19 Junho 2020
“Sinto-me tão honrado... Espero que todo mundo, seja religioso ou não, leia a carta”, escreveu o presidente dos EUA Donald Trump, em tuíte com o link para a carta que dom Carlo Maria Viganò lhe direcionou.
“Acontece que forças internacionais indeterminadas (uma suposta nova ordem mundial), desprovida de qualquer princípio moral e ávidas de dinheiro e poder, estão atentando contra os valores da pátria, da família e do povo”, escreveu o ex-núncio apostólico, inimigo declarado do papa Francisco.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 18-06-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Deus os cria... O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agradeceu ao ex-núncio apostólico Viganò pelo seu apoio frente aos protestos pela morte de George Floyd. O ex-núncio, que pediu em 2018 pela renúncia do papa Francisco e que se tornou em marionete da ultradireita religiosa, tanto nos EUA quanto na Europa, defendeu Trump contra o que considera ser “um complô político”.
“Sinto-me tão honrado pela incrível carta que me enviou o arcebispo Viganò. Espero que todo mundo, seja religioso ou não, leia a carta!”, escreveu o mandatário estadunidense em um tuíte, no qual compartilha o artigo escrito por Viganò e espalhado na rede pelos tentáculos da ultradireita política e eclesial.
Na carta, Viganò vinculava os protestos contra o racismo – condenados com dureza pelo papa Francisco – com a crise do coronavírus, que chamava de “colossal operação de engenharia social” contra a qual deve lutar.
“Acontece que forças internacionais indeterminadas (uma suposta nova ordem mundial), desprovida de qualquer princípio moral e ávidas de dinheiro e poder, estão atentando contra os valores da pátria, da família e do povo”, escreve Viganò. No mesmo texto, o ex-núncio denuncia “os filhos da escuridão”, que “estão livrando uma guerra” e “decidiram mostrar suas cartas ao revelar seus planos”.
“As investigações já em curso revelarão a verdadeira responsabilidade dos quais manejaram a emergência da covid-19, não somente na área da atenção médica, mas também na política, economia, e os meios de comunicação”, defende Viganò. E assegura que assim “descobriremos que nesta colossal operação de engenharia social há pessoas que decidiram o destino da humanidade, e se impuseram o direito de atuar contra a vontade dos cidadãos e seus representantes”. Viganò não se cortava tampouco em vincular o coronavírus e os protestos pelo assassinato de George Floyd.
Leia mais
- EUA. Padres e paróquias compartilham carta de Viganò a Trump
 - Prezado Dom Carlo M. Viganò: o senhor está certo, um conflito cósmico paira sobre nós
 - Católicos conservadores ficarão horrorizados com a mais recente carta de Viganò?
 - Complôs. Monsenhor Viganò, “comediante” da direita anti-Bergogliana sem líderes sérios
 - Trump-Viganò: o Rasputin italiano
 - Ataque de Trump ao papado deve sair pela culatra
 - Vaticano. Entre os escândalos, o caso Floyd e Trump, a direita continua em guerra contra Francisco
 - Viganò e o vírus. Usando a pandemia para minar o Papa Francisco. Artigo de Massimo Faggioli
 - Movimento “Q”: os linhas-duras políticos e religiosos no coração do governo Trump
 - Viganò e o terceiro segredo de Fátima: o que poderia dar errado?
 - A carta de Viganò, um ano depois. As brechas intracatólicas estão aumentando? Artigo de Massimo Faggioli
 - O estranho caso de Viganò. O que mais ele tem que dizer para ser formalmente censurado?
 - Os bispos alemães, “atônitos” diante das teorias da conspiração de Müller, Viganò e os ultraconservadores
 - O que sabemos do amor de Trump pela Bíblia
 - Pesquisa: apoio a Trump cai entre católicos brancos em meio a pandemia e protestos
 - A estratégia “Bíblia e fuzil”. Assim, Trump desafia os protestos
 - Trump divide as igrejas dos EUA. Artigo de Massimo Faggioli
 - Igrejas contra Trump: uso da fé
 - Trump coloca seu país e o cristianismo em perigo
 - Arcebispo Wilton Gregory 1x0 Trump e Cavaleiros de Colombo
 - Primaz anglicano diz que Trump usou Bíblia e templo para fins políticos partidários