21 Novembro 2023
"Mas neste fim de semana decisivo para a Argentina, é significativo observar como as acusações de Viganò se sobrepõem àquelas de outro adversário do bergoglismo: o populista ultraliberal Javier Milei, também conhecido como el loco, candidato à presidência", escreve Fabrizio D'Esposito, professor italiano, em artigo publicado por Il Fatto Quotidiano, 20-11-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mais do que críticas, uma série impressionante de insultos. O Papa Francisco tem “finalidades subversivas” para “destruir a Igreja” e “condenar as almas”. Por sua vez, a Igreja tornou-se um “novo Sinédrio de renegados”, repleto de bispos “mercenários” traidores e vis que se venderam a Roma como os pastores que permaneceram fiéis a Henrique VIII – na época do cisma anglicano – para não "perder rendimentos e benefícios". Tudo, obviamente, causado pelo “tumor” da revolução conciliar, agora uma “metástase”.
O grande Sínodo bergogliano acaba de se encerrar e a direita clerical sobe o nível do conflito dentro da Igreja franciscana. Como sempre é o famigerado Dom Carlo Maria Viganò o líder da conspiração que grita em nome da doutrina e da tradição e, acima de tudo, do ódio contra o pontífice jesuíta. A sequência relatada no início é um simples resumo de seus insultos mais recentes (e não todos). Embora tenha rompido com outros e vários expoentes da composta frente clerical (o mais recente é D. Athanasius Schneider, bispo do Quirguistão), o inefável Viganò, ex-núncio apostólico nos Estados Unidos continua sendo a voz mais ouvida e reverenciada da rede anti-Bergoglio. Mas o que mais impressiona agora é o silêncio oficial do Vaticano em relação a ele. O que mais Viganò deve fazer ou dizer para ser excomungado? Claro, é fácil compreender esse silêncio.
O objetivo é de não conceder ao arcebispo rebelde a coroa de mártir e de perseguido. A esse ponto, porém, seria apenas um detalhe. Porque o clericalismo de direita encarnado pelo ex-núncio está há muito tempo fora dessa Igreja sinodal da misericórdia. Não por caso Viganò, juntamente com um nobre toscano da Tradição, com letra maiúscula, fundou uma associação que se chama Exsurge Domine. Ele desmente ter fundado uma igreja paralela, mas nos fatos e nas características é. Basta ler: “Fazer frente como for possível à apostasia da Hierarquia, para salvaguardar a Fé Católica, a Missa que é a sua expressão e as almas dos fiéis redimidos pelo Sangue de Cristo. Por isso nasceu a associação Exsurge Domine, com o objetivo de prestar assistência espiritual e material aos sacerdotes e aos religiosos perseguidos pela fúria bergogliana, porque sem eles os fiéis seriam privados das armas espirituais indispensáveis nesta batalha histórica". Batalha contra Bergoglio, é evidente. Apóstata. E herege daquela heresia modernista que é “a cloaca de todas as heresias” (aqui Viganò cita São Pio X).
Mas neste fim de semana decisivo para a Argentina, é significativo observar como as acusações de Viganò se sobrepõem àquelas de outro adversário do bergoglismo: o populista ultraliberal Javier Milei, também conhecido como el loco, candidato à presidência. No início de setembro, Milei insultou o Papa Francisco como “representando o Mal na Casa de Deus”, bem como “imbecil e pessoa nefasta”. Conclusão: Bergoglio faz “políticas eclesiais de merda".
Mas realmente a direita clerical só sabe criticar o Papa com o método apodítico do insulto?
Que pena!
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Direita clerical. De Viganò a Milei, o catálogo dos insultos a Francisco “herege” e “apóstata”. Artigo de Fabrizio D'Esposito - Instituto Humanitas Unisinos - IHU