De uma Igreja-mestra patriarcal para uma Igreja-aprendiz feminista. Artigo de Gabriel Vilardi

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04 Dezembro 2025

Talvez em um mundo com menos certezas masculinas e visões dogmáticas clericalistas, então os abusos serão menos frequentes e tolerados. Para tanto, é imprescindível se abrir para o Amor. Porque quem ama admite a fragilidade e só quem é frágil permite se corrigir e enfrentar suas obscuridades. É preciso passar de uma Igreja-mestra para uma Igreja-aprendiz que se abra a outros modelos de exercício de autoridade, sem autoritarismos, violências ou imposições senhoriais.

O artigo é de Gabriel dos Anjos Vilardi, jesuíta, bacharel em Direito pela PUC-SP e bacharel em Filosofia pela FAJE. É mestrando no PPG em Direito da Unisinos e integra a equipe do Instituto Humanitas Unisinos – IHU

Eis o artigo.

“Neste mundo líquido, é necessário voltar a falar do coração; indicar onde cada pessoa, de qualquer classe e condição, faz a própria síntese; onde os seres concretos encontram a fonte e a raiz de todas as suas outras potências, convicções, paixões e escolhas”, lembrou o Papa Francisco (DILEXIT, 2024, p. 11-12). Ou seja, é preciso apostar sempre mais no autoconhecimento e na capacidade de lidar com as próprias emoções e corporeidade – sem se refugiar em um intelectualismo abstrato. “Quando não se consideram as especificidades do coração, perdemos as respostas que a inteligência por si só não pode dar, perdemos o encontro com os outros, perdemos a poesia” (DILEXIT, 2024, p. 13). E na Igreja não se está isento do risco de se cair em um embrutecimento desencarnado e abusivo.

A chaga dos abusos segue dilacerando muitos setores na sociedade. Se os primeiros escândalos que atingiram a Igreja levaram ao estupor e à indignação de tantos – e com toda razão, uma vez que a instituição se colocou em um pedestal elevado –, infelizmente, a crise se estendeu para o esporte, para as artes visuais e outras esferas públicas. Com algumas campanhas disruptivas, o bloqueio do silêncio foi furado e as vozes das vítimas deixaram aflorar a dor e a revolta reprimidas por tanto tempo.

Para além dos abusos sexuais, deve-se destacar que existem muitos outros tipos de condutas abusivas, tais como os abusos de poder e de consciência – tantas vezes baseados na dependência e na manipulação espiritual. Como se sabe, a cultura do abuso está calcada em milênios de um patriarcalismo violento e dominador que submete os corpos femininos, sob a roupagem de discursos paternalistas e pseudorreligiosos.

No mundo eclesial, a outra face do patriarcado é o clericalismo, tão acertadamente repudiado pelo Papa Bergoglio. Ou seja, o exercício da autoridade está quase toda atrelada ao sacramento da ordem, com acesso exclusivo aos homens. Como aponta Ivone Gebara, “as mulheres foram, no mundo monoteísta, exiladas da cultura e da produção de símbolos religiosos que expressavam sua experiência vital” (GEBARA, 2023, p. 75). Com toda a certeza, esse alijamento produziu e continua produzindo nefastos efeitos no funcionamento das comunidades eclesiais e, consequentemente, na prática cotidiana do cristianismo.

Como “a experiência das desigualdades é uma experiência moral” (DUBET, 2019, p. 73), as mulheres foram tratadas como menores, inferiores, subalternas. As mesas da Eucaristia e da Palavra que deveriam ser espaços de comunhão e libertação, foram interditadas para a participação plena das cristãs. Ademais, “as desigualdades são vividas como um desafio subjetivo, como um questionamento sobre meu próprio valor”, observa Dubet (2019, p. 74). E sem as pregadoras e as proclamadoras do Evangelho, a Palavra parece cerceada.

Com o fenômeno dos influenciadores digitais católicos, não se deve desconsiderar os abusos de poder e espirituais perpetrados pelas redes sociais. Poder-se-ia dizer que os abusadores não fazem acepção de meios. Ao contrário, o anonimato das redes ou o seu grande alcance facilitam e estimulam o cometimento de atos abusivos. Para Dom Joaquim Mol, “tais influenciadores constituem ‘bolhas eclesiais’ que alimentam um ‘magistério paralelo’ às autoridades eclesiais” (MEDEIROS, 2024, p. 41-42). Neste sentido assevera o bispo de Santos (SP):

“No âmbito católico, embora as mensagens dos últimos três pontífices incentivem os fiéis a desenvolverem iniciativas de evangelização nas mídias, e embora haja casos de pessoas que buscam dar um testemunho de vida cristã na rede, há influenciadores que se denominam ‘católicos’, mas que prestam um desserviço à comunidade cristã, disseminando dúvidas e divisão na Igreja por meio de notícias falsas, intolerância e discursos de ódio. Alguns desses influenciadores instrumentalizam ideias, ideais e valores cristãos para fins políticos, enquanto outros mercantilizam e barateiam conteúdos e símbolos da doutrina católica” (MEDEIROS, 2024, p. 40-41).

Mesmo com os inegáveis avanços das últimas décadas, o tema permanece um tabu e dificilmente é tratado de forma aberta. Se houve mudanças canônicas importantes, como o Motu Proprio “Vos Estis Lux Mundi”, publicado pelo Papa Francisco em 2019, ainda há muito por fazer. Reconhecer isso não significa de modo algum desconsiderar os esforços que têm sido feitos em alguns dicastérios, na vida religiosa consagrada, em várias conferências episcopais e tantas outras dioceses ao redor do mundo. Mas é preciso seguir avançando, em muitos casos, inclusive, com mais profundidade, empenho e honestidade.  

O Prior-Geral da Cartuxa, Dysmas de Lassus, ao tratar sobre os acidentes que poderiam ter sido evitados, recorda que “enquanto não há vítimas, nada muda, com o dinheiro sendo priorizado acima de tudo”. No tocante à Igreja, “o dinheiro não é o critério, o critério é a reputação” (LASSUS, 2024, p. 20-21). Quer dizer, muitas realidades e ambientes abusivos permanecem intocados e protegidos, sob o véu instransponível da imagem da instituição a ser preservada a todo custo.

Invariavelmente, a aversão ao escândalo é enorme. Todavia, o que ainda não foi compreendido por algumas partes da hierarquia católica é que fugir do escândalo revela-se quase sempre inócuo. Por mais que se tente camuflar e evitar de se falar das situações calamitosas, em algum momento virão à tona – na sociedade da informação, nada mais escapa. E então, será muito pior do que se se tivesse enfrentado com coragem, humildade e firmeza àquilo que não se pode mais evitar ou postergar. Afinal, “um risco claramente identificado apresenta muito menos perigos do que um risco escondido” (LASSUS, 2024, p. 19).

Como aponta o superior cartuxo, as comunidades religiosas “deveriam ajudar seus membros a encontrarem a liberdade interior na dádiva, no amor, no serviço, na plenitude do Espírito; como é possível que, às vezes, aconteça o contrário, acarretando a morte, em vez da vida?” (LASSUS, 2024, p. 17-18). Questionar-se, sem procurar respostas simplistas e superficiais, parece fundamental e inadiável. A esse respeito destaca o monge:

“A solução hoje passa por uma análise séria da situação. É preciso identificar as causas das derivas observadas, tentar entender os processos disfuncionais, os riscos existentes, os limites a não ultrapassar, as medidas de segurança a serem implementadas, a formação a ser oferecida, e as regulamentações institucionais a serem estabelecidas ou melhoradas” (LASSUS, 2024, p. 21).

Após a repercussões catastróficas nos Estados Unidos, Irlanda e noutros países –nos primeiros anos deste terceiro milênio –, congregações e obras religiosas apressaram-se para formular seus marcos internos e se adequar às exigências legais, dando assim um ar de que estão preparadas para lidar com essas questões. Acontece que meros “protocolos” e “políticas de cuidado” deveriam ser tão somente o passo inicial mais básico. Estancar aí, demonstra que ainda não se possui noção efetiva ou sensibilidade mínima da dimensão real dos abusos e seus terríveis efeitos.

De acordo com Frei Dysmas, “o ser humano não é menos influenciável hoje do que no passado, e o mecanismo de abuso de autoridade mostrou seu poder devastador nos dramas de abusos sexuais” (LASSUS, 2024, p. 25). Uma moral sexual rígida e com pouquíssima relevância na vida das juventudes, mesmo a católica, constitui um sinal preocupante de que o Catecismo e outros ensinamentos eclesiais precisam ser urgentemente reinterpretados à luz dos atuais tempos. Não se trata obviamente de se vergar aos modismos passageiros, mas sim de não colocar obstáculos para que a Palavra possa continuar se encarnando e produzindo toda a sua potencialidade, no aqui e agora da história.

Na mesma esteira, cabe outra indagação: tem se logrado desenvolver uma teologia dos votos religiosos que rompa com toda sorte de autoritarismo, legalismo estéril e puritanismo vazio? A tentação de se espiritualizar a humanidade ferida deve ser sempre confrontada com atenção, para desarmar as fugas alienantes. Nesses termos alerta o prior cartuxo sobre alguns mecanismos da vida religiosa, que podem ser pervertidos ou instrumentalizados:

“Assim, as formas de domínio e de abuso espiritual, quando se reproduzem na vida consagrada, não são tão diferentes. A sua especificidade reside nas ferramentas utilizadas, aquelas que a vida consagrada oferece. O respeito pela autoridade, sacralizado pelo voto, o desejo de união entre todos, manifestado no testamento pascal de Jesus, as expressões nupciais da união com Deus encontradas em grandes místicos, a humildade, o sacrifício, a renúncia, a conversão, a pobreza: todas essas dimensões da vida consagrada podem ser desviadas de seu propósito e colocadas a serviço de uma enfermidade que parece o câncer. Este último não é uma degeneração, mas sim uma vida que se descontrola em uma multiplicação desordenada e acaba se tornando tóxica. Como as dimensões fundamentais da vida consagrada podem se tornar tóxicas?” (LASSUS, 2024, p. 23).

A propósito, a possibilidade de se discordar e criticar, sem medo de represálias ou punições, demonstra-se como uma característica imprescindível na construção de ambientes saudáveis e francos – não só na vida consagrada, mas também nas comunidades eclesiais, em que a figura do presbítero geralmente se impõe como inquestionável. Evidentemente, a vontade de Deus não se exprime apenas pelo superior, pelo padre ou pela priora e diretora. A Igreja é multidiversa, formada por todos os batizados e batizadas, com sua inolvidável dignidade própria.

Sem desprezar a riqueza de antigas e preciosas tradições espirituais, para que permaneçam fazendo sentido precisam ser discernidas conforme as “circunstâncias de tempos, pessoas e lugares” – uma fórmula bastante utilizada por Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus. Fazer porque “sempre se fez assim”, não serve mais para uma cultura cada vez mais forjada em uma sociedade democrática e menos vertical.

Infelizmente, algumas autoridades eclesiásticas se sentem inseguras e ameaçadas quando são confrontadas por posições divergentes, ainda que respeitosas e bem fundamentadas. Confundem liberdade de pensamento crítico com desobediência ou rebeldia. Nesses casos, há que se perguntar se a fragilidade está efetivamente em quem ousa discordar ou em que não admite ser criticado.

Quantas vezes as lideranças leigas de uma comunidade – na sua grande maioria mulheres – continuam sendo arrogantemente ultrajadas por decisões clericais de padres misóginos e autoritários? Mesmo após o Sínodo sobre Sinodalidade, os órgãos colegiados de pastoral seguem meramente consultivos, sem qualquer espaço para discussão e corresponsabilidade. Leigos críticos e bem formados são marginalizados e menosprezados nas estruturas paroquiais, cada vez mais clericalizadas.

Quantas são as ocasiões em que as religiosas permanecem sendo tratadas como auxiliares figurativas do pároco, que é aquele que detém a palavra final, não só sobre questões sacramentais, mas também sobre assuntos pastorais e financeiro-administrativos? São tolhidas tanto na sua liberdade de manifestação, como ainda nos meios de sustentabilidade econômica e no baixíssimo investimento em sua formação. Até quando?

Enfrentar os abusos passa por se confrontar com seriedade com tais questões e não apenas – mas também – com os casos de escândalos sexuais. Conforme ensina Gebara, sem a corajosa resistência das “mulheres da Igreja”, os danos de um degenerado patriarcado seriam muito piores:

“Falar de um ‘para além da perspectiva sexista masculina’ é admitir que, por um lado, as religiões, sobretudo as monoteístas, sancionaram a dominação sexual e cultural das mulheres e forneceram elementos às múltiplas repressões aos corpos femininos. Porém, por outro lado, houve muitas reações de mulheres que se insurgiram contra a misoginia das doutrinas religiosas justificadoras também da exploração econômica e social dos corpos das mulheres” (GEBARA, 2023, p. 76-77).

Reconhecer tais privilégios e distorções que fundamentam o exercício da autoridade masculino-clerical não significa que não podem ser descobertos outros modelos sadios de masculinidade. Não só podem, como precisam ser construídas outras concepções de como ser um “homem da Igreja”. Considerando as limitações próprias de uma sociedade daquela época, Jesus de Nazaré pode ser um bom farol nessa busca.

Frei Betto afirma que Jesus foi um dissidente que levou a sua Boa Nova até a radicalidade da ruptura com as estruturas de seu tempo. E assim quis “implantar, na Terra, o Reino dos Céus (que a vontade divina seja feita na Terra como é no Céu); ou seja, o mundo de justiça e paz querido por Deus” (BETTO, 2024, p. 16). Por isso, deve-se “respeitar todas as religiões, mas rejeitar – inclusive em certos segmentos cristãos – aquelas que pregam a negação dos direitos humanos ou do fundamentalismo que coloca a letra acima do espírito ou o legalismo acima da vida” (BETTO, 2024, p. 16).

É preciso ser fiel ao Deus das rupturas, que rejeita toda forma de exploração e dominação de uns sobre os outros, dos “homens da Igreja” sobre as “mulheres da Igreja”, dos ordenados sobre as não-ordenadas, dos abusadores relativamente às abusadas. Romper com uma visão estereotipada em que “as mulheres foram colocadas à margem da produção simbólica religiosa pública e integradas apenas como consumidoras submissas ou serviçais nas igrejas” (GEBARA, 2023, p. 98).

Para alargar as gretas e frestas, já abertas por gerações de seguidoras de Jesus, que vem testemunhando um cristianismo radical na esperança, o próprio modelo formativo dos seminários e casas de formação precisa ser revisto com ousadia. Um primeiro passo seria se aproximar da teologia feminista e suas valiosas autoras. Seria romper um outro tabu, porque em amplos setores eclesiais o feminismo parece uma blasfêmia inominável. Nada mais do que ignorância e preconceito. Não se pode prescindir da irreverência vivaz do feminismo teológico, para ajudar a pensar muito além dos esquemas carcomidos que não respondem mais.

O feminismo, em linhas gerais – tendo presente sua imensa variedade de vertentes –, luta pela garantia do respeito e da dignidade das mulheres. Já o machismo e o clericalismo violam e oprimem essa dignidade, ferindo e até mesmo matando a própria Vida que pulsa nos corpos-femininos. Por isso, o tempo em que a Igreja temeu o feminismo precisa chegar ao fim. Mesmo porque temer o feminismo seria temer as próprias mulheres, o que seria inaceitável para a fé cristã.

Pelas mãos das teólogas feministas – e também não feministas – o caminho de desconstrução poderá se aprofundar, sem falsos esquemas ou relativizações confortáveis. Nesta lógica pontua aquela que é uma das matriarcas do feminismo teológico no Brasil:

“Acredito que não haja certezas imutáveis na história humana. Não há caminhos pré-estabelecidos ou fixos para sempre. O que está neste grande e complexo deserto de nossa vida cheio de belas surpresas é a esperança de um oásis a ser encontrado mais adiante ou talvez, um abraço de cumplicidade na frágil e infinita sede de amor que nunca nos abandona” (GEBARA, 2023, p. 71).

Vale frisar que não se ignora que os abusadores, no seio da Igreja, não são apenas homens ordenados – apesar de serem estes a maioria dos casos. Tristemente, também existem religiosas abusivas, leigas abusivas, comunidades eclesiais abusivas. Não existem “soluções mágicas”, nem mudanças rápidas. Mas nem por isso pode-se permanecer em uma postura defensiva e corporativista, que busca transferir responsabilidades a terceiros, eximindo-se covardemente do peso do sofrimento causado a pessoas inocentes.

Passou da hora de assumir as concretas responsabilidades, além de uma postura mais penitencial e envergonhada diante de tais casos. É preciso transparecer arrependimento sincero e compungido. Não se pode negligenciar o fato de que, não bastasse se tratar de um pecado grave, em muitas situações esses atos abusivos são também crimes. Por isso, deve-se rejeitar o discurso de “falsa misericórdia” para com os abusadores, para assim se evitar a responsabilização dos envolvidos. A prioridade deve ser sempre a vítima, a primeira que deve ser enxergada com efetiva misericórdia.

Uma espiritualização hipócrita das violações e dos violadores nunca será o verdadeiro caminho de cura e reconciliação. A paz exige que se enfrente o ocorrido, reconhecendo-se o sofrimento causado e buscando a reparação dos danos infligidos. A relação de confiança, comumente abalada em tais contextos, impõe ainda à instituição e suas autoridades, que se adote um modo de proceder totalmente transparente e assertivo, sem meias palavras e suavizações desrespeitosas. A credibilidade futura da Igreja e de sua hierarquia depende dessa ação reta e íntegra.

Talvez em um mundo com menos certezas masculinas e visões dogmáticas clericalistas, então os abusos serão menos frequentes e tolerados. Para tanto, é imprescindível se abrir para o Amor. Porque quem ama admite a fragilidade e só quem é frágil permite se corrigir e enfrentar suas obscuridades. É preciso passar de uma Igreja-mestra para uma Igreja-aprendiz que se abra a outros modelos de exercício de autoridade, sem autoritarismos, violências ou imposições senhoriais.

Jesus se esvaziou e se fez pura pequenez indefesa – radical encarnação. Que no seguimento cristão haja mais espaço para a manjedoura e menos para o trono-cátedra! Se o clericalismo machista violenta e oprime, o feminismo descontrói e reafirma a mesma dignidade entre homens e mulheres. No tempo do Expectativa, vale sonhar com uma Igreja mais feminista e menos abusiva, nos moldes do Mestre Jesus, o Deus feito Ternura.

Referências

BETTO, Frei. Jesus rebelde: Mateus, o Evangelho da ruptura. Petrópolis: Vozes, 2024.

FRANCISCO, Papa. Carta Encíclica Dilexit nos. São Paulo: Loyola, 2024.

GEBARA, Ivone. Caminhos para compreender a Teologia Feminista. São Paulo: Editora Recriar, 2023.

LASSUS, Dysmas de. Um Amor Ferido: Abusos na Vida Consagrada e Caminhos para a Cura. São Paulo: Editora Mensageiros, 2024.

MEDEIROS, Fernanda de Faria et al. Influenciadores digitais católicos: efeitos e perspectivas. São Paulo: Ideias & Letras, Paulus, 2024.

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