26 Março 2025
“Para o Papa, pode ser necessário reduzir seus compromissos: audiências, viagens, compromissos públicos. Mas isso não significará uma perda de sua autoridade e de sua capacidade de governar. Ele liderará a Igreja mesmo durante a convalescença, talvez lidando apenas com as questões mais importantes enquanto aguarda sua gradual recuperação total”.
Marcamos um encontro com o Cardeal Giovanni Lajolo, presidente do conselho de administração da Universidade Lumsa, atravessando as Muralhas Sagradas e subindo até o Colégio Etíope.
A entrevista é de Domenico Agasso, publicada por La Stampa, 24-03-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Vossa Eminência, Francisco retornou a Santa Marta. Quais são suas primeiras impressões?
É um ótimo sinal. O Santo Padre ainda precisa de um período de descanso e tranquilidade, mas o retorno à sua casa, ao seu lugar, é alegre e encorajador.
O pontífice ainda parece frágil. Como o governo funcionará na convalescença?
O bispo de Roma se ocupará apenas dos assuntos mais importantes, para os quais ele será sempre consultado. E se procederá exclusivamente de acordo com sua vontade, mesmo nos detalhes. Nos dossiês menos importantes ou menos urgentes, seguiremos o caminho que ele indicou nos últimos 12 anos, enquanto aguardamos sua plena recuperação. Tudo será menos complicado do que muitos pensam.
Como o senhor imagina os ritos da Semana Santa?
É difícil prever agora, talvez o Papa possa presidir a cerimônia sentado. Independentemente de sua presença física, será ele a guiar espiritualmente o povo de Deus, mesmo e especialmente nos dias mais importantes do ano para os católicos.
O senhor prevê um cenário de uma possível renúncia ao pontificado?
Acho e espero que não. Francisco ainda tem energias e uma lucidez extraordinária. Não podemos nos esquecer de que ele já demonstrou uma impressionante capacidade de resiliência. O Papa pode recuperar as forças e voltar à sua tarefa com plenitude. Talvez seja necessário reduzir seus compromissos: menos viagens, menos audiências, menos compromissos públicos, mas isso não significaria uma perda de sua autoridade e de sua capacidade de governar. Seu papel não é definido pela quantidade de eventos dos quais participa, mas pela força de sua mensagem e pela sua presença espiritual. Além disso, o Papa continua a ser um ponto de referência, não apenas para a Igreja, mas para o mundo inteiro. Ele é o pai da família cristã: pode falar menos, pode reduzir suas atividades, mas sua orientação continua sendo fundamental e sua palavra será, se possível, ainda mais incisiva e preciosa.
O senhor foi presidente da Governadorato. Agora, pela primeira vez, essa função é confiada a uma mulher, a irmã Raffaella Petrini.
É uma escolha forte e, ao mesmo tempo, concreta. A Irmã Petrini é uma pessoa de inteligência extraordinária, com um forte senso prático e uma grande capacidade de governança. É enérgica, determinada, com uma incrível gentileza e capacidade de escuta. Tenho grande estima por ela e acredito que, com sua nomeação, Francisco lançou a Igreja para o futuro.