10 Abril 2025
O escritor Pankaj Mishra tornou-se um dos pensadores mais lúcidos na compreensão da dinâmica de poder entre o Norte e o Sul globais. Nós o entrevistamos por ocasião da publicação do seu último ensaio, El mundo después de Gaza. Una breve historia (Galaxia Gutenberg, 2025).
A entrevista é de Patrícia Simón, publicada por La Marea, 07-04-2025. A tradução é do Cepat.
Ao longo da sua carreira de mais de três décadas, o escritor e jornalista Panjak Mishra (Jhansi, Índia, 1969) tornou-se um dos pensadores mais lúcidos do nosso tempo. Ao se tornar um renomado cronista de conflitos e focos de terrorismo islâmico na primeira década deste século, ganhou alguns dos prêmios mais importantes por seus romances e tornou-se um dos ensaístas mais influentes sobre as questões definidoras da nossa era: o declínio dos impérios, a ascensão das ideologias do ódio e o neoliberalismo como uma ideologia de submissão colonialista.
Seu artigo “O Ocidente não sabe de nada”, no qual analisa por que a credibilidade da maioria dos meios de comunicação estadunidenses e europeus chegou ao fundo do poço com sua cobertura do genocídio de Gaza, tornou-se uma leitura obrigatória para qualquer pessoa interessada em relações internacionais em geral e para estudantes de Jornalismo em particular.
Agora publica El mundo después de Gaza. Una breve historia (O mundo depois de Gaza. Uma breve história), um ensaio fundamental para entender como o atual genocídio que Israel está perpetrando contra Gaza foi forjado e as consequências de longo prazo desse exercício de ostentação de impunidade e crueldade pelo Norte global. La Marea o entrevistou na sede de sua editora em Barcelona, onde durante uma hora explicou, de maneira apaixonada, como a cumplicidade dos Estados Unidos e da Europa com a ocupação israelense e o regime de apartheid contribuiu para o ressurgimento dos fascismos em seus territórios, a relação entre o sionismo e a hipermasculinidade, o plano de rearmamento da Europa e onde encontrar esperança, entre outras questões cruciais da atualidade.
Um dos aspectos mais difíceis de reportar como jornalistas não é a violência mais visível da ocupação, mas o intrincado e perverso sistema de controle e repressão que o Estado sionista projetou para transformar todos os aspectos da vida dos palestinos em um inferno. Você conta em seu livro que foi em uma viagem à Palestina em 2008 que você entendeu a escala do regime de ocupação e de apartheid e suas semelhanças com a Índia ocupada pela Grã-Bretanha, um modelo que você acreditava ter desaparecido no século XX. Como essa experiência mudou sua maneira de pensar?
Na Índia, crescemos com uma narrativa segundo a qual as mentes mais brilhantes do nosso país se uniram para derrotar o supremacismo branco e o imperialismo racial. Quer dizer, eu cresci pensando que esse é o caminho que a justiça toma no mundo moderno. Mas depois vou para a Palestina e vejo que o mesmo racismo, supremacismo branco e imperialismo que achava que tinham sido superados décadas atrás ainda estão dominantes aí. Como é possível que Israel continue a roubar territórios, matando quantos palestinos quiser a qualquer momento, e nada aconteça? É como viajar para um lugar onde você descobre que a escravidão ainda existe. Foi um choque muito profundo.
Qual é o papel da hipermasculinidade e da brutalidade na construção da identidade do Estado de Israel?
O sionismo, assim como outros nacionalismos, é uma busca pela hipermasculinidade, pela força masculina. Os judeus, assim como os hindus e os muçulmanos, foram informados pelos seus senhores europeus que eram pouco másculos, que eram fracos, que eram covardes, e internalizaram esses preconceitos. A resposta tem sido criar Estados-nação fortes para demonstrar sua força, como Israel e o nacionalismo hindu fizeram. Ou seja, já que você foi humilhado em 7 de outubro, você mata 50.000 pessoas para se sentir forte e másculo. A busca pela hipermasculinidade está na raiz desse tipo de violência. E agora, além disso, se beneficia de ter um infrator na Casa Branca, cercado por pessoas que acreditam que as mulheres precisam ser colocadas de volta em seu lugar, que o feminismo foi longe demais e uma rede internacional de homens poderosos que apoiam essas ideias.
Desde o início do genocídio, os soldados israelenses documentaram e divulgaram seus crimes através das redes sociais, assim como os membros do governo Netanyahu, que os anunciaram destemidamente em coletivas de imprensa após décadas de impunidade. Há esperança de que um dia eles sejam julgados?
Podemos ter alguma esperança em instituições como o Tribunal Penal Internacional (TPI) e nos poucos países que respeitam suas regras. Já vimos casos de soldados que cometeram esses crimes e que estiveram na Europa sem serem presos. Ou agora Netanyahu na Hungria com Viktor Orbán. Então espero que o TPI se torne mais ativo, porque caso contrário estaremos em um estado de anarquia moral total, onde os piores crimes podem ser cometidos sem nenhuma consequência.
A prisão de Duterte, que se gabava abertamente de seus crimes, dá esperança. Espero que Netanyahu também seja preso um dia e enviado para Haia.
No livro, você explica como Israel explorou o Holocausto para torná-lo a medida do mal supremo e apagar os outros genocídios, a ponto de negociar com a Turquia para desconsiderar o extermínio de mais de um milhão e meio de armênios realizado pelo Império Otomano. Como a relação de Israel com o Holocausto mudou ao longo dos anos?
Durante muito tempo, o Holocausto não fez parte da narrativa israelense. Na verdade, no começo, Israel desprezava seus sobreviventes porque queria se erguer como um país másculo, e essas pessoas eram vistas como fracas. Foi somente na década de 1960 que o Holocausto começou a ocupar um lugar central na identidade israelense, justamente quando Israel se tornou uma potência colonial ocupando a Cisjordânia e Gaza. Então, Israel criou deliberadamente uma memória coletiva do Holocausto para justificar sua violenta ideologia expansionista, para dizer que, depois de tudo o que sofreram, tinham que ser agressivos, que era um país nascido para abrigar seus sobreviventes e que tinham que se defender porque estavam cercados por outros potenciais nazistas – que agora eram os árabes.
De fato, os sobreviventes foram inicialmente desprezados porque eram vistos como pessoas que não ofereceram resistência e que praticamente entraram nos campos de extermínio por conta própria. Até mesmo pessoas como Primo Levi, que inicialmente era muito sionista, acabaram sendo vistas como traidoras dos judeus por criticar Israel. Como ele vivenciou esse processo?
Nos primeiros anos da criação de Israel, Primo Levi tinha um vínculo emocional muito forte com este país, assim como muitos sobreviventes do Holocausto. Mas então ele começou a perceber que não era o que acreditava ser, mas um poder expansionista agressivo que cometeu todos os tipos de atrocidades contra os árabes, não apenas os palestinos, mas também os libaneses, com a invasão de 1982. À medida que Primo Levi se tornava mais crítico de Israel, a comunidade judaica estadunidense – que, inicialmente, não tinha interesse no Estado sionista – investia cada vez mais dinheiro nele.
Assim chegamos em 1985, quando Primo Levi viaja para os Estados Unidos e se sente profundamente desconfortável por ser recebido apenas como um judeu que sobreviveu ao Holocausto, não como um italiano, um químico, um escritor. Como ele disse, estavam colocando rótulos nele, quando ele os detestava. E todas as pessoas que ele conheceu em Nova York eram judias, então ele perguntou à esposa se havia alguém não judeu naquela cidade. E quando criticou Israel, a reação foi tão ruim que a horrível revista Commentary encarregou uma jovem para escrever um artigo atacando-o, e assim fez. Esta escritora passou a morar na França e estava profundamente arrependida por ter dito que Primo Levi não era mais judeu porque não apoiava Israel. Em uma carta, escreveu a um amigo que esse artigo ajudou a extinguir seu desejo de viver. Pouco depois, cometeu suicídio.
Agora, os Estados Unidos têm dois presidentes – Biden e Trump – que apoiam o genocídio e a limpeza étnica em Gaza, e é inevitável retornar à viagem de Primo Levi aos Estados Unidos para entender essa deriva.
O genocídio em Gaza nos reduziu a espectadores da barbárie, cidadãos e cidadãs impotentes que não conseguem sequer persuadir, por exemplo, o governo espanhol, que tem sido um dos mais críticos de Israel no mundo, a romper relações diplomáticas e comerciais com esse Estado. Que impacto essa cumplicidade no genocídio tem na saúde já enfraquecida das democracias ocidentais?
Um impacto devastador porque serve como um lembrete aos cidadãos comuns de que suas opiniões sobre essas questões não contam. Se olharmos para os países da UE, inclusive o Reino Unido – que é muito próximo de Israel –, a maioria dos cidadãos pede um cessar-fogo e um embargo de armas. Mas as classes política e midiática continuam ignorando a opinião pública. Assim, a cumplicidade das instituições democráticas ocidentais no genocídio alimenta a desilusão generalizada que elas já estavam sofrendo.
Uma coisa foi começar uma guerra no Iraque, que foi mal planejada, ilegal e causou muitíssimas mortes. E outra é ver como governos e jornalistas se tornam cúmplices do extermínio em massa. É um retorno à década de 1930, um colapso do qual somente a extrema-direita pode se beneficiar, como estamos vendo novamente.
Desde os primeiros dias do genocídio, membros do governo israelense declararam que seu objetivo é tornar Gaza inabitável e forçar as pessoas a sair. Por que os países europeus – exceto a Alemanha, tomada pela culpa pelo Holocausto – permanecem tão subservientes aos ditames de Israel? É só porque seu protetor são os Estados Unidos?
De fato, Israel tem sido muito explícito ao dizer que quer anexar a Cisjordânia e Gaza, que não reconhece os direitos dos palestinos a esses territórios e que os forçará a partir para a Jordânia, o Egito ou qualquer outro lugar. Enquanto isso, os líderes europeus continuam a repetir a ficção de uma solução de dois Estados, enquanto os líderes israelenses zombam abertamente dessa proposta e negam que algum dia permitirão um Estado palestino. Na realidade, os países europeus mantêm essa narrativa por autoengano e cinismo, porque todos eles fazem negócios com Israel, como vender-lhes armas. Os líderes europeus devem insistir que tudo isso é um exercício de autodefesa que acabará um dia, porque eles não podem admitir serem cúmplices da limpeza étnica.
Depois desse apoio ao governo israelense, que está fora de controle, a repressão na Europa só vai aumentar, porque o país se jogou nos braços da extrema-direita e não tem como voltar atrás.
Além das pessoas que se manifestaram mundo afora contra o genocídio, especialmente os jovens – em quem você encontra esperança para o futuro –, os outros grandes centros de dignidade são o Tribunal Penal Internacional, o Tribunal Internacional de Justiça, a UNRWA e figuras como a Relatora Especial das Nações Unidas para os Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese. Qual a importância dessas instituições e vozes para o mundo de depois de Gaza?
Muito importante. Eu acrescentaria organizações como Human Rights Watch, Anistia Internacional, Médicos Sem Fronteiras, Save the Children, Oxfam Intermón… ONGs que arriscaram muito e que levantaram suas vozes contra o genocídio.
Acredito que para muitas pessoas, não apenas os palestinos, todos eles nos ofereceram a perspectiva de que existem instituições responsáveis. Até mesmo as Nações Unidas e seu secretário-geral, apesar de não ter conseguido impedir o genocídio – porque a ONU é controlada pelos Estados Unidos e seus aliados –, mantiveram sua dignidade ao denunciar o que Israel está fazendo, diferentemente da maioria dos governos ocidentais, com exceção da Espanha, Irlanda e, talvez, até certo ponto, a Bélgica. O resto das democracias ocidentais se desonraram com esse genocídio.
A maioria dos meios de comunicação ocidentais adotou a narrativa israelense e justificou o genocídio. Que consequências essa perda de credibilidade tem para as sociedades ocidentais? – porque aquelas no Sul Global há muito deixaram de acreditar neles.
A maioria das pessoas não lê jornal, e a audiência de veículos como a BBC e o The New York Times é formada por pessoas mais idosas e, em sua maioria, conservadoras. Portanto, podem continuar grandes e lucrativos graças às palavras cruzadas, receitas e coisas do tipo; ao fato de que estão se tornando empresas de entretenimento, mas perderam sua função principal de serem meios de comunicação, de serem pilares responsáveis das democracias. Não faz sentido que tentem competir com a Netflix ou o Prime Video, mas é isso que estão fazendo, e muito mais rápido do que imaginamos. Estão abandonando seu papel de representar o mundo com precisão, e acredito que é a energia renovada da juventude que pode criar diferentes plataformas.
Em seu artigo, “O Ocidente não sabe de nada”, você explica como a interpretação que a mídia europeia e estadunidense vem dando há anos sobre o que está acontecendo no resto do mundo – ou seja, na maior parte do mundo – é absolutamente etnocêntrica e equivocada. Um artigo que foi publicado em vários meios de comunicação ocidentais e teve um enorme impacto. Você ficou surpreso com a surpresa que isso causou em muitos dos seus leitores no Norte global?
Não fiquei surpreso porque até agora se presumia que as pessoas que trabalham em grandes instituições jornalísticas como o The New York Times, a BBC ou o The Washington Post sabem o que estão fazendo, que conseguem ver o que está acontecendo no mundo. Infelizmente, acontece exatamente o contrário. São pessoas extremamente provincianas, com uma formação e educação muito limitadas, cuja capacidade de interpretar assuntos se limita aos interesses da segurança nacional dos EUA. Então vêm informando errado há muitos anos, razão pela qual temos uma imagem muito distorcida do mundo. Mas cada vez mais pessoas estão percebendo a enorme lacuna existente entre, por exemplo, o que vemos sobre o genocídio em Gaza nos nossos celulares ou na Al Jazeera e a forma como é coberto pela BBC ou pelo The New York Times.
A extrema-direita, antissemita em suas origens, substituiu seu ódio aos judeus pela islamofobia e pela arabofobia e ao mesmo tempo por uma profunda admiração por Israel por não respeitar o direito internacional e seu massacre de palestinos sem sofrer punições. Estamos entrando na era da crueldade?
É difícil não chegar a essa conclusão: à era da crueldade, da impunidade, da anarquia. Israel apostou seu futuro na continuação da anarquia em todo o mundo, não apenas na sua região. Ele vinculou seu futuro ao de Trump, Le Pen, AfD, Orbán, Abascal e todos aqueles demagogos da extrema-direita. São pessoas com poder e riqueza que farão de tudo para vencer, seja invadindo a Groenlândia, Gaza ou matando 200 crianças em um único dia. Acho que Pedro Sánchez os superestima quando os chama de internacional reacionária. Precisamos de uma palavra mais forte para descrevê-lo.
Ódio?
Com certeza, a internacional do ódio.
A Alemanha é um caso paradigmático desse retorno da extrema-direita. Sua responsabilidade no Holocausto levou-a a estabelecer uma relação de submissão a Israel, a ponto de perseguir os defensores dos direitos humanos quando se manifestavam contra o genocídio em Gaza, enquanto o partido neonazista Alternativa para a Alemanha (AfD) se consolidava como a segunda maior força política. Para onde este país está indo?
A Alemanha está caminhando para um lugar muito sombrio. No último século, a Alemanha foi cúmplice de três genocídios: o da África, do Holocausto na Europa e do atual em Gaza. Portanto, temos que ser extremamente cautelosos com a Alemanha, porque isso pode ser o começo de algo realmente terrível na história da Europa.
