19 Abril 2024
47% dos brasileiros entrevistados declaram que o cenário piorou nos últimos anos e 54% acredita que o preconceito contra os povos indígenas melhorará durante o atual governo.
A reportagem é de Thiago de Paula Silva, enviada ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU, 18-04-2024.
No dia 19 de abril, foi instituído o Dia dos Povos Indígenas, mas será que temos motivos para celebrar? Será que os povos originários do Brasil têm motivos para festejar? E como o povo brasileiro encara todos os movimentos da comunidade indígena? O Grupo Croma ouviu 2000 brasileiros, em todo o território nacional, com cotas específicas considerando idade, gênero, classe social e região fotográfica.
Segundo dados exclusivos da terceira edição do estudo Oldiversity® do Grupo Croma, 47% dos brasileiros acreditam que os indígenas são mais discriminados do que há dez anos e apenas três em cada dez brasileiros buscam aprender sobre a cultura dos povos indígenas, além disso 7% dos entrevistados não sabem nada sobre os povos indígenas; o que significa a falta de interesse pelos índios no Brasil, quando comparamos a capacidade populacional do país versus a quantidade de originários. Por fim, 41% dos entrevistados estão preocupados com as condições de vida dos povos indígenas;
Para Edmar Bulla, fundador do Grupo Croma e idealizador do estudo, o cenário atual dos povos originários é triste e preocupante. “Aumentou o número de invasões às terras indígenas nos últimos dez anos (71%), fator que por si só deveria criar um movimento de empatia em relação a esses brasileiros. É inaceitável ver o sofrimento deste povo em busca de trabalho, saúde, alimentação digna e combate às doenças que o ‘homem branco’ levou às reservas. Precisamos de política social e reparadora aos indígenas em caráter de urgência”, explica.
Ainda de acordo com os dados obtidos pelo estudo, 64% dos entrevistados declaram que atualmente se sabe mais sobre como vivem os povos indígenas no Brasil. Mas de que adianta ter mais informações sobre a vida deles e nada fazer para melhorar as circunstâncias em que vivem?
“O Brasil é conhecido internacionalmente como um país acolhedor, um povo solidário e empático. Acolher pessoas em situações de vulnerabilidade mostra o quanto o país está preparado para conviver com estas diferenças. Ainda de acordo com o estudo, 49% dos brasileiros sabem conviver com os costumes e tradições de imigrantes ou refugiados. O Brasil possui grandes colônias de diversos povos, tribos e raças em toda a sua extensão continental, o que permite acolher sem discriminar”, explica Bulla.
Pouco mais da metade dos respondentes (54%) acredita que o preconceito contra imigrantes, refugiados e, principalmente, contra os povos indígenas melhorará durante o atual governo, mesmo tendo sido instituído o Ministério dos Povos Indígenas, liderado por Sônia Guajajara. Mesmo assim, são poucos aqueles que acreditam que o contexto geral piorará, justamente porque ainda é possível observar cerca de um terço das pessoas que acreditam que nada mudará.
Leia mais
- Povos Indígenas em debate no IHU. Do extermínio à resistência!
