15 Janeiro 2025
Um documento provisório publicado pela Conferência Episcopal Italiana na sexta-feira (10 de janeiro) e aprovado pelo Vaticano abre cautelosamente a porta para a ordenação de homens assumidamente gays ao sacerdócio, mantendo a exigência normal de castidade.
A reportagem é de Claire Giangravé, publicada por National Catholic Reporter, 13-01-2025.
"No processo formativo, ao se referir às tendências homossexuais, também é oportuno não reduzir o discernimento somente a este aspecto, mas, como para todo candidato, captar seu significado no quadro global da personalidade do jovem", diz o documento, acrescentando que o objetivo é que o candidato conheça a si mesmo e encontre harmonia entre sua vocação humana e sacerdotal.
O departamento do Vaticano para o clero aprovou o documento, que será válido por três anos. O documento foi assinado pelo chefe dos bispos italianos, o cardeal Matteo Zuppi, que é considerado um colaborador próximo do Papa Francisco.
O objetivo da preparação de um candidato que deseja se tornar padre no que diz respeito à sua sexualidade, afirma o documento, "é a capacidade de aceitar como um dom, de escolher livremente e de viver a castidade no celibato de forma responsável".
O documento, intitulado "A Formação de Presbíteros em Igrejas Italianas. Diretrizes e Regras para Seminários", foi aprovado pelos bispos italianos que se encontraram para sua assembleia geral de 13 a 16 de novembro em Assis. O episcopado na Itália, onde as vocações estão em baixa, tem forçado os limites em termos de tornar a Igreja Católica mais palatável às preocupações modernas, sugerindo um papel maior para as mulheres na formação de padres, um compromisso com o combate ao abuso sexual e a aceitação de homens gays no sacerdócio.
De acordo com a instrução vaticana de 2005 da Congregação para a Educação Católica, "embora a Igreja respeite profundamente as pessoas em questão, ela não pode admitir no seminário ou nas Ordens Sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, têm tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiam a chamada cultura gay".
O documento dos bispos italianos cita diretamente a instrução do Vaticano, mas também sugere que outros aspectos sejam levados em conta ao considerar a aceitação de candidatos gays ao sacerdócio. Embora ser abertamente gay não impeça mais automaticamente um candidato de se tornar padre, tais candidatos ainda são mantidos no mesmo padrão de castidade que os padres heterossexuais.
Em uma declaração publicada na sexta-feira, o New Ways Ministry, um grupo de defesa dos católicos LGBTQIA nos EUA, saudou o documento como "um grande passo à frente" no combate à discriminação na Igreja.
"Este novo esclarecimento trata candidatos gays da mesma forma que candidatos heterossexuais são tratados. Esse tipo de tratamento igualitário é o que a Igreja deveria almejar em relação a todas as questões LGBTQ+", dizia a declaração.
A possibilidade de admitir homens gays no sacerdócio causou comoção em maio do ano passado, quando o Papa Francisco usou uma calúnia antigay para expressar seu ceticismo sobre o assunto em uma reunião a portas fechadas com bispos italianos. O Vaticano emitiu um pedido de desculpas, afirmando que o papa "nunca quis ofender ou se expressar com termos homofóbicos", mas Francisco foi ambivalente no passado sobre padres e seminaristas gays.
O papa criticou duramente o 'lobby gay' como centro de poder no Vaticano e expressou dúvidas sobre a adesão dos padres gays a um estilo de vida celibatário, mas também encorajou um jovem seminarista gay que pediu seu conselho em seu discernimento sacerdotal em junho passado.
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Vaticano aprova documento que permite que homens gays se tornem padres na Itália - Instituto Humanitas Unisinos - IHU