23 Janeiro 2025
“O fantasma é a operação do sujeito para ocultar o vazio que o constitui. É a promessa de uma plenitude fracassada que provoca uma expansão megalomaníaca”, escreve Jorge Alemán, psicanalista e escritor, em artigo publicado por Página/12, 23-01-2025. A tradução é do Cepat.
De novo o mesmo mantra: “Trump não pode ser tão estúpido” e torpe a ponto de chegar aí e conseguir capturar a opinião pública norte-americana e, portanto, é considerado uma arrogância intelectual “progressista” pensar assim. Ouvi esse argumento repetido na Argentina com a Coisa que governa.
Parece que é como se estivesse proibido pensar em que condições uma sociedade, em determinadas conjunturas históricas, tem a possibilidade de levar um fascista oligarca e ignorante ao poder.
O fantasma é a operação do sujeito para ocultar o vazio que o constitui. É a promessa de uma plenitude fracassada que provoca uma expansão megalomaníaca. De forma perversa, o sujeito se sente um instrumento de Deus para gozar dos outros como se fossem a escória que só existe para tapar buracos em seus orifícios eróticos.
Seria necessário separar, de uma vez por todas, o termo perversão das práticas sexuais e mostrar que esses fantasmas, que combinam “Kant com Sade” (Lacan), em uma nova relação com os outros, agora, encontram a sua oportunidade histórica no pós-neoliberalismo e em sua realização do fantasma fascista. Os gestos nazistas de Elon Musk, nesta perspectiva, não estabelecem uma coincidência histórica com os membros do nacional-socialismo da Segunda Guerra Mundial, mas constituem sua apropriação fantasmática.