12 Agosto 2021
Mais de 250 teólogos, lideranças da Igreja, escritores e acadêmicos apoiaram uma declaração que convoca os católicos para apoiar as proteções a não-discriminação de LGBTQIA+.
A reportagem é publicada por New Ways Ministry, 11-08-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Intitulada “Um Lar para Todos: Um chamado para a Não-Discriminação LGBTQ”, a declaração foi feita pelo New Ways Ministry. O National Catholic Reporter ofereceu informações sobre o apoio a esta declaração, incluindo uma declaração de Francis DeBernardo, diretor-executivo do New Ways Ministry:
“Nossa leitura da doutrina católica diz que os católicos deveriam apoiar a não-discriminação, e isso parece tão claro em todos os documentos da Igreja sobre dignidade humana, igualdade, respeito e justiça social. A posição católica é que significa todos, independentemente da condição da pessoa na vida, e se inclui todos, então inclui LGBTQIA+. Não é uma situação de escolha e preferência. Tem que ser universal”.
A reportagem do NCR incluiu comentários de vários teólogos que endossaram a declaração:
María Teresa Dávila, professora de estudos religiosos e teológicos no Merrimack College em North Andover, Massachusetts, disse ao NCR que a declaração do New Ways Ministry abre uma conversa importante e necessária baseada no princípio da dignidade humana.
“Está alicerçado no ensino social católico. Honra a Igreja como uma instituição que vale para tantas pessoas e guarda a verdade sobre Cristo e a salvação para tantas pessoas. A declaração honra tudo isso”.
Steven Millies, que dirige o Centro Bernadin da União Teológica Católica, observou:
“O que eu acho que realmente se destaca sobre esta afirmação é o quão cuidadosamente argumentado é para fazer um ponto muito estreito, mas muito importante, visto que a lei civil não é necessariamente o lugar para defender a posição cristã sobre a antropologia humana”, disse ele.
“Acho que isso tem muitos paralelos com outros problemas que temos”, disse ele. “É certo que a Igreja pode e deve expressar um ponto de vista sobre as questões políticas e sociais, mas também é verdade que, no fundo, o foro civil não é realmente o mesmo que o foro eclesiástico, nem deveria ser. E sabemos que a Igreja não quer que seja, porque todo apelo pela liberdade religiosa é um apelo para separar o foro eclesiástico do civil”.
Massimo Faggioli, professor da Villanova University, chamou a declaração de “muito equilibrada”, acrescentando que, dado que se trata de um projeto de longo prazo, “é preciso haver uma conversão em termos dos métodos que usamos para discutir essas questões”. Essa conversa é necessária para a “sobrevivência cultural e intelectual da Igreja Católica, especialmente nos Estados Unidos”.
DeBernardo comentou em uma declaração separada:
“A não-discriminação a LGBTQIA+ está sendo debatida em todos os níveis de nossa sociedade, e a perspectiva católica sobre esta questão é frequentemente mal interpretada, mesmo por alguns líderes da igreja. Os católicos que estudaram e refletiram profundamente sobre este tema concordam que a não-discriminação é a posição católica mais autêntica”.
Outros notáveis signatários são dom Thomas J. Gumbleton, bispo emérito da Arquidiocese de Detroit; irmã Helen Prejean, irmã de São José de Medaille e militante histórica contra pena de morte; Richard Rodriguez, autor de “Hunger of Memory”; Garry Wills, autor “Lincoln em Gettysburg”; irmã Simone Campbell, fundadora de “Nuns on the Bus”; Ron Hansen, autor de “Mariette in Ecstasy”; Mary Gordon, autora de “Men and Angels”; Gregory Maguire, autor de “Wicked”.
Signatários do mundo acadêmico incluem alguns dos principais nomes da teologia católica: padre Bryan Massingale, irmã Margaret Farley, M. Shawn Copeland, Richard Gaillardetz, irmã Elizabeth Johnson, padre Charles Curran, María Pilar Aquino, irmã Ilia Delio, Massimo Faggioli e o jesuíta David Hollenbach.
Também assinaram Mary McAleese, ex-presidente da Irlanda; Miguel Diaz, ex-embaixador dos Estados Unidos na Santa Sé; e Mary Novak, diretora-executiva da NETWORK, uma rede de lobby católico de justiça social. (Para ver a lista completa de apoiadores, confira este link).
Mais de 50 organizações católicas endossaram a declaração, incluindo 35 comunidades de mulheres e homens com votos. Estes incluem Pax Christi USA, Associação de Padres Católicos dos EUA, Conferência de Ordenação de Mulheres, Quixote Center e aNETWORK Lobby for Catholic Social Justice.
No futuro, a declaração teológica também servirá como base para um panfleto educacional pela não-discriminação contra a população LGBTQIA+, que o New Ways Ministry publicará nos próximos meses. A publicação estará disponível para paróquias, escolas e outras instituições católicas para uso como uma ferramenta de educação e discussão.
Todos os católicos são bem-vindos para endossar a declaração. Se desejar adicionar seu nome a “Um Lar para Todos”, você pode fazê-lo clicando neste link. O prazo para assinar é 30 de agosto de 2021.
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Lideranças católicas elogiam a declaração contra a discriminação de LGBTQIA+ - Instituto Humanitas Unisinos - IHU