- Na 61ª AG da CNBB, presidente do Cimi destaca os caminhos de esperança e resistência dos 305 povos indígenas no Brasil
- “Os povos indígenas não são levados em consideração pelo Congresso Nacional”, constata Cardeal Leonardo Steiner
- Esse herói pouco conhecido: Egydio Schwade
- Por uma Comissão da Verdade do Genocídio Indígena
- Alguns momentos decisivos na caminhada de minha vida. Artigo de Egydio Schwade
- Brasil indígena precisa de outras Forças Armadas. Artigo de Egydio Schwade
- Waimiri-atroari: vítimas da Ditadura Militar. Mais um caso para a Comissão da Verdade. Entrevista especial com Egydio Schwade
- “Lutamos para que o Brasil nos perceba como nunca nos percebeu: como parte da sua memória, da sua história, da sua identidade”. Entrevista especial com Daniel Munduruku
- A tragédia dos Munduruku
- Ato denúncia: “É como se alguém tivesse licença para nos caçar e nos matar”
- Solução para crise Guarani e Kaiowá é demarcação de terras, como manda a Constituição, afirma o CIMI respondendo ao presidente Lula
- ‘As línguas indígenas estão adormecidas, não foram extintas’, diz linguista Kokama
- Dom Roque Paloschi: Marco Temporal, “o CIMI não pode arredar o pé dessa sua missão de estar junto com os povos indígenas”
- Memórias de 64: o capítulo do genocídio indígena
- Por que a demarcação de Terras Indígenas não avança? Entenda
- Governo avançou pouco nas demarcações e violência contra indígenas continua, relata secretário do Cimi à ONU
- É urgente que a Lei 14.701, decreto de extermínio dos povos indígenas, seja declarada inconstitucional, afirma o Cimi
- Indenização por terra nua proposta por Alexandre de Moraes para o Marco Temporal “é inconstitucional”, afirma Cimi
- A quem interessa o esmagamento do encarcerado? Porque o fim da saída temporária é um retrocesso. Artigo de Gabriel Vilardi
- O chamado para desmasculinizar a Igreja. Por que a hierarquia tem medo de professoras negras nas faculdades de teologia? Artigo de Gabriel Vilardi
- Páscoa da Ressurreição: uma paz inquieta ou a paz dos cemitérios? Artigo de Gabriel Vilardi
- Sexta-feira da Paixão das mães que vivem o calvário da violência policial. Artigo de Gabriel Vilardi
- Óscar Romero: testemunho contra o autoritarismo. Artigo de Gabriel Vilardi
- O Golpe de 64 e a negação do direito à memória: por que temes, presidente Lula? Artigo de Gabriel Vilardi
- Influenciadores digitais católicos em debate no IHU. Uma comunicação para o amor? Artigo de Gabriel Vilardi
- Rutilio Grande, SJ: amigo dos pobres e precursor de Óscar Romero. Artigo de Gabriel Vilardi
- Um ano da Retomada na Serra da Lua: uma árdua caminhada. Artigo de Gabriel Vilardi
- A retomada de um território ancestral: os povos que seguram a Mãe Terra. Artigo de Gabriel Vilardi
- Martírio e profecia na Amazônia: testemunhos para os nossos tempos. Artigo de Gabriel Vilardi
- Ya temí xoa: a Querida Amazônia como um caminho de resistência. Artigo de Gabriel Vilardi
- Garimpo e barbárie: uma história de genocídio e de luta dos Yanomami. Artigo de Gabriel Vilardi
- Genocídio Yanomami é tema de debate no IHU
- Os Povos Indígenas e a Igreja de Roraima: uma caminhada de resistência e libertação
- Dom Evaristo Spengler: um bispo segundo Cristo que aponta para Amazônia. Artigo de Gabriel Vilardi
- A Igreja de Roraima tem lado: a opção preferencial pelos Povos Indígenas
- Saúde mental e o suicídio indígena. Um problema de Estado. Artigo de Gabriel Vilardi
- A contribuição jesuíta para o nascimento do CIMI no Mato Grosso
- Irmão Vicente Cañas, SJ: um sinal de resistência e Ressurreição
- São Romero da América e os Povos Indígenas: martírio e profecia. Artigo de Gabriel Vilardi
- No meio do caminho estava o CIMI: 50 anos do documento-denúncia “Y-Juca-Pirama” e a atuação do Pe. Antônio Iasi Jr, SJ
- Ver novas todas as coisas em Cristo desde a Amazônia
- José de Anchieta e a urgência de uma leitura decolonial
- Padre Pedro Arrupe, SJ: o homem que não temia a mudança. Artigo de Gabriel Vilardi
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Povos indígenas são mais discriminados do que há dez anos, aponta estudo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU