30 Mai 2025
“Eu odeio Trump.” É assim que o presidente dos EUA explica por que há uma decisão judicial contra suas decisões. Uma decisão que aborda essencialmente os limites do poder executivo em relação ao legislativo, sob uma presidência que se baseia principalmente no uso de decretos e no conceito de "emergência" para contornar processos legislativos.
A reportagem é de Andrés Gil, publicada por El Diario, 30-05-2025.
“Eu odeio Trump”, mas também “juízes radicais de esquerda”. E o caso foi avaliado por juízes nomeados principalmente por presidentes republicanos: Timothy Reif, nomeado por Trump; Jane Restani, nomeada pelo presidente Ronald Reagan; e Gary Katzmann, escolhido pelo presidente Barack Obama.
O presidente americano, o mais performático e hiperativo em público na história do país, levou 24 horas — e uma decisão de apelação que lhe dá espaço para respirar — para reagir ao maior revés judicial e político de seus quatro meses no cargo. E ele fez isso, como costuma fazer, em sua rede social, Truth Social, com um texto bem longo.
“O Tribunal de Comércio Internacional dos EUA decidiu de forma inacreditável contra as tarifas das quais nosso país precisa desesperadamente”, escreveu Trump. Mas, felizmente, o Tribunal de Apelações do Circuito Federal, composto por 11 juízes, suspendeu a ordem emitida pelo tribunal de Manhattan. De onde vieram esses três juízes originais? Como puderam causar danos tão graves aos Estados Unidos? Seria simplesmente ódio a "Trump"? Que outro motivo poderia haver?
"A decisão do Tribunal de Comércio Internacional é completamente falha e profundamente política", disse Trump. "Espero que a Suprema Corte anule a decisão rápida e decisivamente. Não podemos permitir que acordos secretos destruam nossa nação!"
Trump também demonstra grande desprezo pelas câmaras legislativas e seus membros: “A terrível decisão afirma que ele precisaria da aprovação do Congresso para implementar essas tarifas. Isso significa centenas de políticos — como se ele próprio não fosse um — sentados em Washington por semanas ou até meses, tentando chegar a um acordo sobre quanto cobrar dos países que nos tratam injustamente. Se essa decisão for mantida, destruirá completamente o poder presidencial. A Presidência nunca mais será a mesma!”
“Juízes radicais de esquerda, juntamente com algumas pessoas muito perigosas, estão destruindo a América”, argumenta ele. Com essa decisão, nosso país perderia trilhões de dólares — dinheiro que pode tornar a América grande novamente. Seria a decisão financeira mais prejudicial já tomada contra nós como nação soberana. O presidente americano deve ter a capacidade de proteger a América daqueles que causam danos econômicos e financeiros.
Em sua publicação, Trump faz uma digressão para atacar aqueles que, no passado, o ajudaram a nomear juízes simpatizantes em todo o país — inclusive na Suprema Corte — e que agora, da direita, contestam seus abusos de poder nos tribunais: "Quando cheguei a Washington, sugeriram-me que usasse a Sociedade Federalista como fonte de recomendações para juízes. Fiz isso abertamente e com total transparência, mas depois percebi que estavam sob a influência de um verdadeiro 'canalha' chamado Leonard Leo, uma pessoa nefasta que, à sua maneira, provavelmente odeia os Estados Unidos e claramente tem suas próprias ambições".
Ele acrescentou: "Estou profundamente decepcionado com essa organização pelos péssimos conselhos que me deu em relação a diversas nomeações judiciais. É algo que não consigo esquecer!" Ao mesmo tempo em que expressou orgulho por muitas das nomeações, ele também expressou decepção com outras. Ou seja, seu critério em relação às ações judiciais não é se elas aplicam a lei corretamente ou incorretamente, mas se são consideradas corretas ou não.
“Neste caso”, diz ele, “graças à minha política tarifária bem-sucedida, trilhões de dólares do exterior já começaram a fluir para o país — dinheiro que, sem essas tarifas, jamais teríamos obtido. É a diferença entre ter Estados Unidos ricos, prósperos e bem-sucedidos, ou o oposto”.