Amanhã, o Vaticano divulgará um documento de trabalho para orientar a Assembleia Geral final de outubro para o Sínodo sobre Sinodalidade. Antes do lançamento, o post de hoje inclui notícias sobre o próprio relatório do New Ways Ministry para o Sínodo, bem como uma análise da Global Network of Rainbow Catholics.

A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 08-07-2024.

Relatório identifica “esperança persistente” de católicos LGBTQ+ para o Sínodo

O New Ways Ministry divulgou seu último relatório para o processo sinodal, um documento de quatro páginas intitulado “Esperança LGBTQ+ persistente para o Sínodo”. O relatório começa nomeando as “novas e renovadas maneiras” pelas quais as pessoas LGBTQ+ e aliados “mais uma vez responderam ao convite do Papa Francisco para viajar juntos no caminho sinodal”. O relatório oferece cinco recomendações (veja abaixo).

O relatório é baseado em “Conversas no Espírito” virtuais que o New Ways Ministry organizou no início desta primavera para defensores LGBTQ+, conversas realizadas, como o relatório observa, para responder “ao apelo da Assembleia Geral do Sínodo em outubro passado para uma escuta mais ampla, especialmente nas margens”.

Semelhante ao formato do relatório de síntese da Assembleia Geral global de outubro passado, a Esperança LGBTQ+ Persistente para o Sínodo se concentra nos pontos de convergência e resume recomendações — todas oferecidas ao mesmo tempo em que reconhecem a "grande decepção" dos defensores católicos LGBTQ+ após a assembleia de outubro passado e a "esperança persistente por um futuro eclesial sinodal".

Entre as convergências que surgiram durante as conversas espirituais estavam as seguintes:

• Angústia sobre a “mágoa, exclusão e negligência pastoral” que muitas pessoas queer e seus entes queridos têm sofrido por uma “igreja institucional que causou tanto dano”.
• Uma afirmação importante da maioria dos participantes é que eles “se sentiram ouvidos durante o processo sinodal e expressaram o desejo de mais oportunidades, especialmente com o envolvimento de líderes da Igreja”.
• Críticas ao relatório de síntese da Assembleia Geral do Sínodo de 2023, particularmente "a linguagem de que alguns 'se sentem marginalizados' pela Igreja", o que foi "ferindo as pessoas LGBTQ+, como se essa marginalização fosse uma questão de sentimentos e não uma realidade prejudicial de suas vidas como católicos", e descarta a discriminação que a comunidade sofreu.
• Um desejo avassalador de que pessoas LGBTQ+ tenham “plena participação na vida sacramental, espiritual e social da Igreja”, com esforços concretos para “eliminar barreiras” a essa participação e expandir espaços acolhedores.
• O reconhecimento de que a inclusão LGBTQ+ é muitas vezes instável e dependente de se os padres individuais são afirmativos ou prejudiciais, "em vez de uma abordagem mais universal que eleve a humanidade das pessoas LGBTQ+... exigindo consistência entre a hierarquia".

Promover a justiça social foi um fio condutor em toda a conversa sobre essas convergências e outros tópicos. O relatório explica:

“Participantes católicos LGBTQ+ sentiram que a Igreja deveria se concentrar mais em seus ricos ensinamentos de justiça social em vez de teologia datada e cientificamente falha de sexualidade e gênero. Muitos acreditavam que abordar questões LGBTQ+ através da lente primária da justiça social seria vivificante e contra a desumanização.”

A ênfase dos participantes em abordar questões LGBTQ+ através das lentes da justiça social e do cuidado pastoral resultou nas cinco recomendações do relatório para a Assembleia Geral final em outubro em Roma, bem como para os grupos de estudo sinodais em andamento que o Vaticano criou no início deste ano:

• A Assembleia Geral do Sínodo de 2024 deve incluir delegados abertamente LGBTQ+; o mesmo é necessário para os Grupos de Estudo, especialmente o Grupo 9.
• O Grupo de Estudo 2 deve levar a sério o sentimento quase unânime entre os católicos LGBTQ+, seus aliados, teólogos afirmativos, psicólogos e cientistas sociais, bem como o número crescente de bispos, de que a linguagem do Catecismo de "objetivamente desordenado" deve ser revisada.
• O Grupo de Estudo 4 deve considerar como os católicos LGBTQ+ podem se envolver efetivamente na formação do clero.
• As preocupações dos católicos LGBTQ+ e aliados devem ser um ponto de conversa na assembleia de outubro, buscando encontrar maneiras concretas de implementar maior inclusão, especialmente na vida paroquial.
• Estruturas em espírito sinodal devem ser estabelecidas depois de outubro de 2024 para que a Igreja institucional possa ouvir com mais cuidado e atenção as contribuições orantes dos católicos LGBTQ+ e seus entes queridos.

Numa seção final, “Rumo a Outubro de 2024”, o relatório conclui:

“Nesta fase do Sínodo sobre Sinodalidade, os participantes católicos LGBTQ+ demonstraram novamente que são membros devotos, atenciosos e devotos da Igreja. Este encontro de 'Conversa no Espírito', juntamente com o New Ways Ministry realizado durante 2022, no qual mais de 1.000 pessoas participaram (veja From the Margins to the Center: A Report on Spiritual Conversations Held LGBTQ People and Allies as Part of the Synodality) provam que os católicos LGBTQ+ já estão engajados no exercício de seu sacerdócio batismal, compartilhando a missão profética e real de Cristo (Catecismo da Igreja Católica, n. 1628). A Igreja deve agora honrar finalmente e completamente o ministério batismal dos católicos LGBTQ+ e seus aliados.”

Persistent LGBTQ+ Hope for the Synod pode ser encontrado clicando aqui. Para todos os recursos do New Ways Ministry sobre o Sínodo sobre Sinodalidade e questões LGBTQ+ estão disponíveis aqui.

Católicos do arco-íris buscam reforma do ensino da Igreja, delegados abertamente LGBTQ+

A Rede Global de Católicos Arco-Íris (GNRC) enviou um white paper ao secretariado do Sínodo em maio com base em seu relatório de 2023 e nas sessões de escuta realizadas pela rede nesta primavera.

A GNRC pesquisou suas organizações membros com uma série de perguntas sobre como elas percebiam o Sínodo sobre a Sinodalidade, como os líderes da igreja poderiam melhorar os esforços de inclusão e reformar as estruturas para uma maior sinodalidade e de que maneiras os católicos LGBTQ+ e aliados já participam da vida da igreja de forma corresponsável. As respostas destacaram que as visões dos católicos LGBTQ+ sobre o processo sinodal são muito diversas, devido às suas experiências de terem sido acolhidos em alguns contextos enquanto enfrentavam a exclusão em outros. Os entrevistados questionaram o que os documentos do Vaticano Fiducia Supplicans (sobre bênçãos para pessoas em casais do mesmo sexo) e Dignitas Infinita (sobre dignidade humana, mas que incluía declarações negativas sobre identidade de gênero) significam, em última análise, para as pessoas LGBTQ+.

A GNRC apresentou três recomendações com base em sua pesquisa e sessões de escuta: reforma de “ensinamentos prejudiciais”, motivada por um estudo colaborativo de pessoas queer, aliados, teólogos e bispos; adição de delegados abertamente LGBTQ+ às futuras assembleias sinodais; e exigência de que os documentos do Vaticano II sejam ensinados em seminários. O white paper completo pode ser encontrado aqui.

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