O arcebispo de Manaus afirmou este sábado que o papel da mulher “é fundamental” na Igreja da Amazônia e admitiu a reintrodução do diaconato feminino.

A reportagem é publicada por 7 Margens, 12-10-2024.

“Essas questões estão muito tensas na Igreja. Não deveríamos deixar de discutir e refletir. E se, numa hora, chegarmos à conclusão que, no passado, havia o diaconato feminino, por que não o reintroduzir, como foi reintroduzido o diaconato permanente?”, questionou o cardeal-arcebispo Dom Leonardo Steiner.

Durante a coletiva de imprensa de apresentação da peregrinação internacional de outubro ao Santuário de Fátima, o religioso brasileiro, que participa nos trabalhos do Sínodo dos Bispos em Roma, assim como o bispo de Leiria-Fátima, referiu-se à participação dos batizados nas comunidades da Arquidiocese de Manaus, onde muitas são coordenadas por mulheres e “exercem ministérios que os diáconos exercem”.

Leonardo Steiner disse que “impõe as mãos” às mulheres que exercem, por exemplo o ministério para o batismo, para testemunhas do matrimônio, considerando que vão “celebrar um sacramento”.

O arcebispo considera que é necessário aprofundar alguns elementos sobre a questão da ordenação diaconal das mulheres, em nível histórico, afirmando o atual momento “muito difícil na Igreja, de tensão quanto a essas questões”.

“Ainda tem muita conversa a ser feita”, afirmou, referindo que uma das dez comissões da Assembleia do Sínodo dos Bispos vai ocupar-se do tema da ordenação diaconal feminina.

Leonardo Steiner lembrou a afirmação do Papa sobre o tema da ordenação diaconal das mulheres, sublinhando a importância de continuar a “discutir, debater, levar a discussão adiante”, mas não se mostrando disponível para “dividir a Igreja”. Na entrevista coletiva, em Fátima, o prelado brasileiro recordou os “quatro sonhos” do Papa Francisco para a Igreja na Amazônia, o sonho social, cultural, ambiental e eclesial, valorizando a a realidade “multiforme” e de “diferentes culturas e das diferentes religiosidades” no território.

O cardeal-arcebispo disse ainda que é necessário não “ter receio de falar de política”, lamentando uma “fase extremamente difícil” que o país está a viver. Presente em Fátima pela primeira vez, Dom Leonardo Steiner presidiu as celebrações dos dias 12 e 13 de outubro.

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