26 Março 2025
Líder Kayapó afirma que orientará presidente a não repetir com a foz do Amazonas o erro cometido com a hidrelétrica de Belo Monte.
A informação é publicada por ClimaInfo, 24-03-2025.
O cacique Raoni Metuktire, líder dos Kayapó, é um símbolo global das lutas pelos direitos indígenas e preservação do meio ambiente. Raoni representou os Povos Indígenas na posse de Lula, subindo a rampa ao lado dele. Agora o cacique receberá o presidente em sua aldeia e deixará claro que explorar petróleo na foz do Amazonas, como defende Lula, a Petrobras e parte da cúpula do governo, é uma péssima ideia, tanto para o clima do planeta, como para o país que vai liderar a COP30 daqui a poucos meses.
“Já fui informado sobre o projeto [do bloco 59, da Petrobras, no litoral do Amapá] e vou ter a oportunidade de sentar com Lula para discutir o assunto. Vou pedir que ele não encoraje o projeto de exploração na Amazônia”, declarou Raoni em entrevista à AFP, reproduzida e repercutida por Folha, Carta Capital, UOL, Poder 360, Rádio Itatiaia e RTP.
Embora sem fazer relação direta com o projeto de exploração de combustíveis fósseis na foz, o cacique mencionou a hidrelétrica de Belo Monte, instalada no rio Xingu, no Pará. Raoni disse que conversou pessoalmente com Lula quando ele assumiu e pediu para que ele não repetisse o erro de implantar a barragem, “que causou forte impacto ambiental no Pará”, ressaltou o líder indígena.
Raoni também destacou que vai conversar com Lula sobre a urgência na demarcação de Terras Indígenas. Apesar da retomada das homologações após anos de abandono nos governos Temer e Bolsonaro, o ritmo está muito aquém do esperado. E a violência contra os Povos Indígenas continua imperando.
O líder Kayapó também falou sobre como as mudanças climáticas, causadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis, estão afetando o seu povo. “Há cada vez mais desmatamento, contaminação dos rios, épocas de chuvas que provocam enchentes e matam as plantas que dão alimentos. Todos nós somos cada vez mais afetados pelas mudanças climáticas”, ressaltou.
Aliados próximos do presidente Lula avaliam que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, exagerou na pressão sobre o Ibama pela licença para a Petrobras perfurar um poço de petróleo no bloco FZA-M-59, na foz do Amazonas, informa O Globo. Na semana passada, Silveira afirmou que o presidente do órgão, Rodrigo Agostinho, não tem “coragem” para expressar sua resposta no caso, o que fez com que a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema Nacional) acusasse o ministro de “constrangimento institucional”. Para pessoas próximas a Lula, com a manifestação, Silveira deixou o chefe do Ibama em situação delicada, em que uma eventual autorização para a exploração de petróleo terá aparência de capitulação.
O Brasil tem a chance de liderar a transição energética justa global na COP30. Mas, além da simpatia de Lula e de parte do governo para explorar petróleo e gás na foz do Amazonas, congressistas querem instituir a “Frente Parlamentar do Senado Federal em Defesa da Exploração de Petróleo na Margem Equatorial do Brasil”, destaca o Clima de Política n’((o))eco.
Em outra ação do Congresso pró-combustíveis fósseis, a Frente Parlamentar em Apoio ao Petróleo, Gás Natural e Energia (FREPPEGEN), presidida pelo deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), que foi ministro da Saúde no governo Bolsonaro, lançou na 3ª feira (25/3) seu “braço técnico”, relata a agência eixos. O Instituto de Petróleo, Gás e Energia (IPEGEN) terá como objetivo elaborar políticas públicas e fortalecer a agenda do setor de petróleo e gás fóssil no Brasil. Segundo o diretor-executivo do IPEGEN, general Marco Aurélio Vieira, a criação da frente e de um instituto específico tem inspiração na Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Ou seja, vem mais negacionismo pesado por aí.