19 Março 2025
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse aguardar com “paciência e humildade” uma reunião com o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. Silveira quer tratar da licença para a Petrobras perfurar um poço de exploração de combustíveis fósseis na foz do Amazonas. Uma decisão que é técnica, mas que o titular da pasta de Minas e Energia insiste em transformar em pressão política.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 18-03-2025.
Silveira disse que não se trata de explorar petróleo na foz, mas de “conhecer as potencialidades” da região, destaca o Poder 360. Só que a própria indústria do petróleo chama de “exploração” a perfuração de um poço para confirmar a presença de combustíveis fósseis num reservatório.
Segundo o ministro, ele já solicitou duas vezes uma reunião com o presidente do Ibama, mas ainda não teve retorno, informa a CNN. Técnicos do órgão novamente recomendaram que se negue a licença para a Petrobras perfurar o poço no bloco 59, mas Silveira tanto acusou os analistas do Ibama de agirem “por convicção”, como disse não acreditar que a licença só sairá depois da COP30, segundo o Metrópoles.
Silveira lamentou a “infelicidade” da Agência Nacional do Petróleo (ANP) chamar a região de “foz do Amazonas”, já que o bloco 59 “está a 200 km do litoral [são na verdade 160 km de Oiapoque] e 500 km da foz”. Só que a área abriga o grande recife amazônico e é diretamente influenciada pelo rio Amazonas, o maior do mundo em volume de água, que, por isso, afeta as correntes marítimas. A própria Petrobras, que vem usando “Amapá Águas Profundas” para tentar “mudar o nome” da bacia, sentiu isso na pele em 2011, quando abandonou um poço após um acidente com vazamento causado pelas fortes correntes.
Enquanto isso, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, retoma um compromisso assumido por todos os países, Brasil incluído, na COP28, em 2023: fazer um “mapa do caminho” para o fim dos combustíveis fósseis, relata o g1. Marina frisou a importância da “agenda de implementação” do que foi decidido em conferências anteriores. “Vamos encarar questões que considero que são raiz do problema: é enfrentar questões das ações voltadas para mitigação, estamos desde a Rio 92 conseguindo avanços que considero relevantes, mas, a partir de agora, não temos mais como, temos que implementar, o mundo já vive efeitos climáticos extremos e não tem como protelar”, justificou a ministra.
No Equador, cerca de 15 mil pessoas na cidade de Quinindé foram afetadas pelo pior vazamento de petróleo dos últimos anos na área. O desastre ocorrido na 5ª feira (13/3), na área de El Vergel, em Quinindé, causou estragos em pelo menos cinco rios por 32 quilômetros, informa a Folha. O Comitê de Operações de Emergência nacional anunciou, no domingo (16), que o Ministério do Meio Ambiente deve declarar emergência ambiental em toda a província e no Refúgio de Vida Silvestre do Estuário do Rio Esmeraldas, lar de mais de 250 espécies.