05 Setembro 2023
"Pier Paolo Pasolini foi muitas vezes a consciência crítica da época em que viveu. Fê-lo, como se sabe, recorrendo a muitos caminhos, alguns até duros ou desconcertantes, outros bastante retos e imediatos", escreve Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 03-09-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Se alguém te tivesse educado, só o poderia ter feito com o seu ser, não com o seu falar.
Ou seja, com o seu amor ou com a sua possibilidade de amor.
Pier Paolo Pasolini foi muitas vezes a consciência crítica da época em que viveu. Fê-lo, como se sabe, recorrendo a muitos caminhos, alguns até duros ou desconcertantes, outros bastante retos e imediatos. É o caso dessa nota bastante simples sobre o verdadeiro educar, visto como fruto de um amor feito de empenho e doação e não apenas de advertências moralistas obsoletas. Muitas vezes a palavra “educação” atrai, no sentido comum, o adjetivo “boa” e é proposta como norma de comportamento exterior. Esse é também um elemento necessário nos nossos dias tão desarranjados e vulgares.
No entanto, não é o elemento capital. Tchekhov observara ironicamente em seus cadernos:
“Educação: ‘Mastiguem bem’, dizia o pai. As crianças mastigavam bem, passeavam duas horas todos os dias, lavavam-se várias vezes. No final, porém, todos se tornaram homens infelizes e medíocres”. Sim, porque a educação mais importante é, como sugere a matriz latina do termo, educere, um tirar de dentro de cada pessoa as suas qualidades interiores, fazendo desabrochar aquelas positivas e amputar as negativas. O educador não é apenas um instrutor (instruere em latim é inserir dados em uma pessoa), mas aquele que extrai do cofre da mente e do coração do filho ou do discípulo os seus valores levando-os à plenitude. E essa tarefa só pode ser realizada quando se ama o outro e se deseja sinceramente o seu crescimento “em sabedoria e graça” (Lucas 2,40).
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#educar. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU