21 Outubro 2024
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
O Papa, que gosta de ouvir, encontrou-se este sábado com dois grupos aos quais ao longo da história a Igreja não prestou muita atenção, mulheres e leigos. Dois grupos representados nesta ocasião por quantos participam de diversas formas na Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que se realiza na Sala Paulo VI do Vaticano.
A iniciativa, promovida por eles mesmos, foi aceita pelo Santo Padre. O atual pontificado deu passos em relação às mulheres e aos leigos, cada um os avaliará à sua maneira, pois as avaliações pessoais são sempre diversas. Ninguém pode negar que, por exemplo, no Sínodo, as mulheres e os leigos hoje têm voz e voto, o que para eles é um sinal de alegria, visto que lhes foi aberta a possibilidade de participar nos processos de discernimento, uma dinâmica de grande importância na Igreja atual.
Quem ganha com esta proximidade é a própria Igreja, pois se fortalecem as redes entre as diversas vocações, ministérios e serviços. Se quisermos que a missão da Igreja, o anúncio do Evangelho, a construção do Reino de Deus estejam presentes entre nós, o batismo deve ser o ponto de partida, o Povo de Deus como um todo deve assumir aquele chamado de Jesus aos seus discípulos.
Na Sala Sinodal, nas mesas redondas, a presença leiga e feminina tem sido de grande importância. São eles que melhor conhecem a vida quotidiana da Igreja de base, os detalhes da missão quotidiana. Ouvir isto é algo de grande valor para o atual pontífice, pois é uma oportunidade de aproximar-se do sensus fidei fidelium, do sentido da fé dos fiéis, de todo o Povo de Deus.
O conteúdo das conversas mantidas ao longo da audiência não foi revelado, mas não há dúvida de que deve ter sido um momento de graça, um tempo de Deus para muitas pessoas, que terão descoberto nos poucos minutos ao lado do Santo Padre uma inspiração, uma forte motivação, não só nas suas palavras, mas sobretudo nas suas atitudes, na sua abertura à escuta, que o leva a chegar cedo às sessões do Sínodo e a sentar-se para atender a longa fila que se forma, em que obviamente há lugar para mulheres e leigos.
De fato, alguém que participou no encontro afirma que “foi significativo ouvir as mulheres dos diferentes continentes, aquela soma de vozes e sensibilidades unidas no desejo de ser uma Igreja sinodal e missionária. Todos tão diferentes e tão dispostos a caminhar juntos, a abrir portas, a comunicar a Boa Nova. É uma alegria sentir-nos irmãs.”
Na Igreja de Francisco há lugar para todos, e todos são ouvidos, todos, todos, mesmo aqueles a quem a Igreja ao longo da sua história fez ouvidos moucos. Na Igreja Sinodal haverá muitas mulheres e muitos leigos que continuarão a dar o ombro para avançar, para que este modo de ser Igreja se instale na base, nas comunidades, onde muitas vezes, embora alguns queiram para os calar, eles continuam a dar testemunho. Com a sua palavra e com o seu modo de viver, vale a pena levar a Boa Nova até aos confins do mundo.
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Papa Francisco encontra-se com mulheres e leigos do Sínodo, pouco ouvidos na história da Igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU