Leão XIV aos jornalistas: “Só os povos informados são livres para escolher”

Foto: Narcin Mazur/cbcew.org.uk | FotosPúblicas

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14 Mai 2025

Leão XIV aos jornalistas “Só os povos informados são livres para escolher”.

A informação é de Andrea Gualtieri, publicado por la Repubblica, de 13-05-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Leão XIV alinha a Igreja em defesa da liberdade de imprensa e levanta a voz por aqueles que são perseguidos porque defendem o “direito dos povos de serem informados”. A primeira audiência pública de seu pontificado é dedicada aos profissionais da mídia que acompanharam o Conclave, mas se torna uma oportunidade para afirmar a importância do “serviço à verdade” que os jornalistas desempenham no mundo.

Cerca de três mil repórteres, fotógrafos e cinegrafistas aclamaram o Papa quando entrou na Sala Paulo VI: “Dizem que quando você aplaude no começo não vale muito. Se no final vocês ainda estiverem acordados e quiserem ainda aplaudir, muito obrigado”, brincou Prevost em inglês. Eles o farão, várias vezes, na verdade. Em particular na passagem em que o pontífice reitera “a solidariedade da Igreja com os jornalistas presos por tentarem dizer a verdade”.

Leão XIV pressiona e reconhece “a coragem daqueles que defendem a dignidade, a justiça e o direito dos povos a serem informados”, porque, sublinha, “só os povos informados podem fazer escolhas livres”. E é por tudo isso que “o sofrimento desses jornalistas presos interpela a consciência das nações e da comunidade internacional, apelando a todos nós para salvaguardar o bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa”.

Segundo o dossiê de Repórteres Sem Fronteiras, existem atualmente 567 profissionais da informação presos no mundo, 532 dos quais são jornalistas: o número mais elevado vem da China, com 114 casos, seguida da Birmânia, com 62, da Rússia, com 52, da Bielorrússia, com 49, do Vietnam, com 38, de Israel, Irã e Azerbaijão, com 26. O Papa não nomeia os números nem as situações específicas, mas o seu apelo assume o tom de uma emergência: pede que essas “testemunhas” sejam libertadas, recorda quantas “cobrem a guerra mesmo à custa da própria vida”.

Em seguida, envolve os profissionais da mídia na missão que invocou desde a primeira palavra de seu pontificado, a de uma paz que, ao se apresentar depois da fumaça branca, espera que seja “desarmada e desarmante”. A comunicação também, disse o Papa, deve ser “desarmada e desarmante”, para compartilhar “uma visão diferente do mundo” e encorajar “um agir coerente com nossa dignidade humana”. Os jornalistas, que nesse sentido o Pontífice considera “na linha de frente na narração de conflitos e esperanças de paz, situações de injustiça e pobreza, e o trabalho silencioso de tantos por um mundo melhor”, são convidados a “escolher com consciência e coragem o caminho de uma comunicação de paz”.

Leão XIV cita Francisco, o convite aos profissionais da mídia para se libertarem de “todo preconceito, rancor, fanatismo e ódio”, para purificarem a linguagem da agressividade: “Desarmemos as palavras e contribuiremos para desarmar a Terra”, repete Prevost. Um empenho que ele associa ao dos pacificadores citados nas bem-aventuranças evangélicas, com o objetivo de promover "uma comunicação diferente", que "não busque o consenso a todo custo, não se revista de palavras agressivas, não abrace o modelo da competição, nunca separe a busca da verdade do amor com que devemos humildemente buscá-la".

O Papa admite de antemão que estamos enfrentando tempos difíceis, mas pede para "nunca ceder à mediocridade" e lembra que ninguém pode fugir: "A Igreja deve aceitar o desafio do tempo e, da mesma forma, não pode existir uma comunicação e um jornalismo fora do tempo e da história". Aprenderemos a nos conhecer, diz ele aos jornalistas. Enquanto isso, agradece pela cobertura do Conclave àqueles que se empenharam para "sair dos estereótipos e clichês, por meio dos quais muitas vezes lemos a vida cristã e a própria vida da Igreja". Em suas palavras, há espaço também para os novos desafios da comunicação, para a evolução tecnológica, com a esperança de que os ambientes digitais se tornem "espaços de diálogo e discussão". E volta a soar um apelo à Inteligência Artificial “com o seu potencial imenso, que requer, no entanto, responsabilidade e discernimento para orientar os instrumentos para o bem de todos, para que possam produzir benefícios para a humanidade”.

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