19 Janeiro 2022
Começa com esta primeira intervenção a coluna "Opção Francisco", assinada pelo teólogo Armando Matteo para a revista Vita Pastorale.
"A finalidade desta coluna que inauguramos será indicar aquelas estrelas que o magistério de Francisco, com coragem e lucidez, identificou para um caminho eclesial à altura do Evangelho e da mudança de época que estamos vivendo", escreve Armando Matteo, professor de teologia fundamental da Pontifícia Universidade Urbaniana e subsecretário adjunto da Congregação para Doutrina da Fé convocado pelo Papa Francisco, em artigo publicado por Vita Pastorale, janeiro de 2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Nunca como nesta hora da história os crentes das Igrejas do Ocidente se encontram diante de uma encruzilhada, de uma escolha, na urgência de fazer uma opção. Por um lado, existe a possibilidade de continuar a fazer o que sempre foi feito, esperando obter resultados diferentes (ou seja, melhores) daqueles que foram alcançados pelo menos nas últimas três décadas. Basta pensar no impressionante fracasso da iniciação cristã. Horas e horas de catecismo e de presença na paróquia e no oratório e depois a formação de uma geração (ou mais de uma geração) de garotas e garotos que já não consideram essencial para a sua boa vida a referência ao Evangelho e à Igreja. Será que realmente tem sentido fazer as coisas de sempre, esperando ter resultados diferentes? Não tem sentido. É pura loucura.
É claro que ninguém admite que os assuntos eclesiais estão indo bem e se sabe que existe mais de uma coisa a mudar ou simplesmente abandonar. Mas, com maior ou menor consciência, a atitude geralmente permanece a de espera, alimentada pela tentação de uma retirada total no Aventino dos nossos círculos cristãos ou por um tremendo ressentimento por um mundo em que o espaço para a religião, dia após dia, vai sendo erodido.
Por outro lado, destaca-se em toda a sua complexidade e relevância aquilo que queremos chamar de Opção de Francisco, que consiste numa capacidade renovada e renovadora dos crentes de ler a situação em que vivem, de reconhecer sem medo a crise que atravessam e os atravessa, para iniciar uma grande conversão pastoral e dar um novo rosto e forma ao cristianismo.
Porque, como disse recentemente o Papa Francisco, citando Yves Congar, a questão permanece justamente esta: não se trata de criar outra Igreja, mas de dar vida a uma Igreja diferente.
E agora, quando nos aproximamos do décimo ano de pontificado, é tempo de colher, relançar e pôr em prática a unidade do projeto pastoral e missionário que Francisco traçou nos últimos anos. Ao longo destes anos, ele tem indicado, uma a uma, as estrelas que traçam o rumo que o barco de Pedro é chamado a seguir para voltar a ser o que deveria ser. Um lugar onde qualquer um - absolutamente qualquer um - possa encontrar- se com Jesus e se apaixonar por ele. A Igreja não serve a outro propósito. Mas se não serve ao menos para isso - ser um espaço de encontro real com Jesus - simplesmente não serve para nada. E para ninguém.
A finalidade, portanto, desta coluna que inauguramos será indicar aquelas estrelas que o magistério de Francisco, com coragem e lucidez, identificou para um caminho eclesial à altura do Evangelho e da mudança de época que estamos vivendo. Se todos sabem que mudar nunca é fácil (basta pensar em como é difícil mudar a alimentação e os hábitos para perder uns quilinhos!), vamos tentar, pelo menos, pelo bem dos nossos filhotes. Não é justo deixar-lhes "uma igreja tipo museu, linda mas muda, com muito passado e pouco futuro". É tempo de escolher. É tempo de reacender o fogo que o Filho do homem trouxe à terra.
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É tempo de escolher (Parte 1). Artigo de Armando Matteo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU