11 Junho 2025
Embaixador americano em Israel, Mike Huckabee: “Não há paz na Cisjordânia, um estado palestino só pode nascer em outro lugar”.
A reportagem é de Gabriella Colarusso, publicada por La Repubblica, 11-06-2025.
Quando Greta Thunberg chega ao aeroporto de Paris após ser expulsa de Israel, uma multidão de milhares de pessoas em Gaza tenta desesperadamente conseguir comida, arriscando suas vidas. O saldo em frente ao centro de distribuição de ajuda humanitária, ao final do dia, será de 36 mortos e centenas de feridos, segundo o Ministério da Saúde palestino. "A verdadeira história aqui não sou eu. A verdadeira história é que há um genocídio em andamento em Gaza. Israel está sistematicamente matando a população de fome", denuncia a ativista sueca cercada por repórteres antes de embarcar em um voo para a Suécia. Com outras 12 pessoas, ela havia embarcado na Flotilha da Liberdade para levar uma carga simbólica de ajuda à Faixa de Gaza: o objetivo era romper o bloqueio imposto por Israel, "sitiar o cerco". O exército israelense interrompeu a missão, acusando os ativistas de quererem ganhar publicidade. "O iate das selfies", chamou-o o ministro das Relações Exteriores israelense, Gideon Saar, classificando a operação como ilegal.
Thunberg oferece outra reconstrução: eles "nos sequestraram em águas internacionais e nos trouxeram para Israel contra a nossa vontade. Não infringimos nenhuma lei". A jovem de 22 anos concordou em ser repatriada, enquanto outros oito ativistas se recusaram a assinar o documento com o qual teriam reconhecido que entraram ilegalmente em território israelense: entre eles está também a eurodeputada franco-palestina Rima Hassan. Eles comparecerão perante um juiz antes de serem expulsos e repatriados.
O conflito em torno da Flotilha da Liberdade ocorre em um momento em que a emergência humanitária em Gaza se torna cada vez mais desesperadora e se teme um cenário somali. Ontem, o grupo liderado por Yasser Abu Shabab, de 30 anos, armado pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), alegou ter matado cinco homens do Hamas em Khan Yunis, no sul. Vários especialistas em segurança israelenses estão preocupados com a decisão de Netanyahu de enviar fuzis Kalashnikov para um grupo criminoso que trabalha contra o Hamas, pois isso corre o risco de desencadear uma guerra civil na Faixa de Gaza em um contexto regional recentemente aquecido.
Ontem, além disso, o exército israelense bombardeou maciçamente o aeroporto de Hodeida, no Iêmen, alegando ter atingido "posições houthis", embora seja uma escala crucial para o transporte de ajuda humanitária para um país faminto e devastado pela guerra.
Pela primeira vez, não foi a Força Aérea que atacou, mas a Marinha. Em resposta, militantes iemenitas lançaram um míssil contra Israel, que foi interceptado pelo Domo de Ferro. E enquanto as negociações entre EUA e Irã parecem não progredir, com o risco de abrir uma nova frente de guerra, o embaixador americano em Israel lança uma bomba sobre a possibilidade de reiniciar um processo de paz que parte do princípio estabelecido em sete décadas de deliberações pela comunidade internacional: dois povos, dois Estados. Mike Huckabee levantou a hipótese de que um Estado palestino poderia nascer, sim, mas não na Cisjordânia, onde "não há espaço", mas em outras nações do Oriente Médio. Quando perguntado se os Estados Unidos ainda apoiavam o nascimento de um Estado palestino, o diplomata respondeu secamente: "Acho que não".