Por: Cristina Guerini e Lucas Schardong | 24 Mai 2025
Ignorando a ciência, a crise climática, os direitos da natureza e a COP30, o congresso nacional dá mais um passo para deixar passar a maior boiada de todas. Por 54 votos a 13 o Projeto de Lei da Devastação, PL 2.159/2021, que flexibiliza o licenciamento ambiental, foi aprovado no Senado. Um projeto nefasto que desarticula salvaguardas legais e abre brechas para um avanço descontrolado de empreendimentos de alto impacto, como exploração de petróleo, mineração e desmatamento. O texto agora retorna a Câmara dos Deputados, onde deve ser aprovado.
Essa atrocidade se dá em meio a publicação de um estudo que alerta que a destruição florestal da Amazônia alcançou o equivalente a 18 campos de futebol por minuto no ano passado. Suely Araújo, ex-presidente do Ibama, avaliou que este “é o maior retrocesso em 40 anos”.
Para a ambientalista e jornalista Patrícia Kalil, os impactos serão generalizados, mas as comunidades tradicionais sofrerão um duplo golpe. O texto ameaça mais de 3 mil áreas protegidas no Brasil, incluindo 259 Terras Indígenas e mais 1.500 territórios quilombolas. Essas populações deixariam de ser escutadas em futuros licenciamentos. Um projeto que institucionaliza o racismo ambiental.
Os dados positivos da redução do desmatamento no país não refletem a realidade gaúcha, porque “o sistema de dados está calibrado para floresta e o Pampa é campo. A gente omite a principal remoção de mata, que é a mata campestre, relatou” Eduardo Vélez, pesquisador do MapBiomas.
Para Gaza, o tempo acabou. A fome mata 29 pessoas em dois dias e ameaça a vida de 14 mil bebês. O bloqueio de Israel à faixa faz com que os palestinos se alimentem com folhas de árvores ou ervas. O jornalista palestino Mahmoud Mushtaha, que está no Reino Unido, traz o apelo de seus familiares: "Diga a eles que somos humanos. Diga-lhes para não desviarem o olhar". E eles questionam: "Por que o mundo não para com isso?". Uma situação que faz o mundo retornar à idade das trevas, como pontuou Chris Hedges.
Enquanto Netanyahu abandona as negociações de paz e reafirma seu plano de ocupar toda a Faixa de Gaza, o mundo começa a quebrar o silêncio diante aos massacres israelenses. França, Reino Unido e Canadá publicaram uma carta ameaçando sancionar Israel e afirmando que “não ficarão de braços cruzados”. Na Espanha, Pedro Sanchez tem subido o tom e sugeriu que o país que comete genocídio contra a Palestina seja excluído de competições esportivas e eventos culturais. O parlamento do país aprovou o bloqueio a Israel.
Do jornalista Breno Altman surge uma proposta para que o governo brasileiro não fique inerte diante aos crimes israelenses: ruptura das relações comerciais e diplomáticas com o Estado de Israel; dissolução das organizações vinculadas ao lobby sionista; criminalização do sionismo como forma de racismo; apelo mundial por boicote contra Israel.
O começo do pontificado tem deixado lacunas e gerado reações. A imagem do irmão do papa Leão XIV ao lado de Donald Trump e J.D. Vance no salão oval causou estranheza. Assumidamente adepto do movimento Make America Great Again - MAGA, a presença de Louis Prevost serviu para o presidente se gabar, afirmando, “ele é maga, ele é Trump”.
Um discurso de Leão XIV também suscitou uma discussão sobre ateísmo e a busca verdadeira por Deus. Afastando-se do que Francisco falava, o papa Prevost afirmou que “a falta de fé muitas vezes traz consigo dramas como a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação da dignidade da pessoa em suas formas mais dramáticas, a crise da família e tantas outras feridas das quais nossa sociedade sofre”. Vito Mancuso reagiu e se manifestou, assim como o matemático Piergiorgio Odifreddi, que enviou uma carta ao pontífice.
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