05 Julho 2024
O Pantanal, uma das maiores planícies úmidas do planeta, enfrenta uma crise ambiental sem precedentes.
O texto é de Henrique Cortez, jornalista ambientalista, editor do Portal EcoDebate, em editorial publicado por EcoDebate, 05-07-2024.
A combinação de desmatamento e secas prolongadas tem levado a uma redução alarmante da superfície de água, afetando não apenas a biodiversidade local, mas também as comunidades que dependem desses recursos naturais.
Um estudo recente da plataforma MapBiomas destaca que, no século atual, quase todos os anos registraram uma diminuição da superfície de água no Brasil, com o Pantanal e o Cerrado sendo os biomas mais afetados.
Especialistas alertam para o risco de uma estiagem severa e um possível colapso hídrico, consequência direta do descaso com as nascentes e matas ciliares, essenciais para a percolação das chuvas na terra e para a manutenção do fluxo dos rios.
O desmatamento na Amazônia, que afeta a formação de chuvas através da evapotranspiração, também contribui significativamente para a seca no Pantanal, criando condições ideais para a propagação de incêndios devastadores. Esses incêndios, por sua vez, comprometem ainda mais a estrutura do solo e reduzem a quantidade de água disponível no lençol freático.
A situação é agravada pelo fato de que o Pantanal perdeu 29% de sua superfície de água, com 57% de seu território tendo sido queimado pelo menos uma vez nos últimos 36 anos. Essa perda não apenas sinaliza um declínio na saúde do bioma, mas também reflete as profundas mudanças climáticas que estão ocorrendo globalmente. A vazante do Rio Paraguai, que registra cotas próximas das mínimas históricas, é mais um indicador da gravidade da situação.
O impacto dessas mudanças vai além da degradação ambiental, afetando também a economia e a sociedade, com danos que se sobrepõem e amplificam os desafios enfrentados pela região.
É imperativo que medidas sejam tomadas para mitigar esses efeitos e proteger o Pantanal para as futuras gerações. A conscientização sobre a importância dos serviços ecossistêmicos fornecidos por biomas como o Pantanal e a Amazônia é um passo crucial nesse processo.
A preservação desses ecossistemas não é apenas uma questão de conservação da natureza, mas uma necessidade para a sustentabilidade do nosso próprio modo de vida.
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