07 Fevereiro 2025
"De fato, a República Democrática do Congo não sofre pela miséria, mas sim por sua enorme riqueza que move os apetites de muitas potências", escreve Tonio Dell'Olio, padre italiano, jornalista e presidente da associação Pro Civitate Christiana, em artigo publicado por Mosaico di Pace, 03-02-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Estão nos vendendo a situação como uma guerra totalmente africana que está sendo travada na periferia do mundo e, embora já esteja acontecendo há 30 anos com uma carga impressionante de vítimas e destruição, parece não interessar a ninguém. Mas, pelo contrário, todos os olhos dos interesses das indústrias hi-tech estão voltados para o Kivu do Norte e para as riquezas que soam como uma condenação para os habitantes daquelas terras.
De fato, a República Democrática do Congo não sofre pela miséria, mas sim por sua enorme riqueza que move os apetites de muitas potências. São esses interesses que armam as mãos dos combatentes do M23 (Muvement du 23 mars), da Afc (Alliance du Fleuve Congo) e das Forças de Defesa de Ruanda, que semeiam terror e morte. Na verdade, a guerra nunca parou e, de tempos em tempos, recrudesce, como aconteceu nos últimos dias em Goma e arredores, e ganha algumas manchetes nos nossos jornais e noticiários.
Mas nem tanto assim! Que não se faça muito barulho! Vai que nossa tecnoeconomia seja prejudicada! Apetite e hipocrisia por parte da União Europeia, da China, da Rússia e dos EUA, que sabem muito bem que o principal jogo para colocar as mãos no coltan, no cobalto, no tungstênio e em outros materiais está sendo jogado lá. A coerência sugeriria, no mínimo, a imposição das mesmas sanções impostas à Rússia para a Ruanda. Pelo contrário, justamente um ano atrás (19 de fevereiro de 2024), a União Europeia assinou com aquela nação um protocolo para exportar minerais que não possui e saqueia no Congo.