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08 Julho 2024

"Pelos irmãos e irmãs detidos nos centros de detenção, pelos desaparecidos no deserto, pelos que estão no mar. Para que Deus nos dê forças para continuar a procurá-los, para não os abandonar à loucura humana", escreve Luca Casarini em artigo publicado por l'Unità, 04-07-2024. A tradução é de Luisa Rabolini. 

Luca Casarini é líder histórico dos Centros Sociais, dos No Globals italianos e dos Desobedientes do G8, em Gênova, hoje na vanguarda da ajuda aos migrantes com a ONG Mediterranea Saving Humans.

Eis o artigo.

A mão do Papa Francisco estava tocando aquela cicatriz que atravessa todo o braço de Ibrahima. E durante longos minutos de silêncio, aquele gesto preencheu o gelo da dor que todos respiramos ao ouvir o relato da tortura. Ela não roçava a cicatriz, como se quisesse sentir os contornos, nem se movia ao longo de sua extensão. Francisco apertava a mão sobre aquele corte cicatrizado, cobrindo-o com toda a palma. Ele abraçava a cicatriz, para torná-la sua. Já não havia mais necessidade de o jovem escritor senegalês, torturado nos campos de concentração líbios e que depois conseguiu fugir por mar, descrevesse mais nada. O Papa, de cabeça baixa e olhos fechados, estava tocando aquela dor, entrava nela. “Causaram feridas nas suas almas, além daquelas que marcam para sempre os seus corpos”, diz Francisco, erguendo os olhos velados pelas lágrimas. Sentados em círculo à sua volta, no átrio de Santa Marta onde o Santo Padre recebe os visitantes, ficamos petrificados.

“E, no entanto, somos todos irmãos, todos irmãos… Somos todos irmãos, não devemos perder a esperança!”

Uma frase em voz baixa com a força de um grito, para repetir em primeiro lugar para si mesmo uma verdade que se choca, a cada dia, a cada segundo, com a realidade deste mundo, que é o seu oposto. A realidade tão crua quanto a carne cortada por uma faca em brasa, que joga na tua cara, escarnecendo, o horror. A frase sussurrada por Francisco parece aquele: “Abba, Pai!” que Cristo invoca na cruz quando, por um instante, ele também parece ter perdido a esperança.

Ibrahima tira os óculos e passa a outra mão no rosto riscado pelas lágrimas. A ferida na alma é mais difícil de curar. Diante dele, à esquerda de Francisco, está sentado outro rapaz, da Gâmbia. O nome dele é Ebrima Kuyateh e atravessou meia África para acabar no inferno da Líbia. “Foi lá, caro pai, onde me venderam como escravo”. Ele o chama de pai, justamente como um filho faria com seu pai, enquanto se dirige ao pontífice.

A história das torturas contada por Ibrahima despertou nele o pesadelo, os monstros. “Os militares capturaram-nos e depois disseram-nos que tínhamos sido vendidos como escravos, que a nossa vida já não era mais nossa, mas de um dono que tinha pago”. Ele também escreveu um livro – Io e i miei piedi nudi: storia di un viaggio (Eu e meus pés descalços: história de uma viagem, 166 páginas, Ed. Tau) –, levantou-se e entregou-o ao Papa.

“Obrigado pai, obrigado por tudo. Obrigado pelas suas orações, por nunca nos ter esquecido". Ele treme, leva a mão aos olhos, respira com força. A emoção dessas testemunhas do nosso tempo é enorme, palpável. E o amor com que Francisco olha para eles e os escuta é ainda maior. O papa tem nas mãos os livros, o de Ibrahima Lo, intitulado Pane e acqua, e o de Ebrima. Diz o Papa: “Eles são as testemunhas do que está acontecendo no Mediterrâneo, que foi transformado num cemitério”.

