11 Janeiro 2022
"Houve um encontro privado entre os dois patriarcas. Ambos os lados evitaram agigantar a espinhosa questão, que permaneceu um ponto quente. Agora está explodindo. E o cisma está em andamento", escreve Francesco Strazzari, teólogo italiano, em artigo publicado por Settimana News, 10-01-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
De 25 a 27 de julho de 2008, foi celebrada em Kiev, capital da Ucrânia, a memória solene da conversão do reino da Rus' à fé cristã. Em 988, o príncipe Vladimir se fez batizar com o povo nas águas do Dnieper.
As mais altas hierarquias da Igreja Ortodoxa participaram daquele aniversário, Bartolomeu I, patriarca ecumênico de Constantinopla, e Alexis II, patriarca de Moscou e de todas as Rússias. Concelebraram a Eucaristia Bartolomeu, Alexis e Husar, arcebispo maior dos greco-católicos em suas igrejas.
Bartolomeu e Alexis concelebraram na área metropolitana acima do rio Dnieper, diante do monumento de São Vladimir e depois se encontraram em particular. Foi um encontro que foi definido de "histórico".
Sabe-se que Moscou considera a Ucrânia seu território canônico e Kiev o berço da ortodoxia. O presidente Viktor Yuscenko, então no cargo, pró-ocidental, defendia uma Igreja "nacional" que lhe desse um apoio consistente nas contínuas disputas com Moscou. A minoria pró-russa estava obviamente do lado de Alexis de Moscou e com os líderes políticos russos.
O presidente reservou ao patriarca ecumênico de Constantinopla uma calorosa recepção: era o primeiro patriarca de Constantinopla a visitar a Ucrânia em 350 anos. Ao recebê-lo no aeroporto, confirmou os votos de uma "Igreja nacional autônoma na Ucrânia" e pediu-lhe a sua bênção "para este sonho, esta verdade, esta esperança para o nosso Estado, para a Ucrânia", expressão demasiado forte que irritou o patriarca Alexis.
Isso deixou furioso o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, que, já em janeiro de 2008, havia alertado os políticos ucranianos para não se tornarem paladinos de uma igreja nacional ucraniana.
Houve um encontro privado entre os dois patriarcas. Ambos os lados evitaram agigantar a espinhosa questão, que permaneceu um ponto quente. Agora está explodindo. E o cisma está em andamento. Em Moscou está o Patriarca Cirillo, que certamente não é Alexis, cuja fama e popularidade estão em forte ascensão, tanto que se pede sua canonização.
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Constantinopla – Moscou: sinais de cisma - Instituto Humanitas Unisinos - IHU