04 Setembro 2023
"A paróquia não é uma estrutura caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do pastor e da comunidade", escreve Armando Matteo, professor de Teologia Fundamental da Pontifícia Universidade Urbaniana e subsecretário adjunto do Dicastério para Doutrina da Fé, em artigo publicado por Settimana News, 02-09-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Leia também, em português, o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto, o sexto, o sétimo, o oitavo, o nono, o décimo, o décimo primeiro, o décimo segundo, o décimo terceiro, o décimo quarto, o décimo quinto, o décimo sexto e o décimo sétimo artigos da série.
O primeiro e central elemento da pastoral da amizade, ao qual devemos dar vida, é o de uma renovada aposta na paróquia. Nessa direção a Opção Francisco nada mais faz do que relançar a convicção sobre o seu papel decisivo para o futuro do cristianismo, tal como resulta das considerações da Evangelii gaudium:
“A paróquia não é uma estrutura caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do Pastor e da comunidade. Embora não seja certamente a única instituição evangelizadora, se for capaz de se reformar e adaptar constantemente, continuará a ser ‘a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas’ (Christifideles laici, 26). Isto supõe que esteja realmente em contato com as famílias e com a vida do povo, e não se torne uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmos. [...] Temos, porém, de reconhecer que o apelo à revisão e renovação das paróquias ainda não deu suficientemente fruto, tornando-as ainda mais próximas das pessoas, sendo âmbitos de viva comunhão e participação e orientando-as completamente para a missão" (EG 28).
A condição para a possível renovação da paróquia passa então a ser a assunção daquela plasticidade que a caracteriza. Trata-se de uma plasticidade que pode ser explicitada em termos de dimensão, localização no território, estruturas acessórias, horários, serviços a garantir, pessoal necessário à sua gestão. Em vez disso, acontece que ainda hoje muitos fiéis e pastores se fixam numa ideia rígida de paróquia, negligenciando o que o Papa Francisco chama de docilidade e criatividade missionária. E os resultados parecem cada vez mais decepcionantes, com o esvaziamento progressivo de muitas paróquias.
A pastoral da amizade estabelece um critério mínimo mas, ao mesmo tempo, suficientemente preciso para uma nova aposta sobre a paróquia por parte da Igreja que está no Ocidente: não precisamos de todas as paróquias existentes; precisamos de paróquias capazes de transmitir de forma eficaz a qualquer pessoa a proposta de amizade de Jesus e de encorajar qualquer pessoa a dar uma resposta positiva a essa proposta.
Em termos concretos, tratar-se-á de focar apenas naquelas paróquias – identificadas entre as mais centrais e de mais fácil acesso – onde é possível garantir celebrações festivas, um número de catequistas preparados/as para dar à luz a uma amizade sólida entre os nossos pequenos e Jesus, uma atenção específica ao mundo da educação dos adolescentes, dos jovens e de seus pais, uma disponibilidade contínua ao encontro e ao discernimento, uma escuta constante da Palavra, um exercício da proximidade simples e imediata para qualquer um.
Menos paróquias e mais paróquia. Com as portas abertas para todos, num espírito de amizade e no sinal de alegria.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Apostar na paróquia. Artigo de Armando Matteo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU