23 Março 2020
"O vírus da Lombardia mudou? Existem mortes demais na Lombardia, mais do que em toda a China. Deve ter uma razão. Enquanto isso, vamos dar espaço e confiança à ciência", escreve Maria Rita Gismondo, diretora responsável pela Clínica de Microbiologia, virologia e diagnóstico de bioemergências, Milão, Itália, em artigo publicado por Il Fatto Quotidiano, 22-03-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
As pessoas que me ligam e que, antes, eu encontrava, me perguntam quando isso terminará. Respondo que não posso dar uma data, mas apenas tentar hipóteses que poderiam mudar ao longo do tempo, e todo mundo fica decepcionado. Da ciência se espera certeza e imortalidade. Não se quer aceitar que a ciência é ciência, justamente porque sempre estamos discutindo, nunca temos certeza de nada. Isso é o que impulsiona a pesquisa. E muitos estão prontos para apontar o dedo porque você fez uma afirmação, sem considerar o contexto, os dados do momento. Muitos mais ainda te condenam se você não souber propor um remédio para cada mal. A nossa sociedade não leva em consideração que podemos ficar doentes e não nos recuperar. Não é assim. E acima de tudo, quando nos deparamos com um fenômeno absolutamente novo, do qual dia após dia se tenta entender alguma coisa, pera descobrir no dia seguinte que não é bem assim. E agora estremeço ao dizer que talvez a infecção do novo Coronavírus não ocorra apenas com as gotículas emitidas pela fala. De fato, um trabalho publicado recentemente demonstra a presença do vírus nas fezes de indivíduos positivos.
Será necessário demonstrar que é suficiente para produzir uma infecção, mas os resultados preliminares justificam uma atenção também a esses possíveis meios de contágio. Enquanto isso, como diz o autor do estudo, "Lave as mãos depois de usar o banheiro". E já que estamos no tema, desculpe-me se eu lançar outra incerteza. O vírus da Lombardia mudou? Existem mortes demais na Lombardia, mais do que em toda a China. Deve ter uma razão. Enquanto isso, vamos dar espaço e confiança à ciência.
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O SarsCov2 mudou? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU