A presença-ausência do cardeal Koch e a situação das relações entre o Vaticano e o Patriarcado de Moscou. Diálogo ecumênico e diálogo político. O ativismo do metropolita Antonij

Desde junho de 2022, o Metropolita da Igreja Ortodoxa Russa, Antonij de Volokolamsk, visitou o Vaticano três vezes (Foto: Reprodução | Vatican Media)

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19 Junho 2023

O Metropolita Ortodoxo Antonij, "número 2" da Igreja Ortodoxa de Moscou, e o palco russo da "missão" liderada por Matteo Zuppi. O que mudou nas relações entre as duas igrejas um ano após a dura postura do cardeal Koch? Alguém quer sobrepor um diálogo político bilateral ao diálogo ecumênico multilateral?

A reportagem é publicada por Il sismografo, 19-06-2023.

O Metropolita da Igreja Ortodoxa Russa, Antonij de Volokolamsk, presidente do departamento de relações eclesiásticas exteriores do Patriarcado de Moscou, concluiu recentemente uma nova visita à Itália durante a qual ele se encontrou no Vaticano com dom P.R. Gallagher, secretário de Relações com os Estados e Organismos Internacionais (15 de junho), com o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin (16 de junho) e, finalmente, novamente na sexta-feira 16, com o Papa Francisco, poucas horas após seu retorno do Hospital Gemelli, onde foi submetido a uma cirurgia no abdômen.

A audiência de Francisco com o metropolita ortodoxo Antonij de Volokolamsk é um evento bastante inusitado, aliás único, pelo momento singular do encontro. Esta circunstância sugere que a excepcionalidade do encontro teve a ver com a possível etapa russa da missão de Matteo Zuppi.

Quatro encontros do Metropolita Antonij com o Papa Francisco em menos de um ano 

Antonij, o "número 2" do Patriarcado de Moscou, é um homem da confiança de Kirill. Ele foi nomeado inesperadamente em 07-06-2022, quatro meses após o início da agressão russa contra a Ucrânia (24-02-2022) e, portanto, substituiu o Metropolita Hilarion Alfeyev que após 13 anos foi transferido para Budapeste (Hungria) para liderar uma pequena igreja ortodoxa local. No contexto da visita do Papa Francisco à capital húngara, o Metropolita Hilarion fez uma visita de cortesia ao Papa em 29-04-2023, que o acolheu na nunciatura com particular afeto. O metropolita explicou posteriormente o significado e o conteúdo da reunião.

Desde junho de 2022, Antonij visitou o Vaticano três vezes.

A primeira vez, em 06-08-2022, depois a segunda, em 3 de maio de 2023 e, finalmente, anteontem, 16-06-2023. O metropolita, em visita ao Vaticano, era sempre recebido pelo Papa Francisco, e também havia uma quarta reunião, mas desta vez em Nur-sultan (Cazaquistão), em 14-09-2022, no âmbito da cúpula de líderes religiosos.

Kurt Koch: uma presença-ausência

Quanto aos três encontros no Vaticano, no entanto, não parece que o Metropolita Antonij de Volokolamsk, que na prática atua como enviado de Kirill, que tem estado particularmente ativo nos últimos meses, tenha se encontrado com o Cardeal Kurt Koch, prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos (DPUC). Nos três momentos mencionados, o cardeal esteve no Vaticano, ainda que a imprensa, no caso dessas 'ausências', falasse de prováveis ​​compromissos pastorais no exterior. Por ocasião da visita do dia 3 de maio, o metropolita russo reuniu-se na sede do dicastério com o secretário, o monsenhor Brian Farrell, e visitou também o prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, dom Claudio Gugerotti.

Quando Antonij se encontrou com o Papa Francisco no Cazaquistão (Nur-sultan/Astana, 14-09-2022), por ocasião do "VII Congresso de Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais" no Palácio da Independência, o cardeal Koch não estava presente.

Não são poucos os observadores e especialistas em questões ecumênicas que se questionam sobre esses comportamentos - ''presenças e ausências'' - conhecendo a seriedade e a experiência do cardeal Koch, um homem manso, dedicado ao serviço pastoral e muito firme em suas convicções. A este respeito, é claro que existem dificuldades e divergências de opiniões no Vaticano, porém considera-se oportuno e necessário neste momento tão delicado, principalmente após o início da “missão” do cardeal Zuppi "para aliviar as tensões" entre Moscou e Kiev", suspende qualquer disputa e critérios desiguais.

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