"Fotos de adultos e crianças que morreram de sede, fome e calor no deserto entre a Tunísia e a Líbia perturbam o sono e a consciência".
A opinião é de Tonio Dell’Olio, padre, jornalista e presidente da associação Pro Civitate Christiana, em artigo publicado por Mosaico di Pace, 27-07-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
As fotos de adultos e crianças que morreram de sede, fome e calor no deserto entre a Tunísia e a Líbia perturbam o sono e a consciência. Não podemos ficar indiferentes à deportação de migrantes realizada pelas forças armadas da Tunísia naquele deserto e naquele outro às portas da Argélia.
Tinham a intenção de deixá-los morrer longe dos olhares indiscretos do mundo, deixando-os sem água e sem um pedaço de pão, mas, ao contrário, hoje tomamos ciência que o dinheiro da Europa e da Itália cada vez mais será empregado para operações desse tipo. Terceirizamos as execuções daqueles que se macularam de crimes de pobreza ou guerra sofrida ou de ameaças a seus direitos.
É impensável que permaneçamos parados diante de governos que se comportam como quem arma a mão de um matador. Não saberia com que outras metáforas descrever esse horror de mortes anônimas que Nello Scavo das páginas do Avvenire hoje consegue arrancar de alguma forma à conivência do silêncio culpado e do anonimato apaziguador. Diante do deserto africano não deve estar também o deserto da nossa humanidade. Vamos fazer alguma coisa.
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