Com fogo recorde, ventos que deveriam levar umidade da Floresta Amazônica para o restante do país se transformaram em “rios de fumaça” carregados de material particulado.
A informação é publicada por ClimaInfo, 22-08-2024.
A umidade natural da Floresta Amazônica não permitiria tantos focos de calor como os que vêm sendo registrados no bioma neste ano. Mesmo diante de uma nova seca que deve ser tão severa como a de 2023, ambas agravadas pelas mudanças climáticas causadas pela queima de combustíveis fósseis.
“A fonte de ignição constante que fomenta esse cenário de emergência ainda é a ação humana personificada em condutas criminosas – com destaque ao desmatamento ilegal”, lembra Luna Galera no Um só planeta. É a ação humana, aproveitando-se do bioma fragilizado por eventos extremos oriundos da crise climática, que incendeia a Amazônia e gera números recordes.
De janeiro até agora, a floresta já registrou 59 mil focos de fogo. O número é o maior desde 2008 e deve aumentar, destacam g1 e Terra. Só em agosto já foram mais de 22 mil focos de incêndio. Em igual período do ano passado, foram 12 mil. Este é o pior momento para a Amazônia neste período dos últimos 17 anos.
A Floresta Amazônica é responsável por “espalhar” umidade para o resto do país e nações vizinhas, por meio de corredores de vento conhecidos como “rios voadores”. Agora, porém, com as queimadas sem fim, esses corredores viraram “rios de fumaça”, carregando densas nuvens de material particulado para outras regiões, explica a Amazônia Real.
Os ventos que partem da Amazônia também trazem fumaça de queimadas no Pantanal, outro bioma que vem batendo recordes de incêndios. Ao contrário dos rios amazônicos e pantaneiros, a cada dia mais secos e minguados, os “rios de fumaça” estão cada vez mais carregados dos perigos do carbono tóxico, emitido pela queima da vegetação.
A fumaça tóxica já atinge 10 estados brasileiros, até o Sul do país, lembra a Folha. A situação continua até o fim da semana, quando uma frente fria pode desviar o rumo dessa trajetória entre diferentes regiões do Sul e do Sudeste ou mesmo orientá-la de volta para o Norte. Ou seja, a área atingida pela fumaça ainda deve aumentar.
Adriana Gioda, do Departamento de Química da PUC-Rio e especialista em qualidade do ar, explica n’O Globo que a fumaça das queimadas é composta basicamente por material particulado. Os particulados mais finos, chamados de PM2.5, são os poluentes com maior impacto na saúde global e estão associados às mortes de milhões de pessoas no mundo a cada ano.
“A cada dia, uma pessoa adulta respira em média 15 mil litros de ar. Se esse ar for poluído e a exposição significativa, significa aumento do risco para a saúde, que podem ir de alergias e mal-estar a complicações mais sérias”, ressaltou.
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Brasil em chamas: Amazônia tem pior temporada de queimadas em 17 anos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU