Coletivo condena a expulsão na Nicarágua do presidente da Conferência Episcopal: "Um ato de repressão"

Foto: Flickr

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18 Novembro 2024

  • A expulsão do bispo Herrera se soma às dos bispos Rolando Álvarez, da diocese de Matagalpa (norte), e Isidoro Mora, da diocese de Siuna (Caribe).

  • "Perseguir líderes da Igreja busca desmantelar um pilar fundamental da sociedade e enfraquecer a capacidade da comunidade de se expressar livremente."

  • "Exigimos o respeito pleno à liberdade religiosa e fazemos um apelo a todas as organizações de direitos humanos, à comunidade internacional e a todos os nicaraguenses para que se solidarizem com a Igreja."

A reportagem é publicada por Religión Digital, 15-11-2024.

A ONG Coletivo Nicarágua Nunca Mais condenou nesta quinta-feira o exílio do bispo da diocese nicaraguense de Jinotega (norte) e presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua, Carlos Enrique Herrera Gutiérrez, "um ato de repressão que não apenas afeta um líder religioso, mas simboliza a crescente e imparável perseguição e repressão enfrentadas pela Igreja Católica em nosso país."

A expulsão do bispo Herrera se soma às dos bispos Rolando Álvarez, da diocese de Matagalpa (norte), e Isidoro Mora, da diocese de Siuna (Caribe), "que também foram exilados e desnacionalizados este ano", indicou em um comunicado essa ONG, composta majoritariamente por ativistas nicaraguenses exilados e com sede em San José.

Além disso, lembrou o Coletivo, em 2019 o bispo auxiliar de Manágua, Silvio José Báez, "teve que se exilar após receber ameaças de morte."

ONG: "É um ato criminoso"

"O exílio do bispo Herrera é um ato criminoso contra a liberdade religiosa que cada nicaraguense tem o direito inalienável de desfrutar. Perseguir líderes da Igreja busca desmantelar um pilar fundamental da sociedade e enfraquecer a capacidade da comunidade de se expressar livremente", denunciou a ONG.

A organização afirmou que o exílio ou transferência forçada, devido à sistematicidade com que foi praticado na Nicarágua, deve ser considerado um crime contra a humanidade, e é "um ato que deve ser denunciado e condenado pela comunidade internacional."

"Exigimos o respeito pleno à liberdade religiosa e fazemos um apelo a todas as organizações de direitos humanos, à comunidade internacional e a todos os nicaraguenses para que se solidarizem com a Igreja, o povo católico da Nicarágua e todas as vítimas do exílio, da perda de nacionalidade e de tantos crimes que seguem na impunidade", acrescentou.

O presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua, de 75 anos, foi expulso de seu país e enviado à Guatemala após denunciar em uma missa o sacrilégio do prefeito sandinista do município de Jinotega, Leónidas Centeno, segundo o padre nicaraguense exilado Erick Díaz e a pesquisadora exilada Martha Patricia Molina, autora do estudo Nicarágua: Uma Igreja Perseguida?.

Segundo os denunciantes, as autoridades obrigaram o bispo Herrera a ir ao aeroporto internacional de Manágua e, de lá, "o exilaram na Guatemala no dia 13 de novembro," onde foi recebido na Casa Provincial dos Frades Franciscanos, a ordem religiosa à qual pertence.

"A expulsão do bispo Herrera ocorreu dias após ele qualificar como sacrílego o fato de que a ditadura, por meio do prefeito Leónidas Centeno, colocasse alto-falantes com música em alto volume em frente à catedral São João Batista durante a eucaristia de 10 de novembro", destacou o Coletivo.

"Costumeiramente os repressores da ditadura colocam música em alto volume perto das igrejas para boicotar as missas. Depois, a ditadura fechou a página do Facebook da Diocese de Jinotega", afirmou.

Nicarágua já expulsou mais de 200 religiosos

Essa ONG apontou que desde 2018 têm sido testemunhas "de uma injustiça sistemática da ditadura da Nicarágua, representada por Daniel Ortega e Rosario Murillo, que levou ao exílio e desterro de mais de 200 religiosos, incluindo 35 sacerdotes que foram desnacionalizados, e ao cancelamento de mais de 1.262 organizações religiosas."

"Esse caminho em direção à intolerância também se manifestou com 65 religiosos acusados judicialmente por acusações infundadas, tudo com o objetivo de silenciar vozes que defendem a paz, a justiça, a democracia e os direitos humanos na Nicarágua", destacou.

Além disso, lembrou que entre 2018 e 2024 "foram perpetrados mais de 870 ataques contra a Igreja Católica, incluindo incêndios como o que grupos pró-governo realizaram contra a imagem do Sangue de Cristo, na Catedral de Manágua, em julho de 2020."

As relações entre o governo de Ortega e a Igreja Católica vivem momentos de grande tensão, caracterizadas pela expulsão, encarceramento e desnacionalização de bispos e sacerdotes, a proibição de atividades religiosas e a suspensão de suas relações diplomáticas com o Vaticano.

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