13 Janeiro 2025
Ainda é uma norma “em período de teste” por três anos, mas, enquanto isso, há o sinal verde do Vaticano e representa um avanço significativo, confirmando as aberturas já filtradas no ano passado pela Conferência Episcopal Italiana presidida pelo Cardeal Matteo Zuppi: os seminários italianos admitirão candidatos homossexuais ao sacerdócio, desde que eles - como aliás é exigido também aos candidatos heterossexuais - garantam o empenho de “escolher livremente e viver com responsabilidade a castidade no celibato”.
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada por Corriere della Sera, 11-01-2025. A tradução de Luisa Rabolini.
Pelo menos em teoria, se não de fato, isso até agora era uma dúvida e objeto de interpretação.
Ainda mais por aquela frase, “já tem muita viadagem nos seminários”, que escapou ao Papa em 20 de maio, em uma conversa a portas fechadas no início da assembleia do episcopado italiano. Seguiram-se polêmicas planetárias e Francisco, talvez desconhecendo o sentido vulgar do termo italiano, pediu desculpas por meio de um comunicado da Santa Sé: “O Papa nunca teve a intenção de ofender ou de se expressar em termos homofóbicos e pede desculpas àqueles que se sentiram ofendidos pelo uso de um termo, referido por outros”.
Além disso, já naquela época, entre os bispos foi explicado ao Corriere que estava claro, para além da expressão colorida, que Francisco não pretendia se referir aos homossexuais como tais, mas àqueles que, nos seminários, não mantêm a escolha da castidade.
A linha, até agora, sempre foi aquela traçada em 2005 por uma “Instrução” da Congregação para a Educação Católica “sobre os critérios de discernimento vocacional com relação a pessoas com tendências homossexuais em vista de sua admissão ao Seminário e às Ordens Sagradas”. O texto dizia que “aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada cultura gay” não poderiam ser admitidos. O problema era estabelecer o que se entendia por tendências “profundamente radicadas”. Durante uma assembleia em Assis, em novembro de 2023, a CEI havia aprovado um texto para regulamentar a admissão aos seminários, a Ratio formationis sacerdotalis, que estava aguardando o sinal verde da Santa Sé: é o novo regulamento aprovado no final do ano pelo Dicastério para o Clero que agora é publicado pela CEI. Com não poucas oposições, os bispos italianos aprovaram por maioria uma emenda que basicamente fazia distinção entre a simples orientação homossexual e as “tendências profundamente radicadas”.
O problema, em suma, não é a tendência, mas os “atos”: a Igreja, “embora respeitando profundamente as pessoas, não pode admitir ao seminário e às ordens sagradas aqueles que praticam a homossexualidade”. O que resulta nas estrelinhas, em tudo isso, é que é mais difícil para os homossexuais manterem o empenho, em comparação com os heterossexuais, porque os candidatos se encontram vivendo por anos em uma comunidade masculina.
Francisco, falando sobre os candidatos ao sacerdócio, também havia falado sobre isso em 2018: “Devemos ser exigentes”.
Mas mesmo um homossexual, como um heterossexual, pode ser admitido se mostrar que fez “uma escolha séria” de castidade. Quanto à prevenção dos abusos sexuais, para além das tendências, haverá para todos “avaliações psicodiagnósticas” por profissionais para avaliar se os candidatos têm “uma personalidade suficientemente saudável” e “imune a patologias psíquicas”.
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Seminários, a abertura da Conferência Episcopal Italiana: “Candidatos gays admitidos” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU