#estrelas. Artigo de Gianfranco Ravasi

Foto: Nathan Anderson | Unsplash

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22 Dezembro 2023

"O romancista [Balzac] lembra que, no entanto, não existem as situações unívocas e absolutas, e faz isso justamente com o símbolo de uma cena celeste. Por um lado, eis o firmamento prateado e brilhante dos afortunados, muitas vezes invejados: e ainda assim, olhando bem, aquele espaço luminoso está pontuado de estrelas negras. (...) Por outro lado, eis o céu tenebroso que paira sobre o infeliz, cuja vida foi um calvário. Mesmo assim, se fixar o olhar com mais atenção, poderá se vislumbrar aqui e ali algumas estrelas cintilantes", escreve o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 19-11-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Não há felicidade nem dor absoluta no mundo. A vida de um homem feliz é um quadro de fundo prateado e estrelas negras. A vida de um homem infeliz é um fundo negro com estrelas de prata.

É impressionante como o escritor oitocentista Honoré de Balzac, em apenas cinquenta anos de vida (cerca de trinta de atividades literárias), conseguiu compor um número impressionante de romances, muitos dos quais são verdadeiras obras-primas, capazes de ilustrar e julgar aquele tipo de "comédia humana" que é a história de tantas pessoas e da própria sociedade. Ele também teve tempo de coletar em 1838 muitas das máximas e pensamentos de Napoleão, de onde haurimos a forte imagem citada acima. A humanidade é essencialmente dividida nos dois campos tradicionais da felicidade e do sofrimento. O romancista lembra que, no entanto, não existem as situações unívocas e absolutas, e faz isso justamente com o símbolo de uma cena celeste.

Por um lado, eis o firmamento prateado e brilhante dos afortunados, muitas vezes invejados: e ainda assim, olhando bem, aquele espaço luminoso está pontuado de estrelas negras. São os momentos e os eventos tristes que também constelaram a sua existência e que talvez tiveram que esconder para manter a fama gloriosa que os envolvia. Por outro lado, eis o céu tenebroso que paira sobre o infeliz, cuja vida foi um calvário. Mesmo assim, se fixar o olhar com mais atenção, poderá se vislumbrar aqui e ali algumas estrelas cintilantes. É claro que não dissipam a escuridão, mas são uma expressão das pequenas alegrias da vida que até mesmo o infeliz eventualmente desfrutou. Um grande teólogo do século XX como Henri de Lubac afirmava: “A dor é o fio com o qual é composto o tecido da alegria”.

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