EUA. D. Viganò lança a “election novena” para Trump

Foto: Jernej Furman | Flickr CC

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

15 Setembro 2020

"Agora Viganò promoveu uma grotesca Cruzada do Rosário para propiciar a vitória de Trump em novembro. Orar nos 54 dias que faltam até 4 de novembro: a iniciativa foi anunciada em 8 de setembro pelo LifeSiteNews, um dos sites canadenses mais influentes do preconceito doutrinário. Election novena. Suspiro!", escreve Fabrizio D'Esposito, em artigo publicado por Il Fatto Quotidiano, 14-09-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Na colorida galeria do duro e puro antibergoglismo destaca-se cada vez mais o perfil de comediante trágico de D. Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico nos Estados Unidos que ainda se vale do título de arcebispo. Ele se tornou conhecido na época do Vatileaks 1 – o escândalo do Vaticano que contribuiu para a clamorosa renúncia de Bento XVI ao pontificado – na era franciscana Viganò foi transfigurou em arauto da direita clerical, convencido de que "uma conspiração maçônica mundial" quer destruir a Igreja através do próprio Bergoglio (comparado ao Anticristo do Apocalipse) e favorecer uma Nova Ordem baseada na homossexualidade, aborto e eutanásia. Também por isso, explicou o arcebispo no começo do ano, o Senhor enviou o "castigo divino" do Covid.

Durante o verão do hemisfério norte, no entanto, a ofensiva do antipapa Viganò (que neste papel destronou o peso-pesado estadunidense cardeal Burke) atingiu mais um ponto sem volta em sua guerra à misericórdia de Francisco. Por um lado, empreendeu uma grosseira campanha contra a "heresia" de todo o Concílio Vaticano II. Pelo outro lado, Viganò se destacou no apoio a Donald Trump nas próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos.

Aliás, no início de junho, o próprio Trump relançou no Twitter uma carta do bispo na qual se lia que o assassinato de Floyd e o Black Lives Matter teriam sido tramados pela "conspiração maçônica mundial" que quer derrubar o presidente. Portanto, agora Viganò promoveu uma grotesca Cruzada do Rosário para propiciar a vitória de Trump em novembro. Orar nos 54 dias que faltam até 4 de novembro: a iniciativa foi anunciada em 8 de setembro pelo LifeSiteNews, um dos sites canadenses mais influentes do preconceito doutrinário. Election novena. Suspiro!

Na carta em que ilustra as razões dessa novena eleitoral inédita, o arcebispo cita uma das frases mais polêmicas e enigmáticas de Jesus, do Evangelho de Mateus. Regnum caelorum vim patitur et violenti rapiunt illud. “O reino dos céus sofre violência e os violentos o tomam pela força”. Exegetas famosos da Palavra escreveram sobre uma interpretação "ativa" e outra "passiva", por sua vez dividida em "positiva" e "negativa". Na "passiva positiva" especifica-se que a violência de Deus é diferente da violência humana: é "santa" e pode ser entendida como uma conversão radical entre a ascensão e a penitência. A segunda negativa, mais literal, reconhece o assalto do Mal ao Céu: nessa passagem de Mateus, Jesus fala do Batista, que depois foi decapitado.

Viganò adere à sua maneira à "santa violência" da oração e termina com a invocação ao Deus dos Exércitos: “Oramos pelos Estados Unidos da América; oramos por nosso presidente; oremos pela sua vitória, que o Senhor Deus dos Exércitos – Dominus Deus Sabaoth – lhe concederá, se souber colocar-se sob a sua proteção e quiser tornar-se paladino dos justos e defensor dos oprimidos. Rezamos para que se descubram as armadilhas que o inimigo invisível trama nas sombras, e que sejam derrotados aqueles que querem promover o vício e o pecado, a rebelião contra os mandamentos de Deus e as próprias leis da natureza”. Um delírio digno de um verdadeiro fariseu.

Leia mais