25 Março 2025
O artigo é de Andrés Torres Queiruga, teólogo espanhol, em artigo publicado por Religión Digital, 24-03-2025.
Depois de um artigo crítico sobre o pedido de saúde do Papa durante sua doença, sinto um certo dever de voltar ao assunto em sua cura. Eu também rezaria, se infelizmente tivesse acontecido o contrário. Porque a oração é parte fundamental de todos os momentos e ocasiões da vida religiosa. A única coisa que ele questionou foi apenas uma maneira de orar: a de pedir.
A oração continua. Basta mudar o modo. Alegre-se com Francisco por sua cura. Alegrar-se, por assim dizer, com Deus, porque desta vez Ele alcançou o bom êxito da sua incansável ação amorosa para o bem do mundo. Alegra-te por todos aqueles – talvez sem fé religiosa – que aceitaram o chamado a colaborar com Ele, que todos sentimos no íntimo de nossos corações. Confirme a necessidade de cuidar dos doentes. A todos: a quem está ao nosso alcance, e também a rever as nossas opções sociopolíticas face ao problema da saúde, aqui e nos países cruelmente destituídos e abandonados. Pode ser também uma boa ocasião para cultivar a confiança fundamental de que, aconteça o que acontecer, a nossa vida é acompanhada por Deus, capaz de assegurar o seu sentido mesmo diante da morte.
Mas, pessoalmente, de forma alguma eu pensaria que o Papa foi curado graças às orações, privadas ou massivas, feitas em seu nome por todos. Porque sentiria imediatamente a necessidade de pensar nos "outros", nos inúmeros que morreram deixando os seus entes queridos abatidos. Ou será que Deus não estava atento ou não havia intercessores eficazes para que Ele também "ouvisse e tivesse misericórdia"? E seria cruel pensar na terrível consequência lógica que isso implica: que Deus "pode, mas não quer" salvar da morte, reservando seu amor e poder para casos privilegiados.
Felizmente, o Papa se recuperou. Mas se ele tivesse morrido, confesso que pessoalmente oraria com a mesma fé e a mesma confiança. Porque do Nazareno morto na cruz e do Concílio que fala da autonomia do mundo, aprendi que o mal e a morte não implicam ausência ou desinteresse da parte de Deus. Eles são um produto inevitável da finitude e, infelizmente, muitas vezes também da liberdade humana que ignora o chamado divino, pervertendo seu destino de amor e fraternidade. Eu oraria, agradecendo a Deus por sua companhia, seu chamado incansável para que todos nós façamos o que pudermos para buscar a cura, encorajar o sofrimento e confortar se o fracasso vier.
E acima de tudo, acreditar verdadeiramente, reforçando a convicção de que, apesar de tudo, a morte não tem a última palavra, que – como disse Ernst Bloch, sem acreditar plenamente – os humanos não morrem como gado, sem horizonte ou esperança. Que a própria morte, por mais horrível e aterrorizante que seja (e infelizmente os exemplos nos assaltam todos os dias), não pode impedir-nos de morrer dizendo: "Pai, nas tuas mãos coloco a minha vida".
Então, voltando ao primeiro artigo, o que você acha das petições? Desqualificação total ou simples perda de tempo? Em tudo o que é humano, a moderação é sempre necessária. Apontar uma desvantagem ou um erro não anula toda verdade ou bondade. Aqueles que rezaram assim foram movidos por uma autêntica intenção de bondade e sustentados por razões nascidas do reconhecimento do amor divino e do seu compromisso pelo bem da humanidade. Além disso, para um senso de transcendência e, em última análise, para continuar confiando em qualquer que seja o resultado. Nada disso pode ser negado.
Não se trata de julgar a intenção subjetiva de quem reza. A única coisa que importa é melhorá-lo objetivamente, apagando um aspecto: sua influência negativa na imagem santa de Deus. Apagando toda suspeita de privilégio ou favoritismo, em caso de cura. Ou de inutilidade e absurdo, em caso de morte. Não é bom que os cristãos mantenham uma inércia histórica de que, ao contrário do que São Pedro já exigia em sua Primeira Carta, não podemos "dar uma razão crível" para nossa esperança.