#não desperdiçar. Artigo de Gianfranco Ravasi

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22 Novembro 2023

"Não existem outros dias senão estes nossos dias. Que me seja concedido não desperdiçá-los, não perder nada daquilo que sou e daquilo que poderia ser", escreve o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 19-11-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Não existem outros dias senão estes nossos dias. Que me seja concedido não desperdiçá-los, não perder nada daquilo que sou e daquilo que poderia ser.

Escrito em 1959, O cavaleiro inexistente é o terceiro da trilogia de romances curtos intitulada Os nossos antepassados que tornou famoso Ítalo Calvino. A história, narrada pela Irmã Teodora, tem como protagonista Agilulfo, um cavaleiro sem corpo, mas apenas armadura. Mas, como sabem aqueles que acompanharam as aventuras desse personagem da época carolíngia, não se trata de um vazio.

Pelo contrário, aquela armadura – que no fim será doada ao jovem companheiro de armas Rambaldo – é animada pela vontade, pela fé e pelo amor. São muitas as lições éticas que transmite, como aquela que propomos e que serve de alerta para muitas pessoas, especialmente jovens.

O verbo que rege o apelo é “desperdiçar”, que, assim como “depreciar, imprecar”, é a degeneração do termo “pregar” (em latim precor, pedir, invocar, esperar de Deus): em vez de fazer uso de um valor tão almejado como a vida é, é delapidado preenchendo com nada os dias.

Não é apenas desperdiçar dinheiro e bens, é gastar as próprias qualidades, é dissipar na inconsistência ou, pior, no mal as obras e as horas. No fim, reduzimo-nos a meras armaduras corporais que contêm apenas órgãos, funções físicas, impulsos sem controle. Assim, ao contrário de Agilulfo, tornamo-nos realmente “inexistentes”. E ressoa em vão aquele convite final a não desperdiçar nada daquilo que somos e daquilo que poderíamos ser.

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