29 Mai 2025
Mais de meia centena de pessoas responderam à iniciativa de organizações de judeus portugueses e israelenses manifestando-se hoje, dia 27 de maio, junto às escadarias da Assembleia da República, em Lisboa, para acusar o Estado de Israel de genocídio nos territórios palestinos, exigir o fim da venda de armas a Israel e do acordo de comércio UE-Israel, bem como pedir a celebração de um cessar-fogo imediato.
A reportagem é publicada por 7Margens, 27-05-2025.
A manifestação, convocada, entre outras, pelas associações Judeus pela Paz e pela Justiça (JPJ) e Israelenses pela Pressão Internacional (IPI), decorreu em simultâneo com iguais manifestações realizadas em outras em 12 cidades de países da União Europeia (UE) sob o lema “No Business as Usual with Israel” [fim à normalidade das relações com Israel], e visou denunciar a “cumplicidade europeia com os crimes de guerra de Israel” e pressionar os governos da União Europeia a tudo fazer para “acabar com o genocídio do povo palestino”.
Em declarações à agência Lusa, Liad Hollender, da IPI, frisou que a manifestação foi organizada “por israelenses muito preocupados, horrorizados, pelo que está se passando em Gaza e contra o atual governo de Benjamim Netanyahu”. Hollender é natural de Haifa, onde nasceu há 43 anos, e mora em Portugal há 14.
Outro manifestante, Alan Stoleroff, responsável da JPJ, equiparou o que Israel faz nos territórios palestinos ao que a Rússia faz na Ucrânia, sustentando que Tel Aviv tem em curso “uma operação especial militar” que já se constituiu “como um genocídio”. Do seu ponto de vista, está claro aos olhos de todos que “Netanyahu não pretende acabar com essa operação até, como dizem explicitamente os seus ministros dos dois ou três grupos de partidos da extrema, extrema-direita, conseguirem a expulsão definitiva dos palestinos da Faixa de Gaza”. Stoleroff, de 71 anos, é natural de Brooklyn, Estados Unidos, e vive em Portugal há cerca de 45.
“Estão a utilizar a arma da fome para pressionar a população civil da Palestina, sejam simpatizantes do Hamas, ou não. É absolutamente ilegal, imoral, algo sem precedentes”, afirmou Stoleroff, defendendo que o movimento mundial de judeus contra o governo de Netanyahu “mina a legitimidade do Estado de Israel ao pretender falar e atuar em nome de todos os judeus e israelenses do mundo”.
A manifestação contou também com cartazes a denunciar a atuação do governo israelense e com palavras de ordem como “parem o genocídio”, “judeus pela paz e pela justiça”, “igualdade para todos” ou “suspender o acordo de associação Israel-UE”. A organização entregou uma carta aberta aos partidos representados no Parlamento a denunciar a postura israelense nos territórios ocupados.