Francisco volta o olhar para o outro lado da sala, onde estão sentados Dom Mattia e Pato. “Pato, como você está agora? Você encontrou um emprego? Eles te entregaram os documentos?” Pato é o jovem que perdeu a esposa e a filha no deserto, mortas pela deportação. Aquela foto deu a volta ao mundo e mostrou o que significa deportar. Fazer morrer de sede uma menininha, ao lado da mãe. Fazer pensar em suicídio o jovem pai, milagrosamente vivo, mas condenado por aquela terrível imagem. A deportação para o deserto causa mais mortes que o mar. É a técnica adotada pelos regimes aos quais a União Europeia e a Itália pedem para deter os migrantes em troca de dinheiro e contratos.

A deportação para o deserto é uma técnica mais eficaz do que os campos de concentração e os centros de detenção. São levados à noite, mulheres, homens e crianças são deixados nas dunas desoladas na fronteira com a Líbia e a Argélia se a Tunísia o fizer, na fronteira com a Mauritânia no caso do Marrocos, sem água nem alimentos. Os cadáveres logo se dissolvem, virando areia que se mistura com outra areia. Os rastros desaparecem rapidamente, mas afinal, quem os procura? Não há navios de resgate no deserto. “Santo Padre, estou bem. Estou em Treviso agora, mas ainda não me entregaram os documentos e por isso não posso trabalhar” – responde Pato. “Você sabe que tenho sua filha, sua esposa, em meu coração, e penso em você também”.

Francisco agora se dirige a nós: “Digam-me o que devo fazer para ajudar”.

Conversamos sobre isso, sobre como ajudar uns e outros. Essas “testemunhas” sempre repetem “obrigado”. Obrigado ao Papa Francisco, obrigado a nós, obrigado à Itália. Esse “obrigado” antes de qualquer outra palavra parece lançar uma mensagem: em todo o horror que vivemos, ainda assim vemos muitas coisas pelas quais agradecer. E aqui, bem no meio deste encontro extraordinário, que ressoa dentro de nós, a resposta àquela disputa entre a verdade sussurrada pelo Papa - “e, no entanto, somos todos irmãos, todos..." e a realidade criada pelo homem, pelas suas políticas, pelo seu poder, pela sua lógica que provocam tanto sofrimento: existe o mal, e muito, mas também existe o bem que faz agradecer, apesar de tudo. E a mensagem das testemunhas é que esse “bem”, essa fraternidade, essa solidariedade, são mais fortes que todo o mal. Porque vale mais, vai ao fundo, enraíza-se, torna-se forma de vida. Poderíamos dizer, usando categorias filosóficas, políticas e não teológicas, que se trata do princípio da “inversão”, segundo o qual a realidade da dominação, da violência, da opressão contra os mais fracos, deve ser invertida e usada precisamente para construir as práticas de libertação coletiva.

Diante de todos os planos cínicos, malignos e desumanos da rejeição dos migrantes e dos refugiados, uma multidão está organizando a sua “inversão”, e justamente esse mal, tão estruturado que se torna “política”, é a oportunidade de experimentar as mil formas do “bem”, que se baseia na fraternidade e não na exclusão.

“Santo Padre, agora que o encontro terminou, vamos fazer uma oração juntos.” A voz do padre Mattia Ferrari, último dos últimos nas hierarquias católicas, mas tão ligado ao primeiro dos primeiros, o Papa, que o chama de “o meu enfant terrible”, é doce, mas firme. “Faça-nos rezar, dom Mattia”, diz Francisco. "Eu? Mas não, Santo Padre, o senhor está aqui...". “Dom Mattia, você conduz, nós lhe seguimos”, responde Francisco, num gesto com o qual quer sublinhar como gostaria a sua Igreja, onde os últimos são os primeiros. Nós nos levantamos, damos as mãos e oramos.

Pelos irmãos e irmãs detidos nos centros de detenção, pelos desaparecidos no deserto, pelos que estão no mar. Para que Deus nos dê forças para continuar a procurá-los, para não os abandonar à loucura humana.

Irmãos todos, todos, todos. 

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