald Trump, não se trata de religião, mas unicamente dele mesmo. "Isso também ficou evidente em sua reação inicial ao assassinato de Charlie Kirk, quando anunciou, quase ao mesmo tempo, o bom andamento das reformas da Casa Branca. Isso demonstra: ele não tem uma compreensão genuinamente cristã da dignidade de seus semelhantes".
Produção tipo show com sermão
O serviço memorial em homenagem a Charlie Kirk demonstra que política, religião e comércio estão constantemente interligados nos Estados Unidos, disse Hochgeschwender. Todo o processo lembrou os serviços nas chamadas megaigrejas: "Enquanto no catolicismo a Eucaristia é o foco, no protestantismo americano há elementos de espetáculo, complementados pelo sermão".
Também impressionante é a forte polarização causada pela discussão sobre a batalha entre o bem e o mal: "Essa ideia também está fortemente ligada à própria identidade americana: somos o último bastião, a única esperança da humanidade. Isso é, em certo sentido, uma tradição americana", explicou o acadêmico.
No entanto, o esquema amigo-inimigo, recentemente utilizado pelo vice-presidente americano J.D. Vance, deve ser preocupante, acrescentou. Porque não há espaço para "equilíbrio, compromisso e busca por um ponto em comum". Trata-se sempre do outro representando o mal total.
Como exemplo, Hochgeschwender citou a retórica usada por Trump para acompanhar o envio da Guarda Nacional para cidades governadas pelos democratas. Embora tenha havido vários tiroteios em massa em estados republicanos nas últimas semanas, ninguém pensaria em enviar a Guarda Nacional para lá: "Você encontra o padrão clássico de amigo-inimigo: os outros, os democratas terroristas de esquerda radical, são os bandidos."
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