19 Novembro 2024
“Aliança nasce no G20, mas seu destino é global”, diz presidente; para a CONTAG, iniciativa peca por falta de financiamento e representação de agricultores familiares.
A informação é publicada por ClimaInfo, 19-11-2024.
Uma das principais bandeiras da presidência brasileira à frente do G20, o combate à fome e à pobreza marcou o primeiro ato oficial da cúpula de líderes do grupo, que começou 2ª feira (18/11) no Rio de Janeiro. Na abertura do encontro, o presidente Lula anunciou a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
A iniciativa foi um dos poucos pontos pacíficos entre os países do bloco diante dos impasses infindáveis sobre temas como taxação dos superricos e financiamento climático. E deu a partida com 148 membros fundadores – 82 países, União Africana, União Europeia, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras internacionais e 31 organizações filantrópicas e não governamentais. Até 6ª feira (15/11), apenas 41 nações tinham aderido à aliança.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou um aporte de US$ 25 bilhões, via empréstimos a baixo custo, para os programas da aliança, informa o UOL. Além disso, o banco vai doar US$ 200 milhões para países pobres para assistência técnica na implantação dos programas bem avaliados na redução da pobreza e da fome, como o Bolsa Família, que o Brasil ajudará a implementar em outros países, relata Míriam Leitão n’O Globo.
Na avaliação da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (CONTAG), a aliança tem o potencial de atrair a tão necessária atenção política para o papel fundamental que os agricultores familiares desempenham na luta contra a insegurança alimentar e as mudanças climáticas, especialmente a um ano da COP30. Mas a ausência de anúncios mais firmes de financiamento e a baixa representação da agricultura familiar na iniciativa preocupam.
“Lamentamos que nenhum novo financiamento tenha sido anunciado e que, até agora, apenas um dos 148 membros represente os agricultores. Os pequenos agricultores familiares receberam apenas 2% (US$ 2 bilhões) do financiamento público internacional para o clima em 2021, uma fração dos US$ 368 bilhões que os pequenos produtores estão investindo em adaptação com seus próprios e limitados recursos”, destacou Alberto Broch, vice-presidente da CONTAG.
“Para que a aliança seja bem-sucedida, precisa trabalhar com as organizações de agricultores e garantir mais financiamento disponível para os agricultores familiares promoverem práticas agrícolas diversas e amigas da natureza, como a agroecologia, que são fundamentais para garantir a segurança alimentar num clima em mudança”, completou.
g1, CNN e Poder 360, entre outros veículos, repercutiram o lançamento da aliança no primeiro dia do G20.
O G20 é o momento do presidente Lula consolidar seu status como líder climático global, apontam Graça Machel e Ellen Johnson Sirleaf, integrantes do The Elders, grupo independente de líderes globais fundado por Nelson Mandela em 2007 em defesa da paz, da justiça, dos Direitos Humanos e da sustentabilidade. Em artigo no Le Monde Diplomatique, elas lembram que a eleição de Lula e sua posição firme sobre Justiça Climática sinalizaram esperança, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Por isso é crucial que o presidente reúna o grupo das 20 maiores economias do mundo em torno de uma forte resolução financeira para enfrentar a crise climática e proteger a biodiversidade. Saberemos se isso aconteceu nesta 3ª feira (19/11), quando a declaração final do G20 for divulgada.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Lula lança Aliança Global contra a Fome e a Pobreza com 82 países signatários - Instituto Humanitas Unisinos - IHU