O racismo que os israelenses exercem contra os palestinos é replicado nos Estados Unidos contra os negros e na Europa especialmente contra os muçulmanos e os árabes. Você acredita que parte da crueldade em que vivemos se deve ao fato de a Europa desconhecer o supremacismo branco que continua a ditar nossa política?
Eles não sabem disso porque nem o sistema educacional, nem os livros de história, nem a imprensa dão ênfase suficiente ao fato de que a grande maioria da população mundial teve que enfrentar e derrubar o supremacismo branco; que se alguém nascia em um país asiático ou africano, o supremacismo branco o impedia de viver em liberdade e dignidade. Por que pessoas como Gandhi e Nehru passaram décadas na prisão? Porque trabalharam para alcançar uma ordem social justa na qual todas as pessoas tenham os mesmos direitos. E na Europa, o princípio da igualdade foi separado dessa história, então acredita-se que o supremacismo branco pode ser perpetuado enquanto o princípio da igualdade for mantido.
Nos Estados Unidos, isso é ainda mais evidente agora, com um governo repleto de pessoas que expressaram suas ideias supremacistas brancas e que estão punindo a África do Sul porque dizem que lá os brancos são perseguidos, quando, na realidade, são os mais privilegiados do país: eles representam 7,8% da população e possuem 75% das terras. Mas essa é a maneira dominante de pensar nos Estados Unidos e também em algumas partes da Europa, às quais nós, pessoas não brancas, fizemos muitas concessões. É hora de dizer a eles qual é o seu lugar.
A Europa mostrou usar dois pesos e duas medidas ao apoiar a Ucrânia contra a invasão russa e armar a força de ocupação israelense antes e enquanto comete um genocídio em Gaza. O que você acha do plano de rearmamento europeu depois que Trump surgiu como uma ameaça?
Penso que é uma atitude muito perigosa. Temos que ser extremamente cautelosos, em parte porque a pessoa que viaja pela Europa dizendo que precisamos nos rearmar é Von der Leyen, uma pessoa inescrupulosa que apoiou o genocídio israelense desde o início, que rejeitou os pedidos dos governos espanhol e irlandês para se envolver em um debate sobre um cessar-fogo e um embargo de armas, que tem conexões profundas com vários grupos da indústria de armas na Europa e que, portanto, pode se beneficiar pessoalmente com o rearmamento.
Não acredito que a Rússia represente uma ameaça séria à Europa, uma vez que mal consegue lutar contra a Ucrânia. Perdeu muitas pessoas nessa guerra e sofreu inúmeras humilhações. A ideia de que a Rússia pode cruzar a Europa é apenas uma fantasia alimentada por políticos que acreditam que o rearmamento os ajudará.
Keir Starmer (primeiro-ministro britânico) é um exemplo disso. Ele se propôs a reformar a economia e sua gestão está sendo um desastre total. Agora, ele se tornou um belicista para encobrir seus fracassos. Kaja Kallas é uma completa ignorante que foi a Israel na semana passada para falar sobre o excelente relacionamento que a União Europeia tem com eles. É hora de ter cuidado com essas pessoas porque o rearmamento é uma medida muito perigosa.
O livro termina reivindicando a esperança representada pelos jovens que se manifestam contra o genocídio em Gaza e diz que, talvez, essas manifestações tenham “aliviado, em parte, a extrema solidão dos palestinos”. Você acredita que esse é o único propósito dessas mobilizações, fazer com que o povo palestino saiba que não está sozinho no mundo?
Penso que servem para mais do que isso; também nos dão uma modesta esperança para o futuro: esses jovens crescerão, entrarão no mundo profissional, se tornarão jornalistas, políticos e funcionários de empresas, e espero que se lembrem da postura moral que assumiram e trabalhem por um mundo melhor. Os jovens que viram em seus celulares homens segurando os corpos de seus filhos provavelmente receberam uma criação muito diferente da de seus pais. Portanto, podemos esperar que eles se tornem adultos responsáveis que tomarão medidas para evitar que tais incidentes se repitam.