16 Outubro 2024
Sinais de mudança na Igreja Romana e forte resistência a ela: o debate no Sínodo dos Bispos, na metade de sua jornada (terminará em 27 de outubro), manifesta perspectivas contrastantes, por isso é difícil, por enquanto, entender como a Assembleia terminará. Naturalmente é impossível relatar aqui as dezenas de discursos (dos quais, como regra, apenas breves resumos filtram fora do Sínodo); no entanto, embora de forma limitada, vazam contribuições significativas, mesmo sobre temas tabus.
A reportagem é de Luigi Sandri, publicada por L'Adige, 14-10-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Alguns deles, como a admissão de mulheres diáconas, foram, por vontade do papa, retirados da discussão: mas o que não entrou pela porta agora entra pela janela. Assim, dom Antony Randazzo, presidente da Federação das Conferências Episcopais da Oceania, argumentou que lá “é apenas uma pequena minoria com voz ocidental que está fixada na questão da ordenação de mulheres que vem se arrastando há anos”; no entanto, ele acrescentou, “o verdadeiro escândalo é que as mulheres são muitas vezes ignoradas”.
Mas, ficamos sabendo, que em um grupo linguístico foi reiterado “que há mulheres que sentem o chamado de Deus e pedem para ser ordenadas”. Portanto, foi solicitado que “haja uma participação feminina no Grupo de Estudos sobre ministérios e carismas e que o resultado do trabalho desse grupo possa ser discutido em um espaço sinodal”. Ao instituir em março os Grupos de Estudo (são dez deles, sobre igual número de temas), o papa confiou à secretaria do sínodo e à Cúria a formação desses grupos, com a tarefa de apresentar suas perspectivas a ele até junho de 2025. No entanto, a proposta de que estamos falando sugere que deveria caber a um Sínodo, e não a um pequeno grupo, aprofundar o tema do diaconato feminino.
Na mesma direção, mas sobre outro tema espinhoso, vai a intervenção do cardeal-arcebispo espanhol Dom Cristobal Lopez Romero, de 72 anos, da arquidiocese de Rabat, no Marrocos, desde 2017. Referindo-se ao documento do Vaticano de dezembro passado, Fiducia supplicans, que introduziu a bênção a pessoas do mesmo sexo, o cardeal afirmou: “O texto deveria ter passado por um percurso sinodal; não veio do Sínodo, mas do Dicastério para a Doutrina da Fé. Minha Conferência Episcopal se pronunciou de forma diferente; não fomos consultados.
O continente africano se pronunciou (contra) sem ter consultado toda a África. De fato, o cardeal-arcebispo Dom Fridolin Ambongo Besungu, da arquidiocese de Kinshasa, presidente do Secam (Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar) nos pediu desculpas”. Traduzimos do eclesialês: o cardeal hispano-marroquino critica Bergoglio por ter confiado à Cúria, e não ao Sínodo, a delicada questão das bênçãos às pessoas LGBTQ+, com a consequência de que quase todas as conferências episcopais africanas contestaram a “Fiducia supplicans”. A liberdade de expressão de Lopez impressionou vários observadores, que, portanto, o classificaram como “papável”. Veremos.
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Sínodo dos Bispos, claros-escuros eclesiais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU