18 Setembro 2024
A segunda sessão do Sínodo dos Bispos, assim como a primeira, será precedida por dois dias de retiro espiritual. E, em comparação com o ano passado, haverá uma vigília penitencial, aberta aos jovens, que começará com três testemunhos de pessoas que sofreram o pecado dos abusos, o pecado da guerra e o pecado da indiferença diante do drama presente no fenômeno crescente de todas as migrações. Isso foi anunciado ontem pelo Cardeal Mario Grech, Secretário Geral da Secretaria Geral do Sínodo, durante a coletiva de imprensa de apresentação do evento.
A reportagem é de Gianni Cardinale, publicada por Avvenire, 17-09-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Também estarão presentes dois bispos chineses nesta segunda sessão, programada de 2 a 27 de outubro no Vaticano. “A lista de participantes da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos não apresenta grandes mudanças em relação à lista de participantes da primeira sessão”, especificou o cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo e relator geral. No total, são 368 membros, 272 dos quais investidos do munus episcopal e 96 não-bispos, aos quais devem ser somados os oito convidados especiais – entre os quais, como na primeira sessão, Luca Casarini, um dos fundadores da Mediterranea Saving Humans - e os delegados fraternos, que aumentaram de 12 para 16 (haverá também um representante da Igreja Ortodoxa Síria e um da Federação Luterana Mundial, mas continuará faltando o representante do Patriarcado de Moscou).
“O Papa Francisco permitiu aumentar o seu número por causa do grande interesse que as Igrejas irmãs demonstraram em relação ao caminho sinodal”, explicou Hollerich, “pode-se ver que o Sínodo tem um impacto ecumênico”. De 30 de setembro a 1º de outubro, o Pe. Timothy Radcliffe e a Madre Ignazia Angelini conduzirão o retiro dos participantes do Sínodo, como fizeram no ano passado, e depois continuarão a animar a oração durante os dias do Sínodo, juntamente com o Pe. Matteo Ferrari, responsável pelas liturgias, e os monges de Camaldoli. A vigília penitencial que concluirá o retiro de dois dias será presidida pelo Papa na noite de 1º de outubro na Basílica de São Pedro. “O evento, organizado conjuntamente pela Secretaria Geral do Sínodo e pela diocese de Roma, em colaboração com a União Internacional das Superioras Gerais e a União dos Superiores Gerais, estará aberto à participação de todos, especialmente dos jovens, que sempre nos lembram o quanto a proclamação do Evangelho deve ser acompanhada por um testemunho crível, que eles, em primeiro lugar, desejam oferecer ao mundo junto conosco”, explicou Grech. “Não se tratará - esclareceu o cardeal maltês - de denunciar o pecado dos outros, mas de nos reconhecermos como parte daqueles que, por ação ou, no mínimo, por omissão, se tornam a causa do sofrimento sofrido por inocentes e indefesos”.
Além do pecado dos abusos, serão confessados os pecados contra a paz, contra a criação, as populações indígenas e os migrantes, contra as mulheres, a família, os jovens, o pecado “da doutrina usada como pedra a ser atirada”, o pecado contra a pobreza e o pecado “contra a sinodalidade/falta de escuta, comunhão e participação de todos”. Ao final dessa confissão de pecados, o Papa Francisco “dirigirá, em nome de todos os cristãos, um pedido de perdão a Deus e às irmãs e aos irmãos de toda a humanidade”.
Uma vez iniciado o Sínodo, na noite de 11 de outubro haverá a experiência de uma oração ecumênica junto com o Papa, os Delegados Fraternos presentes na Sala do Sínodo e vários outros representantes de Igrejas e comunidades eclesiais presentes em Roma, em colaboração com os irmãos da Comunidade de Taizé. O local escolhido é a Piazza dei Protomartiri, onde, segundo uma tradição imemorial, o apóstolo Pedro foi martirizado. A data foi escolhida para comemorar o dia 11 de outubro, de 62 anos atrás, quando foi solenemente aberto o Concílio Vaticano II, “que inaugurou para a Igreja Católica”, ressaltou Grech, “uma nova época ecumênica, da qual o atual Sínodo é expressão e testemunho, no desejo efetivo de ajudar toda a Igreja a avançar no caminho da plena unidade”. Em comparação com a primeira sessão dos trabalhos, houve 26 mudanças na lista de participantes. “Alguns não estarão presentes por motivos de saúde, outros decidiram não retornar, mas não houve nenhum caso em que o Papa tenha excluído alguém, foram todas decisões tomadas pelos interessados”, explicou Grech.
Os bispos da Conferência Episcopal Italiana que participarão serão os mesmos do ano passado: Roberto Repole, Franco Giulio Brambilla, Bruno Forte, Domenico Battaglia, Mario Delpini (eleitos) e depois Erio Castellucci e Antonello Mura (nomeados pelo Papa). O Cardeal Presidente Matteo Zuppi participará como membro do Conselho Ordinário. Paolo Ruffini, Prefeito do Dicastério para a Comunicação e Presidente da Comissão para a Informação do Sínodo dos Bispos, reiterou que a obrigação de confidencialidade permanece também na próxima sessão.
Nas tardes de 9 e 16 de outubro, haverá quatro “fóruns teológico-pastorais” - abertos ao público - nos quais serão apresentados, sob diferentes perspectivas, alguns aspectos dos quatro temas relevantes para o caminho da Assembleia. Um novo dia de retiro espiritual está programado para 21 de outubro, em vista do discernimento sobre a minuta do documento final. O padre Giacomo Costa, secretário especial do Sínodo, explicou que os trabalhos sinodais serão divididos em cinco módulos, cada um dos quais prevê sessões na assembleia plenária (congregações gerais) e nos grupos de trabalho, que se alternarão. Cada um dos quatro primeiros módulos terá um foco temático específico, constituído por uma seção do Instrumentum Laboris, enquanto o módulo final será dedicado à discussão e aprovação do documento final a ser submetido ao Papa, “a quem cabe decidir as modalidades com que o relançar para toda a Igreja”. “Em cada módulo, o trabalho dos grupos será estruturado inspirando-se no método de conversação no Espírito, já utilizado na primeira sessão”, explicou Costa, ressaltando que cada grupo de trabalho terá um facilitador especializado.
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“Em oração pelos pecados da Igreja”. É assim que a escuta das vítimas abrirá o Sínodo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU